Um recurso natural que parece tão farto por simplesmente sair pela torneira de casa ou cair do céu em forma de chuva. Não! Não se deixe enganar por essa visão sobre a água. É fundamental entender a relação que todos nós, de maneira geral, temos com essa substância tão preciosa e importante para a vida, mas ao mesmo tempo tão maltratada e desperdiçada.
Crise da água em São Paulo
A atual crise de abastecimento que vive a cidade de São Paulo e regiões vizinhas é um momento para lá de propício para rever a nossa relação com a água. Parafraseando um dito bem conhecido no Brasil, já “não adianta chorar à agua desperdiçada” pela má distribuição e uso inadequados. Mas ainda há tempo de mudar nossos hábitos, pensando não apenas no hoje, mas, sobretudo, na água que nossos filhos e netos poderão desfrutar amanhã.
O que a maior metrópole sul-americana vive hoje, pode se tornar ainda mais comum em um futuro próximo. Se cada um não fizer a sua parte (poder público e sociedade) e entender, de fato, a importância desse precioso recurso natural, sentiremos “na pele” as graves consequências que a falta dele pode gerar.
Muito além das campanhas e multas
A questão da água vai muito além dos slogans comerciais das campanhas promovidas pela Sabesp, companhia que fornece água para a metrópole paulista: “Água: sabendo usar, não vai faltar”, ou “Usando bem, ninguém fica sem”; vai além das multas que o governo quer cobrar pelo consumo excessivo de água; vai inclusive além dos pequenos hábitos que ajudam e muito a reduzir o consumo de água e fazê-lo de forma mais responsável e sustentável (banhos mais curtos, formas diversas de reutilização, torneira fechada enquanto escova os dentes, etc.).
O imediatismo da atualidade nos condiciona a pensar sempre no hoje, sem, contudo, promover uma reflexão a respeito das consequências que as nossas atitudes do presente terão no amanhã. Situações como a que a cidade de São Paulo está vivendo são, porém, um convite para repensarmos nosso estilo de vida, procurando vê-lo em um contexto mais amplo e antes que as consequências dos nossos atos deem um xeque-mate no jogo da vida.
Mudar, pensando nos outros
Apesar de cada cidadão ser chamado a fazer sua parte, é preciso, de uma vez por todas, pensar no coletivo, abandonando o egoísmo e o individualismo que marcam a vida moderna.
Se há uma lição que essa crise de abastecimento nos deixa – entre outras coisas – é a de mostrar o quão frágil é a existência humana, uma vez que a vida é simplesmente inconcebível sem a água (tente-se imaginar sem acesso à agua potável, para começar). Porém, também podemos aprender mais sobre o potencial das ações coletivas na resolução de problemas, não apenas em relação à água, mas também diante dos demais recursos oferecidos pela natureza – e usados de forma insustentável pela humanidade.
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Rodrigo Borges Delfim, formado em jornalismo pela PUC-SP em 2009, trabalha atualmente na área de Novas Mídias do portal UOL. Interessado em Mobilidade Humana, Políticas Públicas e Religião, desde outubro de 2012 mantém o blog MigraMundo para debater e abordar migrações em geral. É também participante da Legião de Maria, movimento leigo da Igreja Católica, desde 1999.