Author: Valter Hugo Muniz Page 68 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

São Paulo

São Paulo de infinitas riquezas

De também misérias, tristezas

Metrópole, motor do Brasil

Pátria que me pariu

Caos da utopia da ordem

Daqueles que querem, mas jamais podem

Desarmonia visual, cotidiana sobrevivência

Paradoxo que une pressa e paciência.

Em suas calçadas, amostra da desigualdade

Agora preciso reconquistar-me à cidade

Voltar para casa. Tudo o que eu queria

Ritmo, poluição, lágrimas, poesia.

[vidaloka] Fui seguir meu coração… deu no que deu.

Em 2009 uma força biarticulada me impulsionou a deixar tudo e me aventurar no Velho Continente.

A admirável potência dessa “força” exalta a essência daquilo que sempre busquei pessoalmente. Ir embora, deixar família, amigos, cultura, só por um motivo: ser quem acho que eu devo ser.

O percurso intelectual, profissional, acadêmico, exigia que eu fosse embora. Pedia que eu descobrisse o paradigma trinitário, para propô-lo ao mundo da comunicação baseado (quase sempre) em uma dialética de princípios comerciais, ausente de ética, do Outro.

Contudo foi o coração que me deu a certeza de que tudo valeria à pena. No outro lado do Atlântico estava àquela que desejei por uma vida. Muitos caminhos, tantas vezes tortuosos, difíceis, me levaram à minha amada Flavia.

De 2004 à 2012 passaram-se oito anos e daquele primeiro encontro até o nosso aguardado 22 de dezembro muita coisa está sendo vivida, sofrida, buscada. E se chegamos aqui, juntos, profundamente felizes, é porque seguimos nossos corações.

Contudo, me perdoem os Leigos, meu coração é movido pelo Motor Imóvel. Força que já Aristóteles intuía e que nos faz arriscar, nos encoraja a perder todo tipo de segurança material, humana, para conquistar grandes coisas.

Meu Deus, trinitário, tridimensional, relacional. Princípio por quem sempre vivi, acreditei e aonde descubro o significado de cada coisa, a resposta para cada passo que devo dar, momento por momento.

Sábado, 11 de agosto, conclui-se uma outra fase da minha vida. Depois de um pouco mais de 2 anos na Europa volto pro Brasil.

Feliz por tudo que conquistei com tanto sacrifício, procurando não olhar para trás lamentando o que deixo, mas desejando o próximo passo, que se aproxima com alegria e serenidade.

Imensa a gratidão pelas pessoas que conheci e grande a felicidade pelo reencontro com aquelas que, há dois anos, me despedi.

Seguindo meu coração encontrei uma Felicidade verdadeira, exigente, profunda. Escutando o meu Deus encontrei a mulher com quem sonho viver novas (e grandes) aventuras, agora na minha pátria, minha casa.

Não tenho dúvidas que valeu a pena.

Segui meu coração… deu no que deu.

O “gaúchismo” de Rafinha Bastos

Assistindo ao programa Roda Viva, da TV Cultura, que esta semana entrevistou o humorista gaúcho Rafinha Bastos, eu pude perceber o porquê nutria uma certa dificuldade em aceitar alguns tipos de comportamento advindo da cultura gaúcha.

Tenho muitos amigos gaúchos, pessoas que sinto um carinho e uma grande admiração, tanto pelo caráter, quanto pelo orgulho que exprimem por fazerem parte de uma região tão rica em natureza e cultura.

Contudo sempre acreditei que o orgulho do povo do Rio Grande do Sul, traduzido em um bairrismo tantas vezes desmedido, era quase sempre sinônimo de arrogância e de um comportamento separatista, que não quer partilhar o bom que tem e tenta diminuir aqueles que são diferentes.

Assistindo ao gaúcho Rafinha Bastos, excelente humorista que ficou conhecido nacionalmente pelo trabalho no CQC e também por ter feito uma piada “sem graça” sobre uma cantora brasileira, eu pude perceber as grandes distâncias culturais que ainda existem no Brasil.

O caráter, o jeito de ser e, principalmente, o humor feito no extremo sul do país é completamente diferente do escárnio nordestino, como por exemplo o de Renato Aragão aonde o conteúdo do humor é amenizado pelo caráter brincalhão do povo nordestino e, por isso, raramente levado ao pé da letra.

Rafinha Bastos não é nordestino, mas 100% gaúcho. Tem um humor menos “infantil”, mais irônico, escrachado, pouco refinado, extremamente direto. Características que encontrei em praticamente todo cidadão gaúcho que conheci.

Apesar da admiração pelo Roda Viva, fiquei um pouco decepcionado com o programa pelo pouco interesse dos entrevistados em relação à pessoa Rafinha, com sua família, cultura. Dessa forma a discussão permaneceu nos generalismos comuns nas entrevistas de pessoas ditas públicas.

Quando perguntado se ele se acha arrogante, o humorista gaúcho negou e acrescentou “não… eu gosto de discussões. Eu sou gaúcho. De onde eu vim o meu povo é assim. Um povo que combate, briga e não aceita”. Mas a pergunta seguinte não aprofundou o assunto, ao meu ver, extremamente necessário para entender o humorista.

Assistindo ao programa me dei conta da necessidade de conhecer melhor as diferentes culturas que enriquecem o Brasil para que elas não sejam motivos de divisão e preconceito (internos ou externos).

Por outro lado, não concordo com a postura “independente” defendida por Rafinha Bastos, justificada pelo fato de ele ser humorista. Como comunicador (de massas, porque trabalha na televisão) ele precisa também assumir a responsabilidade pelo que diz e, sobretudo, aceitar o fato de não sendo compreendido (muitas vezes por culpa dele). É importante que ele conduza o público no entendimento e apreço ao seu gaúchismo, que nada tem a ver com arrogância ou separatismo, mas é um jeito diferente de fazer rir.

 

 

 

Porque tenho medo de voltar pra São Paulo

É interessante como as reflexões coletivas nascem quase sempre de uma demanda individual.

Explico.

Recentemente pude ler nos sites brasileiros de grande expressão, que a violência na minha cidade natal aumentou no último ano.

Claro que essa notícia não espantaria nenhum paulistano, acostumado a conviver e sobreviver cotidianamente à violência, não só a de criminosos e da polícia, mas todas as diferentes violências metropolitanas, movidas pelo descaso de governos ideológicos que se preocupam mais com a manutenção do próprio poder, que com o bem estar do Povo.

Contudo, a notícia sobre o aumento da violência em São Paulo me assustou pela primeira vez. O motivo: Estou retornando ao Brasil depois de dois anos de vida “burguesa” entre as colinas da maravilhosa Toscana e o ar fresco do “Lac Leman”, na fantástica Genebra.

Não quero fazer o “típico discurso burguês” de gente que vive uma vida cômoda, rica e que, ao lerem sobre as notícias de violência no Brasil, “sobem no pedestal” para declarar seu depreciamento pelo país, o seu sub-desenvolvimento, a falta de respeito do povo… Porém, o que a experiência no Velho Continente me fez perceber foi que quando é possível gozar do bem social, dificilmente se aceita menos.

Quem tem a oportunidade de trabalhar, estudar, viajar, conhecer outras culturas e, consequentemente, enxergar melhor a si mesmo e o próprio país é capaz de expandir conhecimentos e a consciência de que as coisas podem ser melhores.

Mas podem mesmo?

Podem.

Como jornalista e pensador da comunicação social, acreito que a mídia tem um papel importante na reflexão sobre essas possibilidades reais de mudança e melhora… contudo, infelizmente, não é aquilo que se vê nos jornais…

É incrível perceber que, na dezena de matérias que li sobre o crescimento da violência em São Paulo, a causa (ou as causas) desse “fato” não emerge (m). As notícias são só constatações, divulgam só números, mas não expõem o problema na sua complexidade (por isso tanta gente acha que qualquer um pode ser jornalista. Se for só para divulgar, eu também estou de acordo).

Procurando, porém, olhar o todo é visível que os crimes cometidos seguem um paralelo de violência que há anos vem determinando a postura da polícia militar de São Paulo. Contudo, outros índices ajudariam a “ler” melhor o problema… comparando com outras capitais brasileiras, outras taxas que determinam o desenvolvimento de uma região. Mas não, essas notícias exprimem só a constatação de uma violência percentualmente maior.

Notícias assim deveriam não ser dadas, pois não geram mobilização, reflexão social, não movem. Só aumentam o medo, a divisão, intolerância e o preconceito.

As notícias precisam ser apuradas e apresentadas colocando o ser humano (que lê e que è retratado nas matéria) como principal envolvido no problema.

Ser humano que é cotidianamente vítima da violência e do preconceito da polícia. Que è ignorado pelo individualismo ideológico que divide a sociedade em castas.

Ser humano que coloca a sua vida em jogo para tentar solucionar os problemas de violência. Que recebe um salário indigno, uma formação que incita à guerra e que não acredita no respeito.

Ser humano que paga pelo descaso político que não cria estruturas capazes de uma vida pública sadia em que cada um possa ser protagonista do bem estar social.

Nas notícias, vem cada vez menos em evidência o ser humano e por isso elas não têm vidas, são só números, fatos, que não movem leitores, cidadãos, e principalmente políticos.

L’impotenza di Dio alla Luce di Auschwitz: un’interpretazione della tesi di Hans Jonas

Recentemente ho finito di leggere Il concetto di Dio dopo Auschwitz[1] del teologo tedesco di origine ebrea, Hans Jonas.

L’opera breve di lettura “teologico – filosofica” cerca di ripensare Dio dopo la tragedia dell’Olocausto.

Per capire il significato della sua opera e affrontare insieme a Jonas il “nuovo” concetto di Dio emerso dopo Auschwitz è necessario, anzitutto, fare una doppia differenziazione che delinea la frontiera fra ebraismo e cristianesimo.

Prima di tutto il modo come Dio si manifesta nella storia. Mentre per i cristiani il luogo di incontro definitivo con Dio si darà nella vita eterna, per gli ebrei Dio è, innanzitutto, Signore della storia, che agisce direttamente in essa, intervenendo (e sopratutto punendo) se e quando necessario.

Dopo è importante non confondere l’ontologia di Dio, cioè, la sua essenza, che è intrinsecamente onnipotente, con il suo agire storico. Ontologicamente Dio sarà sempre onnipotente, ma con la creazione Lui concede, seguendo il pensiero di Jonas, una parte della sua potenza al Creato, manifestandosi poi con e attraverso esso.

Fatte le premesse ci si può entrare nella tesi del libro dove il dramma dell’Olocausto mette in discussione la visione ortodossa ebrea del Dio onnipotente “profondamente buono e conoscibile (comprensibile)” e un Dio che “ha rinunciato la sua potenza” “concedendo all’uomo la libertà”.

Interessantissimo il ragionamento logico di Jonas che genera il dilemma sull’onnipotenza di Dio e il libero arbitrio del Creato. Un Dio onnipotente nel suo agire nella storia – che interviene per esercitare la Sua volontà sul mondo –  non permetterebbe che l’uomo fosse veramente libero di scegliere fra bene e male, essere vero co-creatore della storia[2].

Alla luce dell’evento di Auschwitz il concetto di Dio basato sulla Sua onnipotenza cambia. L’onnipotenza nell’agire storico di Dio viene condivisa con il Creato che passa ad essere capace di determinare gli avvenimenti, condizionandoli alla sua scelta.

Perciò Auschwitz non può essere vista come punizione del Dio onnipotente agli uomini, ma il risultato della scelta drammatica del Creato per il male, perché se Dio è veramente buono, non permetterebbe la più grande disumanizzazione della storia[3].

Per Jonas, il silenzio davanti all’Olocausto è manifestazione della “impotenza” di Dio, che rendendo l’uomo veramente libero, “non può” intervenire direttamente quando l’uomo cade nell’errore[4].

Quello che Jonas opera, da teologo-filosofo ebreo, secondo me, è un vero incontro concettuale del Dio cristiano e quello ebreo. Come nel cristianesimo Dio è umanizzato, nella misura in cui è “sofferente, divenente e che prende cura” del Creato[5].

Per i cristiani Dio si incarna nel Cristo e attraverso Lui, nel Suo abbandono e risurrezione, tutta la storia viene resinificata, nel passato, presente e futuro. In questo modo anche il dramma della guerra e ogni scelta del male sono trasformati, per mezzo della manifestazione di Dio (non sempre visibile in maniera diretta), in un bene maggiore generando anche la coscienza della potenza degli uomini, tanto per il bene e per il male.

Un Dio che decide donare la sua onnipotenza storica non lascia però di agire nel mondo, ma attua in nuovi modi. È il Dio della comunione, condivisione, co-creazione, cioè, di un operare INSIEME a noi, lasciandoci però liberi per esercitare la nostra volontà.

Si potrebbe poi comprendere, a partire della lettura de Jonas, che davanti al male, come nel caso dell’Olocausto, noi dobbiamo chiederci non “dove è Dio” ma “cosa abbiamo (ognuno) fatto affinché il male sia emerso”.

Con la creazione, l’azione storica di Dio si dà in maniera molto più silenziosa, permettendo addirittura che gli uomini ignorino la Sua presenza, per non condizionarli, rendendoli veramente liberi.


[1] H.Jonas. Il concetto di Dio dopo Auschwitz, Il Melangolo, Genova, 2004.

[2] pp.31-32.

[3] pp.34.

[4] pp.35.

[5] pp.27-30

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