Author: Valter Hugo Muniz Page 52 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

O silêncio e a palavra: uma relação com potencial de iluminar a sociedade

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Uma das lições mais ricas que aprendi nos meus estudos teológicos é que a Verdade se revela (Alétheia) de maneira ternária: no silêncio interior (kenosis), nas manifestações exteriores (fenômenos naturais ou sociais) e na relação com Outro. Essa descoberta fundamental  me ajudou a entender melhor o meu papel como jornalista profissional e comunicólogo pois, no universo da comunicação de massa, a relatividade da Verdade é defendida como pilar pragmático.

É a partir dessa leitura pessoal que me debrucei na obra do “massmidiólogo” italiano, diretor da editora Città Nuova e professor do Instituto Universitário Sophia, Michele Zanzucchi. “Il silenzio e la parola. La luce. Ascolto, comunicazione e mass media” é um ensaio sobre essa relação ternária como lógica da comunicação.

A obra de Zanzucchi apresenta o silêncio e a palavra como “sujeitos” do ato comunicativo. Sem um verdadeiro silêncio “kenótico” e uma palavra que se relaciona com ele, a comunicação não é capaz de gerar/transmitir/revelar a Luz que nasce (ou pode nascer) dessa relação.  Na linguagem “comunicativa”, escutar e comunicar são dois pilares que constroem a identidade da communicatio.

Algumas críticas do autor ao fazer comunicativo (de massas), na minha opinião, não procedem. Muitas vezes ele também se mantém na análise demasiada dos “meios”. O grande buraco teórico está nos capítulos conclusivos da obra, que sofrem para sustentar, com argumentos sólidos, a teoria principal. Mesmo assim, o livro tem leituras transdisciplinares essenciais para entender profundamente a comunicação de massas na lógica ternária.

Muitas das intuições de Michelle eu não tenho agora presente, algumas delas geniais, mas irei explorá-las depois de concluir a primeira parte do estudo aplicado de Dominique Wolton, a partir da análise da obra “É preciso salvar a comunicação”.

Contudo, este é um livro que vale a pena ler e meditar.

Quando o futebol nos cega

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Hoje o país parou para falar do jogador Neymar. Novo Pelé, Neymar’s Day… é assim que a Espanha intitulou seus jornais esportivos.

Contudo, o “triste” em meio à festa que deve, contudo, ser sempre acenado, é a fabricação “artificial” de ídolos – maiores no nome que no futebol – que sustenta o “pão e circo” e  acalma os ânimos em momentos de crise socioeconômica.

Esse fanatismo futebolístico, movido especialmente pela mídia mundial,  coloca Brasil e Espanha, as duas nações que envolvem a transferência do jogador Neymar à Europa, em situações parecidas.

Enquanto a Espanha vive uma crise socioeconômica sem precedentes, as suas duas maiores equipes de futebol do país, Barcelona e Real Madrid, gastam, ano após ano, milhões de euros em transações futebolísticas. Um desprezo ético que a mídia local parece ignorar.

Desta parte do Atlântico, a situação não está nada melhor. Crescimento econômico irrisório, aumento preocupante da violência e, enquanto isso, estamos esperando as Copas, a Olimpíada e festejando a ida do, já milionário, Neymar à Europa. Momentos como esse último sugerem uma verdadeira reflexão ética de um modelo (atual) de futebol que, acima de tudo, desvaloriza os benefícios que o esporte traz para a huma(comu)nidade.

Modelo alemão

A Alemanha, grande vencedora do principal campeonato Europeu,  parece ter um modelo a ser seguido. Privilegiando a formação de novos jogadores e na sua profissionalização, o país, que também tem sofrido com a crise econômica mundial, adota uma austeridade econômica que reflete nos seus clubes de futebol, obrigando-os a provar que têm saúde financeira para competir nas ligas profissionais.

As muitas regras da federação alemã de futebol, além de impedir os times de contrair dívidas, diminuindo os riscos de falência, transforma o esporte em um “produto lucrativo ético”, além de um importante capital para a formação humana dos jovens do país.

70.000 pessoas aguardam Neymar no Camp Nou, estádio do Barcelona. Milhões em todo mundo – principalmente no Brasil – acompanham a transmissão midiática do acontecimento. O “Pão e circo” nos move, nos ajuda a esquecer os problemas cotidianos, as dificuldades da vida, mas ele não deveria JAMAIS “cegar” nossas consciências.

Critérios para aceitação de “amigo do Facebook”

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Devido ao fato de que o meu Facebook é usado, acima de tudo, por motivos pessoais e onde eu coloco fotos e posts privados, decidi criar um critério para aceitação de pedidos de amizade nesta rede social.

Todos os contatos primários são imediatamente aceitos. Os secundários, porém, seguem a média das avaliações por distância geográfica e por contato direto. Aqueles que tiverem média igual o maior a três serão também aceitos, os demais, não.

Dessa forma, acredito poder investir meu tempo, particularmente, cultivando relacionamentos que já existem e não simplesmente vivendo-os de maneira impessoal/virtual.

Caso alguém queira, por outros motivos, justificar um pedido de autorização que não se encaixa nos critérios apresentados, por favor, mande-me uma mensagem pessoal.

Grato,

Valter Hugo Muniz

Tipos de contato:

Contatos primários:

Contatos secundários:

  • Família
  • Família em comum com a esposa
  • Amigos de sempre = grandes amigos em comum
  • Amigos de sempre (da esposa) = grandes amigos em comum
  • Amigos escola
  • Amigos da esposa
  • Amigos de amigos
  • Amigos faculdade
  • Amigos mestrado
  • Amigos trabalhos
  • Amigos de viagens
  • Amigos dos Focolares
  • Outros

Tipos de avaliação (contatos secundários):

Avaliação por proximidade física

Frequência de contato direto

1: Encontro imprevisto2: Encontro anual3: Encontro trimestral4: Encontro mensal5: Encontro diário 1: Nunca vi ou não tenho nenhum contato direto há mais de três anos2: Tive contato há mais de dois e menos de três anos3: Tive contato há menos de um ano4: Tive contanto no último trimestre5: Contato mensal

Obs: A avaliação é revista anualmente.

Cúmplices do genocídio africano

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Vou explicar porque acho que somos cúmplices do genocídio africano:

Experimente encontrar na internet, fazendo uma “busca google” mesmo, notícias sobre a Serra Leoa. Você irá perceber que o país da África Ocidental é pouco mencionado pela mídia internacional.

Os motivos e interesses são muitos e, um deles, é possível descobrir assistindo ao fantástico filme estrelado por Leonardo di Caprio, Blood Diamond (Diamante de Sangue, em português).

No país africano, na década de 90, Danny Archer (mercenário sul-africano) e o pescador Solomon Vandy, apesar de terem nascido no mesmo continente, têm histórias completamente diferentes. Eles se encontram por conta da busca de um raro diamante cor-de-rosa, encontrado em Serra Leoa e, a partir de então, as suas vidas nunca mais serão as mesmas.

A base econômica de Serra Leoa ainda é a mineração, especialmente diamantes. A riqueza que satisfaz o luxo de milionários no Norte do planeta, contudo, não se converte em resolução à triste situação socioeconômica do país que, apesar da vasta riqueza natural, tem 70% de sua população vivendo na extrema pobreza.

Eu, particularmente, respeito a indústria cinematográfica que se preocupa somente em entreter, mas acredito que o cinema precisa ter sempre um viés de engajamento, de denúncia, visando o despertar das consciências, principalmente no que diz respeito ao consumo de artigos produzidos por meio da exploração da miséria dos mais “fracos”.

Blood Diamond” faz referencia à Guerra Civil de Serra Leoa, que durou 11 anos, de 1991 à 2002, e contabilizou dezenas de milhares de pessoas mortas e mais de um terço da população de refugiados. O conflito no país africano tornou-se conhecido internacionalmente pelos massacres, amputações de membros, uso massivo de crianças-soldado e, sobretudo, pelo tráfico de diamantes, como método de financiamento das forças rebeldes.

Em outro filme, “O Senhor das Armas”, Yuri Orlov (interpretado por Nicolas Cage) vende armas às milícias durante a Guerra Civil de Serra Leoa. Já no universo literário, o livro do jovem Ismael Beah, “Muito longe de casa: memórias de um menino-soldado”, conta a sua comovente história na Guerra Civil do país.

Diante da tragédia em Serra Leoa, uma consequência positiva foi Processo de Kimberley (Kimberley Process Certification Scheme), criado em 2003 (um ano após o fim do conflito), e que visa certificar a origem de diamantes, a fim de evitar a compra de pedras originárias (e financiadoras) de áreas de conflito.

Quando o mal é justificável

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Uma manhã como todas as outras. Difícil de levantar por conta do frio. Tomar banho, um cafezinho, escovar os dentes, beijo na esposa e já estou pronto para mais um dia de trabalho.

Contudo, hoje, nem tudo ocorreu de maneira pacífica. No caminho para o metrô, um grupo de pessoas olhando atentamente um senhor de idade, correndo atrás de um homem, segurando um pedaço de pau na mão, gritando, por motivos a mim desconhecidos, mas que me causaram evidente estranhamento.

Já no metrô, “ensardinhado”, duas mulheres, uma jovem e uma idosa, deferindo ofensas recíprocas porque uma empurrou, a outra não pediu licença e transformando o silêncio paulistano em um clima hostil. Como é possível que alguém não aceite ser empurrado em um metrô superlotado? É preciso aprender a arte de ser “conduzido pela massa” sem achar que o motivo dos “empurradores” sejam pessoais.

Há uma semana venho acompanhando pela mídia os inúmeros e, aparentemente, frequentes casos de violência banal cotidiana. Não a violência presenciada hoje, na rua, no metrô, mas aquela capaz de tirar vidas, por um celular, pelo incômodo do barulho, por 30 reais…

A barbárie crescente, para mim, não é surpresa. Somos constantemente violentados pelo Estado, pela lógica “Capitalista” da exploração e, assim, é impossível que a violência não se dissemine socialmente. Mas, o que antes era aceitação do “rebanho humano”, hoje é cada vez mais reação coletiva violenta. Socar, esfaquear, assassinar é um mal que se justifica, que exprime a revolta dos explorados. Será?

As justificativas em relação a violência podem ser muitas. Históricas, sociais, psicológicas… até mesmo a união entre duas ou três dessas, mas o que vale, ou parece que vale, em meio a barbárie, é aprender a olhar humanamente quem está ao nosso lado.

Tanto o mal, quanto o bem, tem uma capacidade de difusão surpreendente e, ambos, se plasmam nas nossas atitudes, na nossa cotidiana capacidade de amar, tolerar (que não é acomodar-se) o contexto em que estamos inseridos.

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