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Viajar: percorrer, peregrinar, sonhar, desvairar |Ana Elisa Bersani

Viajar

Hoje decidi ficar em casa pela manhã. Tomar o meu tempo, desacelerado e em perfeita oposição ao resto do mundo, para arrumar a cama, tomar o café – em casa e de pijamas -, meditar um pouco, rezar. A neve está caindo lá fora, e essa foi a perfeita desculpa para uma manhã no melhor estilo “urso hibernado”. Tomei tempo também para me atualizar um pouquinho da vida dos amigos que andam por aí de férias em terras mais quentes, muito mais quentes. É fácil se perder pelas tantas fotos de verão que circulam pela rede. Férias, tempo de viajar, de cruzar fronteiras, navegar outros mares!

Eu, continuo aqui, me protegendo frio, em meio as cobertas do meu quarto, mas  também me permiti a viagem. Ainda que curta, nos poucos minutos que me restam antes que dê a hora de sair do casulo direto pra vida real, a viagem sempre vale a pena.

Pra fora, ou pra dentro, viajar é sempre bom!

ViajarSe vamos viajar pra fora, somos impulsionados em direção ao novo, ao desconhecido, ao outro. Somos surpreendidos, pois nos deparamos com novas possibilidades, o horizonte se amplia e deixamos de habitar o centro, justamente para podermos nos aproximar desse estranho. Podemos ainda, se formos mais ousados, tomar humildemente o lugar do outro e experimentar a infinita diversidade dos mundos exteriores. Um aprendizado humano, imprescindível na busca do entendimento recíproco e do respeito ao próximo.

Se vamos viajar para dentro, podemos explorar como estrangeiros o que de alguma forma se tornou familiar, mas, depois de um olhar mais cuidadoso, se revela tão misterioso como as espécies mais exóticas, ou os povos do oriente distante. Visitar as margens de nós mesmos não é assim tarefa evidente. É uma viagem que demanda empenho. É ir ao encontro de si para se distanciar de si, para questionar-se. Ao descobrir o mundo interior assumimos a necessidade de buscar o que está fora, pois nos percebemos insuficientes. Apesar de únicos, somos pequenos e a nossa singularidade tão limitada, se isolada.

Talvez seja esse fascinante movimento de fora-pra-dentro e de dentro-pra-fora que chamamos de viagem. Que alegria terminar um ano ou começar um outro assim: viajando! Para acertar os ponteiros da vida que viemos levando erradamente, para energizar, equilibrar o corpo, abrir a mente, mudar o foco, nos recolocar. Ao longo da vida e desse ano novo ainda quase intacto, espero que continuemos viajando em busca das novas possibilidades e mudanças de rumo.

ana elisa As horas: reflexões sobre a relevância do tempo no cotidiano das nossas vidas | Ana Elisa BersaniAna Elisa Bersani – Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), em 2010, é mestranda em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Com especial interesse nas áreas de Antropologia do Desenvolvimento e da Ajuda Humanitária, desenvolve pesquisa com ênfase em contextos de crise e pós-desastre. Tendo realizado pesquisa de campo no Haiti, integra, atualmente, o conjunto de Visiting Students do MIT Anthropology (Massachusetts Institute of Technology) em Boston, Estados Unidos.

Minimalista: uma vida que vale mais, com menos coisas | Mariana Assis

Minimalista

Quantas pessoas você conhece que não estão felizes em seus empregos? Que compram coisas que nem chegam a usar, tentando preencher um vazio que sentem em suas vidas?

Imagine se essas pessoas pudessem ter apenas uma mochila com as coisas essenciais para sua sobrevivência, e vivessem viajando, estando, em cada trimestre, em um lugar diferente? Ou então, se pudessem deixar seus empregos para fazerem o que realmente gostam?

A descoberta de uma vida minimalista

Fazer escolhas de vida, como as descritas acima, pode parecer loucura, mas não é. Existem pessoas que têm buscado viver, tentando descobrir o que as realiza realmente. Os resultados são muito interessantes.

No processo de reflexão sobre como seria uma vida ideal, essas pessoas acabam concluindo que os bens materiais não são tão essenciais como pensavam; que o ser é mais importante que o ter e, assim, começam a se desfazer daquilo que é supérfluo. Além disso, elas também entendem que a cultura de promoção da carreira profissional e do salário de dois dígitos não é a única possibilidade de ter uma vida confortável ou ser uma pessoa bem sucedida.

Estas pessoas se denominam minimalistas e buscam se libertar do consumismo exacerbado, da sobrecarga de trabalho, da culpa de não ter tempo suficiente para família, etc.

Conciliando a vida minimalista com a vida online

Muitas daqueles que relatam suas experiências sobre as tentativas de adotarem o estilo de vida minimalista dizem que, uma das primeiras mudanças, é a escolha de não ter mais televisão e internet em suas casas.

MinimalistaJoshua Millburn, um minimalista famoso nos Estados Unidos, conta que ele já não tinha TV há um tempo e decidiu desligar também a conexão de internet em sua casa. A partir de então, ele conta, passou a fazer coisas mais significativas como escrever, fazer trabalho voluntário, estabelecer conexões com pessoas novas e reforçar os relacionamentos já existentes, ao invés de perder muito tempo na internet.

Em alguns dos meus posts aqui no Além do Bit eu propus reflexões sobre como viver um equilíbrio entre a vida online e off-line. Acredito que a internet não é maléfica para deixar de ser utilizada. O minimalista Joshua, por exemplo, conquistou mais de 100.000 leitores que recebem frequentemente as atualizações do seu blog sobre seus experimentos. Também uma das suas fontes de renda são os cursos on-line de como escrever melhor, que ele ministra durante o ano.

A internet não é um mal, assim como os doces também não são. Mas, quando você tem uma dieta baseada somente em doces, você fica doente e engorda em pouquíssimo tempo.

É possível se desconectar assim?

Não acho que todos nós precisamos nos desfazer da internet ou da televisão. Mais do que isso, é importante repensar como estamos utilizando nosso tempo online.

Fiz a experiência de, por uma semana, controlar quanto tempo gastava lendo e-mails, acessando o facebook e assistindo vídeos no youtube. Fiquei um pouco assustada quando percebi que estava gastando quase um terço do dia com essas coisas.

MinimalistaEntão, decidi fazer algumas mudanças no meu estilo de vida, como por exemplo, ter um horário para ler e-mails e acessar as redes sociais apenas uma vez por dia. Admito que às vezes acabo acessando o facebook mais de uma vez, ou então, fico preocupada com a possibilidade de ter algum e-mail importante e urgente para eu responder. Mesmo assim, percebi que tenho conseguido ter mais espaço na agenda para coisas que eu sempre quis fazer, mas nunca conseguia porque não tinha “tempo”. Escrever para o Além do Bit é uma delas.

Buscando estar mais em contato com os outros, fui trabalhar em um café que oferecia internet, ao invés de ficar trabalhando isolada em casa. Lá conheci o Cid, um empreendedor que trabalha na área de tecnologia há 30 anos. Tivemos uma conversa muito prazerosa e inspiradora, tão boa que até perdi a hora para um compromisso.

A felicidade dos encontros

Como o Valter Hugo Muniz já comentou em um dos seus textos, somos seres comunitários e nos tornamos assim para aumentar nossas chances de sobrevivência.

Na pré-história, as ameaças eram os animais selvagens, a escassez de comida, outras tribos violentas querendo conquistar territórios.  Hoje, as ameaças são talvez menos perigosas, mas a vida em comunhão ainda nos atrai e nos realiza como nenhuma outra experiência.

Somos comunitários porque é na relação com o outro que nos realizamos e vivemos os melhores momentos das nossas vidas. A tecnologia deveria ser sempre coadjuvante e não protagonista nas nossas vidas, sendo utilizada para fazer crescer os relacionamentos e as conexões interpessoais e não para extingui-los.

Não se esqueçam de aproveitar seus momentos off-line!
Até a próxima sexta .

eLe

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mariana Sistema de computador: porque não usá lo | Mariana Assis  Mariana Redondo de Assis – Formada em Sistemas de Informação pela Universidade São Judas Tadeu em 2005, concluiu em 2010 a pós graduação em Engenheira de Software pela Universidade de São Paulo (USP). Atua no mercado de TI há 11 anos, passando pelas áreas de suporte, desenvolvimento, projetos e pré-vendas. Atualmente é consultora de sistemas de gerenciamento de conteúdo na Thomson Reuters, responsável pelas plataformas de conteúdo para toda América Latina.

Inspiração: um exercício inconsciente em busca do outro | Rafael Volpe

Inspiração

Dentre as mais belas melodias já criadas pelos grandes compositores de todos os tempos e lugares, para mim, a mais impressionante é sempre aquela em que consigo fechar os olhos e sentir a inspiração do autor, como numa transição de suaves pensamentos e emoções. Claro que isso depende da forma com que cada um compreende as sensações, mas mesmo a mais simples e popular das canções nasceu de uma inspiração.

E o que é a inspiração?

Através da busca incansável para descobrir o significado do que chamamos “inspiração”, pude entender que construímos os nossos sonhos através de inspirações. Um arquiteto não constrói uma casa baseado em cimento e concreto, mas sim em inspirações, em ideias. Dessa mesma forma, um músico também não cria canções através de notas ou instrumentos, mas “ouvindo” sua inspiração. Algo que nasce de uma referência, mas que se transforma e se torna parte do novo.

De onde vem a inspiração?

Só quem já cantou alto no chuveiro e apenas quem já dançou sem se preocupar com nada, sabe o que é sentir a liberdade que traz a inspiração. Ela surge do inconsciente, de sonhos e pesadelos; acontece depois de momentos felizes e tristes; a inspiração nasce dos prazeres e da falta deles; da liberdade ou da abstinência dela. Não há inspiração no mundo que não venha de um acontecimento, de um movimento. Não há inspiração que não venha do outro. O outro é um coeficiente natural de uma equação onde inspiração, liberdade, sentimento e movimento se envolvem para resultar algo novo.

O que me inspira

InspiraçãoEu também busco novos sons e sensações, no meu dia-a-dia como compositor e produtor. Por exemplo, no trabalho que realizo em uma ONG em São Paulo, com crianças e adolescentes que encontram uma realidade diferente ao se abrir para a música e a poesia. Ou então em cada evento onde trabalho como DJ, executando hits que fazem a pista de dança ser a mais alegre possível. Mesmo em cada trilha sonora para filmes, jingles publicitários e obras audiovisuais, as quais procuro, de forma inusitada, criar sons que ninguém nunca ouviu. Cada passo, cada caminho é uma inspiração para criar novas possibilidades de inspirar-se.

Até mesmo um dos mais importantes filósofos dá Grécia Antiga procurou definir uma lei para a relação entre a inspiração e a música. Para Platão, “a música é uma lei moral. Ela dá alma ao universo, asas ao pensamento, um impulso à imaginação, um encanto à tristeza e charme e alegria à vida e todas as coisas”. A inspiração é uma luz que vai sempre ao encontro da harmonia entre sons, cores, imagens, detalhes, histórias, memórias vindas de todas as áreas do pensar, mas além de qualquer ponto, ela vem ao encontro do outro, porque quer, de alguma forma, tocá-lo.

E você, sabe o que te inspira?

volpe

Rafael Volpe – Formado em Piano Popular pela Fundação das Artes de São Caetano do Sul (FASCS) e Comunicação Social com ênfase em Radialismo pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Trabalha como Produtor e DJ em eventos, além de realizar oficinas musicais em projetos sociais. Já trabalhou em produtoras musicais e em emissoras de televisão, quanto também se especializou em Composição Musical pela Escola Internacional OMID de Música e Tecnologia.

Nelson Mandela: o homem que marcou a história do século XX | Ana Elisa Bersani

Nelson Mandela

Eu, que estava em vias de terminar o meu texto desse mês para o eLe , não pude deixar de escrever essa breve nota sobre o falecimento de Nelson Mandela e compartilhar com vocês mais essa homenagem ao grande homem, líder da luta anti-apartheid na África do Sul, que marcou profundamente a história do século XX.

Durante os dois últimos anos, Nelson Mandela esteve internado várias vezes por conta de uma infecção pulmonar grave, recorrência da tuberculose que contraiu nos anos de prisão.  Apesar do esforço da família e do governo sul-africano em preparar a população para esse momento, no dia 5 de dezembro, a notícia chegou aos nossos ouvidos acompanhada de uma profunda tristeza. O mundo ficava mais cinza, simplesmente porque, ainda que esperadas, são sempre tristes as partidas.

Ao ler as notícias que chegavam, me veio a memória, logo de pronto, a imagem de Nelson Mandela discursando sobre a liberdade, contra o racismo e a intolerância, no dia em que tomou posse da presidência da África do Sul. Assisti, mais uma vez, o vídeo desse momento tão importante na história da humanidade para relembra-las.

[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=grh03-NjHzc]

São belas as palavras que encontramos alí, é verdade. Mas, algo de maior impacto existia por trás do discurso que ele proferia em tom sério. Algo que fazia com que aquelas palavras deixassem de ser só palavras bonitas e transcendessem a linguagem verbal, chegando aos corações. Parece-me que esse “algo” que confere legitimidade incontestável ao que se diz é a própria vivência daquilo que se quer transmitir.

Nelson Mandela

A experiência dá vida às palavras da mesma forma que as palavras inspiram as vidas. Por isso, quando Nelson Mandela discursava as palavras ressoavam para além do valor racional daquelas ideias de igualdade, união – se pensarmos bem, não há muita racionalidade no advogar pelo perdão aos próprios algozes. É também por essa mesma razão que a sua vida e morte nos toca tanto.

Esse estadista é amado mundo afora e foi a peça chave no processo político sul-africano naquele momento, pois foi um grande unificador, negociando o fim do apartheid com o Governo do Partido Nacionalista. Depois de terminado o seu mandato de cinco anos como presidente, se retirou da política, em 1999, e passou a dedicar-se ao combate e a prevenção da AIDS; Luta a qual se sentia especialmente ligado em razão da morte do seu filho, vítima da doença.Foi a sua vida, mais do que qualquer descoberta genial ou ideia revolucionária, que fez desse homem tão mortal, como qualquer outro, um “ícone mundial”. Ele esteve preso durante 27 anos por lutar contra o regime segregacionista e antes de ser o primeiro presidente negro da África do Sul, eleito em 1994, foi prêmio Nobel da Paz (junto a Frederik de Klerk) por suas ações em favor da reconciliação entre negros e brancos, dois polos de uma divisão histórica profunda.

Nelson Mandela será sempre símbolo indispensável das lutas sociais pela liberdade. Sua coragem de viver concretamente por um ideal de unidade, até as últimas consequências, nos inspira não apenas à uma profunda admiração ao seu exemplo, mas nos motiva a seguir em frente, colocando em prática esse ideal!

ana elisa As horas: reflexões sobre a relevância do tempo no cotidiano das nossas vidas | Ana Elisa BersaniAna Elisa Bersani – Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), em 2010, é mestranda em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Com especial interesse nas áreas de Antropologia do Desenvolvimento e da Ajuda Humanitária, desenvolve pesquisa com ênfase em contextos de crise e pós-desastre. Tendo realizado pesquisa de campo no Haiti, integra, atualmente, o conjunto de Visiting Students do MIT Anthropology (Massachusetts Institute of Technology) em Boston, Estados Unidos.

Sistema de computador: porque não usá-lo | Mariana Assis

Sistema de computador

No nosso dia a dia lidamos, certamente, com algum tipo de sistema de computador. Estudando ou trabalhando e mesmo para resolver coisas pessoais, a utilização dessas poderosas ferramentas do século XX nem sempre é uma experiência prazerosa ou prática.

Quem nunca teve dificuldade para pagar uma conta pela internet? Sofreu para comprar um produto em uma loja virtual ou descarregar uma foto de seu dispositivo móvel no próprio computador? A lista de atividades que podem ser feitas pelo computador e que, devido a sua complexidade, acabam com a nossa paciência, é grande. Isso me faz pensar no que eu posso fazer, como profissional de tecnologia, para ajudar as pessoas a lidarem melhor com um sistema de computador.

Uma complexidade desconhecida

Sinto que as pessoas que não são da área de tecnologia têm dificuldade de entender porque os sistemas, muitas vezes, são tão ruins, ou levam tanto tempo para serem feitos; porque é tão difícil fazer com que os sistemas realizem tarefas que parecem bastante corriqueiras e simples para um ser humano. Eu costumo dizer para os meus clientes que precisamos considerar que o computador é uma ferramenta que não tem inteligência própria. Tudo que ele faz foi programado por um ser humano.

Desta forma, criar uma lista de instruções de algo básico,  para que um computador realize a tarefa,como escovar os dentes, por exemplo, torna-se extremamente complexo. São muitas variáveis que devem ser levadas em consideração, que nós, pela prática cotidiana, se quer pensamos quando estamos escovando os dentes: Qual a força deve ser colocada ao segurar a escova e ao apertar o tubo de pasta de dente? Qual o ângulo deve ser adotado para a escova no momento em que ela entra na nossa boca e toca os dentes? Qual a distância deve existir entre a escova e os dentes?

Claro que nós não precisamos de um computador para escovar nossos dentes. Utilizei um exemplo corriqueiro e simples para fazermos, juntos, um exercício de reflexão a respeito da complexidade existente no processo de criação de um sistema de computador.

Quando um sistema de computador atrapalha mais do que ajuda

Sistema de computador

Durante minha carreira profissional, já ouvi muitas reclamações de usuários dizendo que a implantação de um novo sistema de computador havia tornado seu trabalho mais difícil e demorado, contrariando o seu objetivo, que era agilizar e tornar mais eficiente e fácil o trabalho das pessoas.

Como isso acontece? Quando os sistemas atrapalham mais do que ajudam? A minha resposta é a seguinte: quando os profissionais de tecnologia não conseguem dialogar com seus usuários, ou seja, quando se esquecem de se colocar no lugar deles para, a partir daí, começar a compreender quais são as suas necessidades.

Claro que questões de prazo e custo dos projetos também influenciam o resultado final. Se eu tenho uma semana para desenvolver um sistema de computador, por mais simples que ele seja, corro um grande risco de que ele acabe se tornando um problema ao invés de uma solução.

Como evitar que isso aconteça

Sempre que alguém me pede para criar um novo sistema de computador, eu, antes de tudo, procuro entender o contexto no qual a pessoa quer inseri-lo, quais as informações e por qual motivo elas estão sendo geradas. Também procuro identificar quem realiza as atividades que serão gerenciadas pelo sistema. Isto é, de maneira global, procuro identificar quem são as pessoas por trás dos processos; quais as suas necessidades, dificuldades, para que o sistema seja um projeto para, acima de tudo, auxiliá-las. Alguns programadores não gostam desta abordagem e preferem pular esta etapa e iniciar imediatamente o desenvolvimento, ou seja, a escrita do código do sistema de computador.

Porém, o que vejo acontecer em 90% dos casos nos quais os programadores não se importaram em entender as demandas, essencialmente “humanas”, antes de iniciar a fase de criação do sistema de computador, são sistemas que, após algum tempo de uso, são desligados ou substituídos, seja por outro tipo de ferramenta ou por outro sistema. Para evitar desperdício de tempo e dinheiro, eu aconselho a, antes de pensar em criar ou comprar um sistema de computador, procure compreender, talvez com a ajuda de um profissional, como é o seu processo de trabalho hoje e o que você precisa melhorar. Às vezes acaba-se descobrindo que há algo melhor do que aderir a um sistema de computador para atender a sua necessidade. Neste caso, segue uma ideia do que fazer com seus computadores, para que eles não fiquem encostados:

Sistema de computador

Brincadeiras a parte, gostaria de reforçar que é essencial que os profissionais de tecnologia procurem entrar no mundo dos seus usuários, esvaziando-se da própria experiência “técnica” e das ideias funcionais que tenham em mente, para dar espaço àquilo que ele vai ouvir do usuário.

Mesmo seguindo a metodologia que propus, muitas vezes é difícil estabelecer uma comunicação eficaz entre as duas partes envolvidas na elaboração de um sistema de computador, pois a verbalização de um pensamento pode não ser suficiente para expressar o que realmente queremos dizer. Tenho minhas ideias sobre o processo de comunicação em si, mas isso é papo para outro post.

Até sexta, não se esqueçam de aproveitar seus momentos off-line.

eLe

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mariana A revolução dos celulares no continente Africano | Mariana AssisMariana Redondo de Assis – Formada em Sistemas de Informação pela Universidade São Judas Tadeu em 2005, concluiu em 2010 a pós graduação em Engenheira de Software pela Universidade de São Paulo (USP). Atua no mercado de TI há 11 anos, passando pelas áreas de suporte, desenvolvimento, projetos e pré-vendas. Atualmente é consultora de sistemas de gerenciamento de conteúdo na Thomson Reuters, responsável pelas plataformas de conteúdo para toda América Latina.

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