Author: Valter Hugo Muniz Page 48 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

“Franciscar” o catolicismo

francisco

Tenho que admitir que ainda estou me recuperando da passagem do Papa Francisco no Brasil.

A relação de um católico com o Papa, ainda mais sendo brasileiro, as vezes extrapola sim a consciência do cômpito que ele exerce na Igreja institucional. O amor à ele é de um filho que espera “aconchego”, carinho, encorajamento. Não é fanatismo, como muitos pensam, é o desejo de um amor que conforta, que dá esperança.

Esse amor “paterno” do Papa, ninguém pode negar, o atual sucessor do apóstolo Pedro, tem naturalmente dentro de si. Os momentos vividos “a distância” com Francisco foram emocionantes, regado de lágrimas, na certeza de que o amor de Deus por cada um chegou por todos os meios.

E bem, tenho que dizer que tive o privilégio de acompanhar, pessoalmente, alguns momentos históricos da Igreja Católica. Quando faleceu o então Papa João Paulo II, eu estava lá, entre os milhares de jovens que rezavam na Praça São Pedro, no Vaticano. Estive também no seu funeral e na missa de abertura do pontificado do Papa Emérito Bento XVI.

Cada uma dessas experiências “disse” algo para mim, como cristão católico. Depois delas, existia um desejo de conversão, de redescobrir o valor da minha religião e da mensagem UNIVERSAL que ela prega. Mas, com Francisco, pela primeira vez, me dei conta da grandeza da religião que professo. Não o catolicismo institucional, o, muitas vezes, horrendo “esqueleto” da Igreja como um corpo, mas do seu imenso coração, capaz de abraçar o mundo, independente do credo, da raça, sexo, país.

O testemunho do Papa Francisco, cheio de doçura, carinho, carisma ficará como uma lição inesquecível para mim de como um católico deve se comportar, o que é pertencer à Igreja e o que significa ter Deus como centro da vida. Francisco não só distribuiu beijos, abraços e acenos para os fiéis que foram encontrá-lo, mas teve a delicadeza e a humildade de exprimir o mesmo carinho aos padres, bispos e cardeais brasileiros, seus representantes no país.

Contudo… como ele mesmo afirmou, o cristianismo se vive “para fora”, não só para dentro. É no contato com “o outro”, essencialmente diferente, que encontramos no trabalho, no transporte público, pelas ruas das cidades, na Universidade que podemos “franciscar” nosso catolicismo. São nesses inúmeros lugares que podemos testemunhar a mesma doçura, o mesmo carinho e respeito, a maternidade universal que é vocação do catolicismo.

Por isso, saudoso do clima “franciscano” vivido nas últimas semanas, sinto-me chamado a responder, na minha vida, esse chamado que é Felicidade completa, interior, comunitária e, por isso, social.

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Recife: cidade abandonada

No começo da Gestão de João da Costa, discutiu-se e aplicou-se a nova utilização de placas, retirando as que eram irregulares. O Prefeito mandou tirar placas que poluiam visualmente a cidade, o que fez muito bem. O caso da Ponte do Pina era emblemático. João da Costa foi lá e tirou todas as placas, e resolveu colocar a dele. Passando em direção a Boa Viagem, ontem pela manhã, fui surpreendido por uma mega placa sendo colocada pela própria Prefeitura para se autopromover. Do carro mesmo resolvi tirar as fotos, que são uma verdadeira afronta ao bom-senso e à legalidade. A Prefeitura passou de leniente com a ilegalidade para partícipe. Parece pouco, mas é um grande passo em direção ao caos. (http://acertodecontas.blog.br/atualidades/o-pssimo-exemplo-vem-da-prefeitura-do-recife/)

No começo da Gestão de João da Costa, discutiu-se e aplicou-se a nova utilização de placas, retirando as que eram irregulares. O Prefeito mandou tirar placas que poluiam visualmente a cidade, o que fez muito bem. O caso da Ponte do Pina era emblemático. João da Costa foi lá e tirou todas as placas, e resolveu colocar a dele. Passando em direção a Boa Viagem, ontem pela manhã, fui surpreendido por uma mega placa sendo colocada pela própria Prefeitura para se autopromover. Do carro mesmo resolvi tirar as fotos, que são uma verdadeira afronta ao bom-senso e à legalidade. A Prefeitura passou de leniente com a ilegalidade para partícipe.
(http://acertodecontas.blog.br/atualidades/o-pssimo-exemplo-vem-da-prefeitura-do-recife/)

Estive em Recife, por um pouco mais de um mês, entre o final de dezembro de 2009 à janeiro de 2010.

A viagem serviu para conhecer familiares e lugares que fazem parte da minha origem materna, além de reencontrar amigos que conheci por meio dos Focolares.

Na “Veneza Brasileira” me deparei com os mesmos paradoxos sociais que existem na minha São Paulo, as segregações, a miséria, e  os (poucos) moradores de rua. Estranhei as favelas urbanas entre os ricos prédios de Boa Viagem. Experimentei a desorganização do trânsito da capital pernambucana.

Mas, mesmo diante dos problemas listados, me maravilhei com a beleza da cidade. Recife tem um pôr do sol inspirador, um frescor “a lá carioca”, que ilumina e acaricia o rosto sofrido de seu povo.

Voltar recentemente me,contudo, fez encarar uma triste realidade: Recife está abandonada.

Imensas crateras em quase todas as ruas, linhas de metrô irrisórias, trânsito caótico, imundice no centro comercial e um “Recife Antigo” pouco frequentado são alguns exemplos que me fizeram achar que a cidade regrediu, principalmente para aqueles que não moram nos bairros nobres.

As consequências sociais são graves. O povo parece lutar desesperadamente (e “desrespeitosamente”)  para se locomover, sobreviver.  Em Recife tive saudade da caótica São Paulo, encontrei a pior situação entre as oito capitais de estados brasileiros que visitei e, infelizmente, percebi que existe uma vida muito pior da que a dos meu conterrâneos do sudeste.

Uma cidade marcada por sua natureza privilegiada, sua cultura riquíssima e seu povo maravilhosamente acolhedor . Todos, contudo, cada vez mais vítimas do descaso do poder público que, parece, pouco faz para a maioria que mais precisa.

Retorno às origens: uma revolução interior

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Nada é mais frutuoso para a autoconsciência do que o retorno às origens.

Olhar para trás, focando nos caminhos percorridos pelas gerações que nos precederam, ajuda a repensar a própria vida, as escolhas e reconsiderar erros e acertos.

Quando esse retorno busca entender a história da humanidade os resultados já são fantásticos, mas quando o “olhar” é voltado para a história familiar as consequências são difíceis de dimensionar.

E bem… foi isso que fiz nas últimas três semanas.

Voltar às terras nordestinas da qual uma parte do meu genoma é originário é sempre impactante, me revoluciona “por dentro”, pois é uma “viagem” ao passado que explica muito do presente e dá pistas interessantes para conduzir o futuro.

Esse retorno, contudo, não promove só sentimentos bons, justificativas almejadas para os limites pessoais. Olhar para meus predecessores é, sobretudo, entender o quanto somos interligados, conectados, nas alegrias e nos traumas da vida.

É duro perceber que nem sempre as pessoas conseguem purificar-se dos erros repassados e  incutidos na educação recebida. Normalmente as pessoas assumem os traumas dos pais sem a consciência de que podem “curá-lo”, sem a responsabilidade do rompimento de uma cadeia de comportamentos negativos, que se reproduzem ao longo das gerações.

Por isso… acredito… é fundamental procurar explicações pessoais, sínteses, que nos libertem do passado negativo e que, mais do que tudo, evidenciem o POSITIVO do que nos foi transmitido. Os limites, as dificuldades e os erros que incorporamos devem servir como possibilidade de recomeço, crescimento, transformação pessoal.

Afinal de contas, a CO-VIVÊNCIA nos liga misteriosamente e “socializa” nossos limites e imperfeições, mas também nossos talentos, nosso amor fraterno.

Children of Men – 2006 – Alfonso Cuarón

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As reflexões a respeito do Apocalipse para onde a humanidade tem, ano após ano, se aproximado, geram inúmeras teorias. O que temos feito com a natureza e consequente não responsabilização individual e coletiva provavelmente acarretará em (mais) eventos extremos que “roubarão” a vida de muitos seres humanos.

Contudo, enquanto isso não acontece, vamos vivendo a nossa vida. Promovendo hábitos consumistas, desperdiçando alimentos, deixando de reciclar o reciclável, dirigindo nossos carros com ar condicionado e encontrando desculpas que justifiquem nosso individualismo.

“Children of Men” (ou, em português, Filhos da Esperança) me fez refletir justamente “de qual fim” o planeta Terra irá sucumbir, se continuamos a viver da maneira como mencionei acima. O filme se passa no ano de 2027, momento da história em que se vive uma crise sem precedentes porque as mulheres não conseguem mais engravidar. O mais novo ser humano morreu aos 18 anos e a humanidade discute seriamente a possibilidade de extinção.

Neste contexto Theodore Faron (Clive Owen), um ex-ativista desiludido que se tornou um burocrata e que vive em uma Londres arrasada pela violência e pelas seitas nacionalistas em guerra, é procurado por sua ex-esposa Julian (Julianne Moore), e apresentado a uma jovem que misteriosamente está grávida. De aí em diante eles passam a protegê-la a qualquer custo, por acreditar que a criança por vir seja a salvação da humanidade.

“Children of Men” é uma adaptação livre do romance “The Children of Men”, de P. D. James e foi indicado ao Oscar 2007(porém, sem vencer) nas categorias de Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Fotografia e Melhor edição.

Um filme bem interessante, que me surpreendeu positivamente.

 PS: O diretor mexicano Alfonso Cuarón dirigiu também o filme “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004)”

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Reflexões sobre a Fé

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Durante a minha “curta” existência, sempre foi difícil explicar conceitualmente o que a Fé me levou a intuir e conquistar.

Os estudos de “post” graduação me fizeram entender que todo conceito (apropriação) nasce do “excursus” (caminho) do intelecto, que revela a Verdade, na medida e na capacidade do nosso entendimento (e por isso, sempre parcial).

Contudo, a Fé não é simplesmente entendida – intelectualmente – “a priori”, mas é, antes de tudo, “experiência”. Como a grande parte dos conceitos que exploram a nossa “religiosidade antropológica” a Fé não pode ser explicada no simples encadeamento de palavras; ela exige que mergulhemos nela, com todo o nosso ser.

Lendo a nova encíclica do Papa Francisco (Lumen Fidei) redescobri que, socialmente, a Fé sempre foi vista como consequência do “vazio do inexplicável”. Ela é a solução/conceituação para o não conceitual, o não explicável a partir da inexorável razão. É redenção passiva e não força ativa.

E bem… voltando aos acontecimentos da minha vida e procurando “analisá-los” de maneira racional, é difícil encontrar respostas “pensadas” para todos eles. A “lógica” dos acasos, o encaixe perfeito de determinadas situações e as inúmeras soluções aparentemente impossíveis só tem explicação no meu interior. Ao mesmo tempo que elas pareçam, externamente, certezas subjetivas, para mim são, realmente, convicções matemáticas.

As minhas escolhas e os caminhos que tracei pessoalmente foram, em muitos momentos, levados fundamentalmente pela Fé de que existe uma Força Maior, capaz de ILUMINAR, ativamente, as incertezas (as sombras) que a vida apresenta. Procurar escutar essa Força, entendê-la, traduzi-la, consciente de que ela não é jamais, na sua essência, contraditória,  me ajudou a percorrer algumas etapas importantes da vida.

É essa a beleza da Fé, que caminha junto e não em oposição aos caminhos da razão. Por mais que eu tenha a certeza lógica das coisas, o desconhecido, o mistério, está na ontologia da nossa existência, fazendo da Fé um aliado importante da razão, pois capaz de produzir surpresas maiores, realizações impossíveis de prever, de controlar.

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