Author: Valter Hugo Muniz Page 86 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

Crônica Sophiana

7:15h

O tilintar do despertador decreta aquilo que a luz no quarto já havia denunciado: é hora de levantar (mesmo se o colega de quarto não esboça um mínimo sinal de vida).

Fundamentos de Economia e Seminário de Política são aquilo que me espera hoje, depois de um final de semana de futebol, festa dos estudantes e, claro, estudo.

Desço pra tomar um cafezinho rápido porque as 8:15h vem a van que busca os estudantes de “Tracolle” e leva para a universidade (impossível não pensar no privilégio que as meninas têm de morar no mesmo prédio da faculdade).

As 8:30h estamos todos lá, sentados na aula 1, esperando as atrasadas para a “condivisão”, momento que se repete três vezes na semana e que tem como objetivo refletir como os conhecimentos gerais adquiridos – à luz do Ideal da Unidade – procuram ser colocados em prática na vida cotidiana de cada membro da comunidade sophiana.

Depois da leitura de um trecho do Evangelho alguns falam espontaneamente, em seguida os avisos e logo o intervalo, regido por um bom café italiano e o bate papo informal entre todos, professores e estudantes.

As 9:30h começam as aulas. Interessante descobrir que por trás de todas as áreas do conhecimento se encontra, centralizado ontologicamente, o “homem – relação”. A nossa existência é mesmo diretamente vinculada a de um “outro”, que tantas vezes nos machuca, porque diferente de nós.

Estudando “Ethos do Mercado” é possível descobrir as diferentes estratégias antropológicas para lidar com esse drama e que encontrou, por fim, no Mercado a principal fonte de “immunitas” (imunidade).

As aulas da manhã vão até as 13:15h e o cansaço físico não se compara com o mental, o espiritual, pois tudo que se aprende em Sophia, resvala no nosso interior.

Hoje o almoço é em casa e nisso agradecemos aos estudantes do segundo ano que, por terem um horário menos apertado, fazem a comida para os “coitados” calouros.

É o tempo de comer, dormir uma meia horinha e já estar pronto para, as 15h, voltar para a faculdade. Ainda bem que o Seminário de Política é bem dinâmico, impedindo a ação eficaz, inoportuna e previsível do sono.

Naquela pequena sala, só um terço da classe. Discutimos as raízes, o desenvolvimento e as estratégias do pensamento ideológico. Profunda ênfase em um particular, que permite ser afirmado como verdade, mas que é só um aspecto dentro da multiplicidade social, manipulado por interesses específicos.

“A leitura de obras e a análise dos casos nos conduz a pensar a sociedade levando em consideração a necessidade de conceber a verdade que engloba o todo” – vou pensando de forma pedante enquanto voltamos na van pra casa.

Deixo a mochila no quarto, vejo meus emails, as notícias e as 20:30h estamos todos sentados na sala para jantar, conversar sobre o dia e dar risadas. Oportunidade concreta de verificar e discutir a teoria aprendida durante o dia.

Depois da janta, quem preparou lava, quem deu sorte de não estar na dupla responsável pela refeição vai ver um filme, ler e, claro, se tiver mais coragem que preguiça: estudar.

Lá pelas 23h, após um banho relaxante, sou um dos poucos que vai pro quarto. Leio, vejo um seriado e apago a luz pensando em Aristóteles, nos franciscanos, em Hobbes, Smith, Guy Debord.

Difícil descansar com a mente acelerada, mas é só segunda-feira. A dinâmica de “vida e estudo” precisa ser gerida de maneira inteligente, para o bem do corpo, da mente e do espírito.

Pai vencedor

Eu sempre quis ter um pai vencedor!

Alguém forte, corajoso, inteligente, cheio de talentos e de sucessos.

Mas foi preciso crescer para entender que o vitorioso da vida não pode ser definido com uma única batalha, analisando um único momento.

Perceber tudo isso me fez descobrir o tesouro único que é o meu pai; com capacidades que não podem ser contabilizadas, talentos que não estão em evidência em uma sociedade como a que me encontro.

Por isso, escrever sobre o meu pai exige primeiro as desculpas pelas besteiras que um jovem diz, pela incapacidade de entender a escolha de valores, e a virtude exercitada cotidianamente com o grande talento de amar.

Tenho, sem dúvidas, um pai vencedor, pois nunca faltou nada nem a mim, nem as minhas irmãs e mãe. Vencedor porque se manteve fiel ao sacramento do matrimônio, à família… e essas grandes vitórias, eu poucas vezes reconheci, mas nunca é tarde demais, por isso:

«Pai, sinto um orgulho imenso de ser seu filho!

Obrigado pelo seu testemunho de amor que não esconde as fragilidades, mas que é sem dúvidas uma enorme referência para mim de homem, de marido e principalmente de pai.

Com a minha vida, quero buscar fazer com que você sempre se orgulhe de quem é e saiba que o mais simples dos meus sucessos até hoje, eu nunca conseguiria, sem o seu apoio, a sua ajuda (concreta ou silenciosa), a sua confiança.

Te agradeço por tudo e te desejo um FELIZ ANIVERSÁRIO.

Do seu filho e admirador

Homenagem pelos 63 anos do meu pai, Valter Tenório.

Metà del viaggio

Feste, cibo, riposo, incontri con gli amici, la famiglia e sono già passate tre settimane di Brasile, metà del viaggio.

Interessante come ogni secondo vissuto ci impone la scelta binaria di: approfittare (1) o non approfittare (0) ogni cosa? e con Flavia, cerchiamo di “sommare” queste opportunità di non soltanto “stare” nel posto che sono nato, con le persone che mi hanno accompagnato tutta la vita, ma di “vivere” intensamente queste realtà con lo scopo di conoscerci sempre più in profondità.

Mi sembra che quest’ultima settimana sia stata caratterizzata dalla intensa convivenza fra noi e la mia famiglia. Difficile è stato però capire che questo processo è davvero duro, pieno di sfide, “morti”, ma è anche questo il momento da vivere queste cose. È nel fidanzamento che abbiamo la grazia di conoscerci nella libertà, nella gioia di un impegno definitivo non ancora assunto (formalmente).

Quello che mi è rimasto da questi giorni è stata, di nuovo, la gioia immensa di un amore sempre più grande, intenso, che tocca il cuore e perciò solo può venire dall’Assoluto ed avvenire in Esso.

Bello rendermi conto di una sensibile felicità quotidiana. Sentimento così nuovo, così fantastico, che dà innanzitutto significato a ogni difficoltà.

Domani partiamo per cinque giorni da Gabrão e Camila a Curitiba. Felicità indescrivibile di trovare questo fratello con Flavia e poter passare un po’ di tempo insieme.

Homenagem ao noivado de Carol e Fausto: Pilares do casamento e o sustento comunitário

O passar dos anos evidencia em uma família a sua vocação de estar sempre crescendo e assim “transmitir” ás gerações sucessivas, o grande privilégio de viver e poder encontrar-se pessoalmente com a almejada felicidade.

Só que um elemento imprescindível para o crescimento de uma família é a necessária união entre duas pessoas que, atraídas pelo amor recíproco, desejam encontrar essa felicidade juntas.

Porém, até ter certeza que é esse o caminho, essa é a pessoa, passam-se anos de um “fadigoso” auto-conhecimento e conhecimento do outro. Inúmeros encontros, reencontros e desencontros, processo de criação colaborativa que define o futuro dos dois amantes.

Todas as conquistas desse período são, sobretudo, etapas da preparação para o verdadeiro desafio que é a vida a dois.

Nós, muitas vezes, impulsionados pelo amor-sentimento, esquecemos que viver plenamente o “até que a morte os separe” envolve também outros dois pilares que vão além da simples vontade de ser feliz “pra sempre” acompanhado.

O primeiro desses pilares é o amor que é compromisso social, onde, formando uma célula comunitária nos tornamos partícipes da composição orgânica da sociedade. O filósofo grego Aristóteles afirmava que a família é a comunidade política fundamental, onde se fundam e são vividos os laços sociais de fraternidade que depois são reafirmados entre os vizinhos até chegar a polis, cidade.

Vemos que hoje a humanidade vive uma forte crise de valores que descaracterizou e quase exterminou a “instituição” família. Desta forma, sustentar a convivência familiar é permitir que muitos dos valores positivos sobrevivam também no contexto social.

O segundo pilar que evidencia a importância da união entre duas pessoas tem a sua origem no livro dos Gênesis. “E Deus criou o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. (Gn 27). Esse homem criado a Sua imagem e semelhança, é homem e é mulher, é humanidade.

Através do estudo antropológico dessa história, que se assemelha a outros diferentes contos mitológicos da antiguidade, é possível perceber que, acima de tudo, a união entre homem e mulher é constitutiva da humanidade.

Esse texto, divinamente inspirado e revelado na bíblia, mostra que a união entre um homem e uma mulher é a realização plena, é encarnação do amor divino, que se exprime desde o início e que continua a ecoar na sociedade, sempre que novas uniões “no nome Dele” se repetem, quando um novo sacramento do matrimônio é celebrado.

Então, casar passa a ser também co-criação, manifestação do divino no humano. É possibilidade de levar Deus – amor as pessoas, e ser a verdadeira divina humanidade.

Além desses dois pilares, social e divino, existem um outro, tão imprescindível como os demais, mas que optei por citar por último, pelo seu aspecto claro, evidente, sensível: o amor erótico.

Esse sentimento fundamental nos faz amar exclusivamente uma única pessoa e encontrar nela uma realização que se manifesta de forma única, gerando o desejo de uma fusão completa.

Porém a sua natureza, exclusiva e não universal, se não é vivida juntamente com outros dois pilares constitutivos da vida “à dois”, pode se tornar a mais egoísta forma de amor que existe.

Amor social, amor vocacional, amor exclusivo. São os meus votos para o presente, meus votos para o futuro de vocês dois.

 

Antes de concluir essa reflexão, gostaria de ressaltar a importância da comunidade para a sobrevivência e a fidelidade aos votos que uma nova família faz.

Para mim, o noivado, é a festa comunitária que celebra a vontade de dois jovens que juntos decidiram percorrer os últimos passos que levam ao SIM definitivo.

O que as vezes é difícil de entender é admitir é que nenhum casal é capaz de sustentar esse SIM sozinho. Sem a comunidade um relacionamento não sobrevive por muito tempo, não consegue viver plenamente todas as dimensões “matrimoniais” necessárias.

Por isso, é responsabilidade da comunidade, sobretudo das famílias, apoiar, ajudar, orientar, na Verdade, o que os dois filhos decidiram. Da mesma forma é imprescindível que eles escutem, valorizem e acolham os conselhos das famílias.

Eu, nós, pessoalmente, estarei fisicamente longe mas, com a Flavia, antes de tudo quero agradecer a Deus e aos noivos de poder estar presente nesse momento especial para eles e para as nossas famílias; depois me comprometo a viver, rezar e oferecer cada alegria, cada desafio, dor, por essa preparação ao casamento.

Tenho a profunda convicção de que, se vocês procurarem viver, já agora, respeitando todos os aspectos que procurei descrever, tanto o presente, quanto o futuro de vocês será testemunho e manifestação plena do amor de Deus por vocês.

Tamo junto!

 

[vidaloka] Back to Brazil – Parte 2

A segunda semana na minha terra natal foi marcada por reencontros maravilhosos, mais descanso e uma conversa decisiva. (Depois que a minha mala chegou de Milão a vida ficou menos complicada por aqui).

São Paulo propões inúmeras atividades, compromissos, mas é legal estar aqui sem ter preocupações que estejam além do objetivo de viver, sobretudo, com a minha família.

Porém é claro que, depois da primeira semana de “festa”, a vida em casa entra em uma normalidade gostosa, mas que abre portas para pequenos conflitos, diferenças, criadas pela distância e ausência anterior. (contornadas pelo desejo maior de estarmos “juntos”)

Um aposto interessante desses últimos dias foi assistir ao fabuloso filme “Kong Fu Panda 2” da Dreamworks no cinema. Excelente para quem quer relaxar, rir e se maravilhar com a indústria de filmes “infantis”, espaço de desenvolvimento estético e da criatividade, sobretudo no âmbito das animações 3D.

Porém, sem dúvidas, o momento mais especial desde a minha chegada no Brasil foi reencontrar os “pilares” da minha edificação como pessoa. Meus grandes amigos que durante mais de uma década estiveram comigo, acompanhando com amor e paciência, e que contribuíram diretamente no meu crescimento “centrípeto” e “centrífugo”.

Essa experiência com a Ká e o Bacanão, o Beiço e a Elaine, o Ferrr e a Marina, pareceu abrir meu coração de um modo novo, me ajudou a entender os caminhos propostos para um novo passo, uma nova fase da vida que está para se consolidar.

Dessa forma eu e a Flavia tivemos uma histórica conversa sobre o nosso futuro, construída com naturalidade e serenidade, mas que, pela prima vez, nos fez “ver” o que nos espera (alegrias e desafios) e o que queremos daqui pra frente. Bendito 9 de julho, um dia após celebrarmos nossos 17 meses juntos.

É gostoso demais estar em casa principalmente tendo a sensação de que realmente estivemos unidos, mesmo distantes fisicamente. Parece que estou aqui há meses e isso confirma para mim a importância ontológica de viver “juntos” cada coisa. De manter contato, enviando notícias, partilhando descobertas.

Não existe riqueza maior que Deus, que se manifesta cotidianamente nas nossas vidas através dos nossos relacionamentos. Mas o “drama” da liberdade nos permite viver com mais ou menos intensidade essa realidade.

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