Author: Valter Hugo Muniz Page 53 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

Ontologia do cônjugue

casal-por-do-sol

O amor se desdobra em infinitos sorrisos. Pensar dessa forma me ajuda a perceber o bom das duas coisas: amar (e ser amado) e receber (e dar) um sorriso. É o que chamo de ontologia do cônjugue.

Essas duas (ou quatro) experiências, contudo, só são possíveis por meio de um encontro verdadeiro com o “outro”.  Mas, é um encontro dialógico e não dialético, que leva à uma síntese que não é fruto da destruição do mais fraco, mas da partilha.

Explico.

Por muito tempo pensei ter habilidades suficientes para lidar com o tal “outro”. O encontro com alguém, essencialmente diferente, mas com a mesma dignidade e direitos, nunca tinha sido um verdadeiro problema. E olha que já convivi com pessoas de todas as regiões do Brasil e de muitos países do mundo…

Só que essa concepção de “outro” mudou muito com o casamento e, principalmente, tem me feito perceber que nas outras relações construídas existia uma certa distância respeitosa, que fazia com que o encontro fosse menos “verdadeiro”, isto é, menos Encontro.

Contudo, no casamento, isso não é mais possível. A vida com “o outro” é fundamentalmente interligada, plasmada. A magia, ou o mistério, dessa experiência opera uma revolução interior, um mergulho em um mundo novo, completamente desconhecido, maravilhoso e, proporcionalmente, amedrontador.

Aquele “outro”, essencialmente diferente, na sua história, descobertas, experiências traumáticas, cultura, agora é uma parte de você. E parece que nós, seres humanos, temos mania de querer esconder, descartar, ignorar, aquilo que não é muito bonito em nós. Quando, porém, a dificuldade ou aquilo que não gostamos está no cônjuge muda-se fundamentalmente a dinâmica.

No casamento a aceitação paciente do outro é um processo “necessário” (entre aspas, porque, na verdade, somos SEMPRE livres) que se renova infinitamente. Aceitar o “outro”, casado, é enfrentar corajosamente os nossos limites mais profundos, sem nenhuma possibilidade de “fuga”, de distância respeitosa. Optar pela omissão, o descaso, o silêncio, é sacrificar o valor da união, dar-se por vencido neste imenso desafio.  Por isso, estar imerso nessa difícil dinâmica relacional me faz redescobrir o porquê de ter casado na Igreja, isto é, do valor religioso do casamento.

Existem momentos em uma relação em que a dificuldade do “outro” (nossa com ele e dele conosco) vai além das nossas capacidades humanas. É justamente neles que a “graça” do Sacramento nos ajuda a perceber que, construir uma família, é um caminho feito “à três”. As dificuldades existem, são grandes, dolorosas, mas servem para purificar o significado do amor e são sempre sustentadas pelo amor de Deus.

Diante disso, redescobrir a seriedade de amar e a graça (divina) que recebemos para superar a falta de amor (humana), causam a mesma sensação de plenitude ao receber um sorriso do “alvo” do nosso amor. Não é sinônimo de sucesso, conclusão definitiva, mas é a certeza (momentânea)  de estar caminhando, de modo certeiro, para fazer o “outro” verdadeiramente feliz.

A Liberdade de Expressão não é um valor absoluto

Apress

A liberdade de expressão é sempre um assunto polêmico no mundo dos comunicadores. A afirmação que intitula esse comentário vem de um PODCAST da CBN, em que o escritor e jornalista, Carlos Heitor Cony, explana a respeito da crise política nos EUA.

Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi acusado de autorizar escutas telefônicas de mais de vinte linhas usadas por repórteres e editores da agência de notícias The Associated Press. Enquanto o governo se defende afirmando investigar o vazamento de informações oficiais sigilosas, priorizando a Segurança Nacional, a Associated Press  acusa governo dos EUA de violar sigilo de jornalistas, uma conquista histórica importantíssima.

Essas discussões a respeito da liberdade de imprensa só são possíveis quando falamos de comunicação dentro de um regime democrático, pois ela não é um valor fundamental em sociedades hierarquizadas e desiguais. Segundo Dominique Wolton, “A comunicação assume seu lugar normativo, (ou seja de troca, partilha) ao passar de uma sociedade fechada a uma sociedade aberta. Para o pensador francês “comunicar é ser livre, mas é, sobretudo, reconhecer o outro como seu igual”.

A comunicação, como “ação” de partilha envolve, na sua essência, os valores promovidos pela Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), pilares da democracia moderna.  Contudo, e aqui voltamos para o inicio deste comentário, a liberdade (de expressão) é um principio importante que atua juntamente com a igualdade e, principalmente, a fraternidade. A Liberdade de Expressão, afirmou Cony na CBN, “não é um valor absoluto que passa por todos os valores. É preciso que exista equilíbrio”.

Wolton afirma que “a comunicação é inseparável da dupla aspiração que caracteriza a nossa sociedade: a liberdade e a igualdade”. Ambas, eu acrescentaria, existem dentro de uma dinâmica relacional fraterna, para que qualquer informação (noticiosa ou não) seja um bem, sobretudo, para a sociedade como um todo.

Relatos de um cristianismo perseguidor

film-agora-2

A história embrionária do Cristianismo é marcada por três séculos de perseguição, fator de surgimento de inúmeros mártires. Somente no ano 313 d.C., quando foi declarado o Edito de Milão ou Édito da Tolerância, que transformava  o Império Romano neutro em relação ao credo religioso, que a religião passou a ser tolerada.

Contudo, no reinado de  Teodósio I (379-392) iniciou o auge do processo de transformação do Cristianismo. O Édito de Tessalônica, também conhecido como “Cunctos Populos” ou De Fide Catolica, declarado pelo imperador, transformou a religião exclusiva do Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas e fechando templos pagãos. É dentro deste contexto que se passa o filme Ágora, que tem no coração do seu enredo a história de Hipátia, filósofa e professora em Alexandria, no Egito , que viveu entre os anos 355 e 415 da nossa era.

Agitada por ideais religiosos diversos, onde o cristianismo convivia com o judaísmo e a cultura greco-romana, Alexandria foi palco dessa passagem politica em torno da religião católica,,que passou de religião intolerada para religião intolerante. Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana, os cristãos se apoderaram, aos poucos, da situação. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Por ter se recusado a se converter ao cristianismo, foi acusada de ateísmo e bruxaria, julgada de forma vil e apedrejada.

A veracidade de algumas passagens do filme, como o incêndio da Biblioteca de Alexandria é questionada por muitos historiadores. Aquele que mais se aproxima da versão cinematográfica é Mostafa El-Abbadie, que afirma que a biblioteca foi destruída em 48 a.C. por um incêndio durante a guerra civil romana entre Pompeu e Júlio César. No acontecimento que é relatado no filme, em torno do ano 391 d.C., é, na verdade, o Serapeu de Alexandria (templo de origem pagã) que foi destruído por ordem de «um bispo fanático de Alexandria», quando o imperador cristão Teodósio I interditou os cultos pagãos

O filme ganhou 7 Prêmios Goya, premiação importante do cinema espanhol e serve de uma interessante reflexão a respeito da capacidade do ser humano de explorar quando tem o poder em mãos.

Ratings: 7,1/10 from 33.078 users

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=g31D4ZrSmcY]

Quando a amizade é base para o casamento

casamento-valter-e-flc3a1via-215

Impossível esquecer o momento em que meus três melhores amigos, no final da celebração do meu casamento, cantaram uma linda música em homenagem a mim e minha amada Flavia.

Junto do Cristian (hoje vive em Budapeste – Hungria), o Bruno (casado e com uma linda filha) e o Fer (irá se casar em novembro) eu vivi os melhores momentos da minha adolescência. Construímos uma amizade verdadeira, de irmãos. Tantas aventuras, descobertas, crises vividas juntos, isso sem contar as inúmeras partidas de futebol e basquete, corrida de carrinho de rolimã e aventuras de bike. No dia 22 de dezembro passado, inesperadamente, eles estavam lá, cantando e festejando o momento mais feliz da minha vida.

Agora, completados cinco meses maravilhosos dessa aventura chamada CASAMENTO, a felicidade em ter amizades verdadeiras é ainda maior. Hoje, elas têm uma dinâmica toda particular, sem o mesmo contato (físico) constante, mas isso não diminui, nem um pouco, os laços construídos durante a vida.

Nesta fase da minha vida, eu percebo o quanto a vivencia de relacionamentos sadios, de partilha verdadeira, sendo alegrias ou tristeza, foi um dom imenso para mim e que, hoje, ilumina a minha nova família. A importância das amizades é ainda maior, porque minha esposa também pôde fazer a mesma experiência, com seus muitos amigos, na longínqua Confederação Helvética.

Para nossa família, cada vez mais, os relacionamentos são fundamentais. Sem um amor construído “fora” de casa, nada se têm a dar “dentro”. E vice-versa.

E… bom… Caso alguém ainda tenha dúvida do bom de casar, eu asseguro: Vale a pena!

A escolha pelo natural

Navigating-a-season-change-transition1

Uma das poucas coisas que me lembro do pensamento kantiano são os dois conceitos de verdade. O que é verdadeiro, segundo o pensador, pode ser concebido de maneira analítica, alicerçada pela razão lógica, ou sintética, fruto da experiência. Mesmo que a teoria de Kant tenha sido questionada e até mesmo negada por físicos posteriores, como o grande Albert Einstein, aplicando-a, com simplicidade infantil, a algumas dimensões da vida, ela ainda faz muito sentido.

Por exemplo. Raciocinando a respeito das dinâmicas da natureza é possível concluir que, praticamente tudo o que é benéfico para essa, se desenvolve a partir da relação “natural” entre os seus elementos, sem uma necessária intervenção (peçonhenta) do ser humano. Esse raciocínio analítico, complementado (e não polarizado) pela síntese “experimental”, cria fundamentos ainda mais sólidos para essa conclusão.

Foi partindo desses pressupostos que, durante uma visita médica, fui surpreendido pelo discurso do  ginecologista da minha esposa, que nos sugeriu métodos anticoncepcionais artificiais se realmente queremos nos prevenir de uma gravidez indesejada.

Bom, só para esclarecer! Não é (somente) o fato de ser cristão que nos faz optar, como família, a usar métodos naturais para uma concepção “planejada”.  Nós também acreditamos que as coisas naturais são as mais benéficas, para nós e principalmente para a mulher (é noto de que os métodos anticonceptivos injetam no corpo feminino substancias químicas que podem dificultar uma futura concepção).

Contudo, certamente, os métodos naturais também têm uma (importante) dimensão espiritual. Como cristãos, nos casamos acreditando que (nosso) Deus tem um papel fundamental para a nossa felicidade e no caminho que construímos como família. Mesmo se optamos, neste momento, em não ter filhos, queremos (e nos esforçamos para) estar abertos ao Seu projeto para nós. ( É fundamental também saber que os métodos naturais, se realizados de maneira séria e responsável, têm um altíssimo índice de sucesso).

Claro, a busca de viver o “natural”, no que diz respeito à concepção responsável, prega muitos sustos! Viver esse método não permite a segurança “100%” de que, depois de cada ciclo da mulher, não haverá um novo ser humano concebido.  Essa insegurança gera uma tensão e um temor mensal, mas que, aos poucos, vai se plasmando “naturalmente” na dinâmica da família.

Enfim, está é uma verdade sintética desafiadora e, sobretudo, fantástica.

Page 53 of 240

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén