Author: Valter Hugo Muniz Page 49 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

A transformação exige coesão e coerência

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Assistindo a Copa das Confederações e os resultados do Brasil na competição, pude redescobrir o valor de uma boa liderança.

Em tempos de transformações políticas em escala nacional, mundial, parece que nada é mais importante do que um instrumento, capaz de canalizar as energias que abastecem as reivindicações, para a concretização dos objetivos e projetos futuros. A famosa coesão. Nisso, acredito eu, o esporte é capaz de ensinar muitas coisas.

Nos últimos três anos, vimos o futebol brasileiro em queda vertiginosa, muito decorrente da corrupção escandalosa dos dirigentes ligados à Confederação Brasileira de Futebol, mas, principalmente, pela incapacidade de liderança do ex-técnico Mano Menezes. Nunca se sabe os interesses que se escondem nas entrelinhas do mundo do futebol, mas analisando as escolhas técnicas de Mano, emergem evidentes as suas limitações.

Pois bem,  Mano foi despedido e no alugar assumiram, juntos, Felipão e Parreira, que são: coração e cabeça, agitação e serenidade, raça e estratégia. A riqueza complementar desses opostos parece ser a chave do sucesso e da recuperação da Seleção Brasileira. Esses dois dos mais vitoriosos treinadores de futebol, além das capacidades profissionais indiscutíveis, são também pessoas verdadeiras, humanas, transparentes e coerentes.

Para lidar com pessoas focadas em um grande projeto é necessário, antes de tudo, coerência. Ouvindo as declarações dos jogadores a respeito do ambiente na seleção, dá pra perceber que o testemunho dos membros da comissão técnica “revolucionou”, já “de dentro”, a Seleção Brasileira.

Voltando para a política e pensando os desdobramentos  da Revolta do vinagre, percebi que estamos em uma outra conjuntura. A mobilização contra o GOVERNO se fragmentou em inúmeras reivindicações e o seu caráter apartidário parece impedir que as vozes ressoem de maneira unitária, na figura de líderes capazes de gerar coesão entre todos os anseios.

Não sei o quanto essa falta de personificação das lideranças promove (ou ajuda a promover) o apartidarismo e, até mesmo, o ANTI partidarismo. Contudo, é fundamental encontrar uma forma de construir, democraticamente, um projeto comum e não simplesmente renegar o status quo da política nacional.

Acredito que a saída nasce sempre da “harmonia das diferenças”. Uma proposta talvez seria encontrar formas de fomentar uma abertura institucional, para que o povo e os políticos profissionais trabalhem juntos pelo bem do Brasil. O voto distrital parece ser um caminho.

Além de um Movimento

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Ontem, uma experiência interessante, simbólica, fruto do erro banal de quem publicou uma mensagem inadequada em um grupo que participo no facebook, me fez pensar no quão relativo pode ser pertencer a uma “instituição” religiosa.

No mês passado escrevi um texto sobre ser ateu, que exprimia bem qual tipo de religiosidade considero adequada, levando em conta, principalmente, a importância de ela promover o bem pessoal e comunitário.

A foto e a mensagem de ontem me mostrou, novamente, que nem sempre o pertencimento a um grupo religioso nos faz pessoas melhores, sérias e, principalmente, coerentes.

Nada contra as escolhas do “publicador” e a sua intenção, a principio bonita, de partilhar uma alegria pessoal com a “multidão” virtual que, acredita-se, tem o mesmo Ideal que ele. Foi na verdade a forma e o conteúdo da exposição pública que gerou um certo desconforto generalizado e me fez refletir sobre o  significado do acontecimento.

Na história da humanidade, muitos Movimentos religiosos vieram, transformaram a sociedade vigente e depois passaram. Interessante é perceber que dois fatores principais: a difusão e a morte do fundador, influenciaram no gradativo declínio dos ideais originais e na fragmentação da vida comunitária que girava em torno dessas ideias. Esse é um risco que qualquer Movimento, religioso (ou não), pode correr.

(Vimos nos recentes protestos políticos – para sair do universo religioso – que, quanto mais “a luta” se difundia, mais ela perdia sua unidade, se despedaçando em infinitas causas e, de certo modo, perdendo as demandas centrais que motivaram o movimento).

Na verdade, o que mais tenho me perguntado nos últimos dias é: como fazer com que a “luta” plasme a nossa cultura cidadã, transformando a maneira de fazer políticas, de sermos agentes políticos? E, no caso de um grupo religioso: o que fazer para que o Ideal seja estilo de vida e não se transforme em uma simples estrutura moralista que nos faz ser, publicamente, de um jeito e “por trás”, de outro?

Mais do que seguir ou não um Movimento, é preciso buscar a harmonia da coerência no nosso estilo de vida. Cada escolha exige, na sua essência, o sacrifício pessoal e o compromisso comunitário. Por isso ela deve ser verdadeira, antes de tudo, para quem a fez.

São questionamentos pessoais que cada um deve buscar refletir, para não viver uma vida esquizofrênica.

Basta de sermos só o país do futebol

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Passada a alegria de ver o Brasil ganhando mais um campeonato de futebol, acordei e fui trabalhar. Nenhum sinal aparente de festa nas ruas da minha São Paulo, ninguém falando só do jogo de ontem no trabalho, nada de exageros de patriotismo e uma única certeza: felizmente, não somos mais só o País do futebol.

No último século, fomos vistos internacionalmente assim: País do futebol (como também do carnaval = mulatas seminuas dançando, das praias, da desigualdade social, da violência).  Esse “status” é, na minha opinião, mais sinal depreciativo, que admiração e respeito pelo Brasil.

Mas, de maneira inesperada (como foi a ascensão do time de futebol brasileiro na Copa das Confederações) despontamos, corajosamente, sedentos de mudanças sociais, cansados de aceitar comodamente os desmandos e descasos da classe política do Brasil e fomos, como um povo, para a rua.

Esse sinal visível de tomada de consciência é a oportunidade que sonhávamos para exigir um país mais justo, menos corrupto e transformar nossos valores, nossa hospitalidade, alegria, em um patrimônio social, um legado para as próximas gerações.

A vitória no futebol não é NADA comparável as vitórias sociais que os protestos em todo o país vem produzindo, nos corações e mentes das pessoas, mesmo que ainda as mudanças concretas sejam pequenas – individual e coletivamente -, mas é inevitável: #ogiganteacordou.

Com a mesma paixão que milhares de torcedores cantavam o hino do Brasil antes de cada jogo de futebol, outros milhares foram às ruas, pacificamente, exigir uma VITÓRIA SOCIAL, quem sabe, com a mesma dedicação, respeito e seriedade que Scolari exigiu de seus jogadores na Copa das Confederações. (Infelizmente a Dilma parece não entender a pedagogia por trás do esporte).

Agora é hora de se preparar para o grande evento político de 2014: As eleições! Mas para isso, temos que treinar muito a nossa cidadania, cobrando a classe política, promovendo a consciência social e a formação, para sermos o país que todos esperamos… Campeão em educação, saúde, justiça social, respeito, honestidade….

Comunicação: a chance de encontro e o risco do fracasso

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“Se o homem moderno é livre, ele se encontra frequentemente sozinho, numa sociedade em que os laços familiares, corporativistas, socioculturais são menos fortes do que outrora”. Essa afirmação de Wolton introduz o seus conceito sobre as duas dimensões, segundo ele, contraditórias da comunicação e da liberdade, que evidencia a dificuldade da relação autêntica com o outro, “que se esquiva” e “impõe sua lógica”.

A liberdade – conquista histórica fundamental – como valor sociocultural, encontra, na comunicação autentica, um grande desafio em relação ao outro. Segundo o teórico francês, a dinâmica da comunicação segue uma “dupla hélice” normativa e funcional, que promove a chance do encontro e o risco do fracasso, pois mesmo que queiramos nos comunicar (porque somos livres), dependemos “do outro”, que (também) é livre para responder ou se abster.

É importante ter a consciência deste limite ontológico imposto pela relação comunicativa livre. Mesmo que a modernidade tenha facilitado as nossa possibilidades comunicativas, ela “não impede a incomunicação, nem o fracasso, nem a solidão”. Eu ser livre não garante necessariamente “encontrar o outro”.

Dessa forma, afirma Wolton, “informar, expressar-se e transmitir não são mais suficientes para criar uma comunicação”, que se manifesta hoje (em um ambiente democrático) como “espaço de coabitação”, onde se negociam as individualidades e os valores comuns.

Amaretiu, abisso mio

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Nenhuma poesia exprime o Amor que sinto.

Só sorrisos e olhares cotidianos,

podem desviar-te o engano,

de um amor que não é abismo.

 

E enquanto me desfaço,

mergulhando no vazio infinito,

encontro-te e te perco, cotidianamente.

 

Para adaptar-me já menti.

E por ser, deixei de existir.

“Agapeando” meu amor philia,

É que desejei-te “pra sempre”, dia após dia.

 

Tantos encontros, inúmeros “addio”.

Chegadas e partidas, beijos e lágrimas.

Amaretiu, abisso mio.

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