Author: Valter Hugo Muniz Page 46 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

O estatuto do receptor

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As reflexões a respeito da obra “É preciso salvar a comunicação” de Dominique Wolton, comunicólogo francês que faz uma leitura brilhante da comunicação, continuam, mesmo depois de uma longa pausa. Enquanto partilho questionamentos em torno deste livro que concluí, continuo me deliciando com outra obra “Informar não é comunicar”, que, de certa forma, é um complemento sintético do pensamento do autor.

Um dos aspectos mais importantes levantados por Wolton, na minha singela opinião, trata do estatuto do receptor. Nele, o autor discute o significado da alteridade, da aceitação do outro, essencialmente diferente.

Existe uma corrente de “comunicólogos”, principalmente de leitura marxista, que vê o receptor de uma mensagem (informação) como um indivíduo profundamente manipulado pela mídia, que produz as informações de acordo com seus próprios interesses.

Mesmo sendo uma questão complexa, eu me coloco “ao lado” de Wolton, acreditando na inteligência e autenticidade do receptor da mensagem-informação. Os indivíduos aprendem a resistir e até podem ser dominados pela comunicação e pelas mensagens, mas não são alienados. O receptor, afirma Wolton, “conserva a sua capacidade de dizer não, ainda que de maneira silenciosa”.

Essa questão, de certo modo polêmica, esbarra justamente no modo como o indivíduo é visto, dependendo dos interesses de quem promove uma determinada ideologia. Quando simples receptor de uma mensagem, ele é visto como passivo e manipulado, mas se é consumidor de um produto ou serviço, ou se a sua opinião conta em uma pesquisa IBOPE, o indivíduo é inteligente e ativo.

Dessa forma, seguindo as “trilhas” de Wolton, é fundamental redescobrir o importante papel do receptor dentro dos processos comunicativos (que não são exclusivamente relacionados à recepção da informação, mas também englobam as diferentes formas de participação política).

Nossas sociedades redescobrem a identidade de maneira relacional, isto é, no olhar para si mesmo e na abertura (e no respeito) para o outro e para o mundo. Assim, repensar o papel do receptor das informações, das imagens, dos dados, das mensagens é discutir por quem, para quem e com qual respeito à alteridade cultural eles são feitos. É repensar a democracia. Segundo Wolton, “o receptor dos países menos avançados é o contestador de amanhã. Hoje ele quer menos desigualdade; amanhã, desejará, com razão, mais respeito à diversidade”, tanto no aspecto sócio-político, quanto no aspecto cultural.

Mudando os paradigmas da guerra

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Enquanto as atenções da comunidade internacional estavam no Egito, diante do conflito entre aqueles que são pró e os contra o presidente deposto, Mohamed Morsi, um acontecimento escandaloso e sem precedentes atingiu o subúrbio de Damasco, na Síria. Ainda sem saber o autor e, muito menos, o motivo, os sírios estão chorando pelos milhares de mortos vítimas de um suposto ataque com armas químicas, na periferia da capital do país.

A tragédia do dia 21 de agosto passado me recorda outro triste acontecimento, no mesmo mês de agosto, mas há 68 anos. No dia 6, após seis meses de intenso bombardeio em 67 outras cidades japonesas, a bomba atômica “Little Boy” caiu sobre Hiroshima.

As estimativas do primeiro massacre por armas de destruição maciça sobre uma população civil apontam para um número total de 140 mil mortos só em Hiroshima, porque, alguns dias depois, outra bomba foi jogada na cidade de Nagasaki. Além das muitas vidas perdidas, o que se viu, na verdade, foi uma mudança de paradigmas em relação aos conflitos mundiais. A ação do exercito dos Estados Unidos criou uma tensão e insegurança que se estendeu até os dias de hoje, principalmente se pensarmos que líderes políticos, como o jovem ditador norte coreano Kim Jong-um, poderiam possuir armas de destruição em massa.

Contudo, não foi nem Kim Jong-um, nem o polêmico governo iraniano, que chocou o mundo cometendo um grave crime contra a humanidade. O uso de armas químicas aconteceu em solo Sírio, nação que, há anos, enterra os corpos de seus cidadãos, mortos na guerra civil que assola o país e agora vive uma experiência horrenda.

As fotos dos corpos, sobretudo de crianças, são um sinal visível da gravidade do acontecimento, mesmo sem apontar as consequências trágicas que podem vir em decorrência. Os membros do Conselho de Segurança da ONU estão se movendo e uma intervenção militar parece iminente. O governo Sírio já avisou que uma intervenção externa no país poderia “criar uma bola de fogo que inflamaria o Oriente Médio”.

O meu questionamento, talvez com certa ignorância, é sobre a maneira como a Organização das Nações Unidas age em relação a um conflito. Já é sabido que o Conselho de Segurança é ineficaz e não representa a visão e os interesses comuns da Comunidade Internacional. Enquanto morrem centenas no Egito, milhares na Síria e milhões no continente africano, a ONU se perde em interesses políticos e econômicos do Norte. As vidas dos Sul parecem ter um peso menor.

Difícil imaginar um desfecho pacífico, impossível prever qual a melhor saída diante da incapacidade de um governo estabelecido dar segurança aos seus cidadãos. Do lado de cá é fácil falar. Do lado de lá parece existir uma omissão proposital “no fazer”.

O paradoxo da partilha

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“Somente quando se é capaz de compartilhar que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha, se multiplica” disse o Papa Francisco, sobre a partilha, na visita à Comunidade de Varginha (Manguinhos).

Essa frase me caiu bem hoje de manhã, após refletir sobre os caminhos percorridos até aqui, na minha vida, e, sobretudo, por meio do meu BLOG, que está no advento do sétimo aniversario.

Nunca pensei que chegaria tão longe; Não acreditava que conseguiria me manter fiel a esse projeto tão bonito, tão importante para mim. Mas, foi justamente essa imensa vontade de compartilhar cada experiência, reflexão, cada momento da minha vida com “os outros” que me conduziu até aqui. “Outros”, profundamente diferentes e que, nesse imenso oceano da internet, decidiram navegar comigo e descobrir, “me olhando”, que somos tão humanos, limitados, mais também somos capazes de enxergar a vida de outra forma.

Daqui a três dias o escrevologoexisto.com irá completar mais um ano. Esse, talvez, o mais bonito deles, pois carregado de experiências e sentimentos de uma nova fase da vida, em família. A minha amada esposa Flavia, companheira e amiga, tem sempre me apoiado e me ajudado a entender que os dons são mesmo feitos para serem partilhados, como uma missão que dá significado a nossa existência e por isso, nos faz MAIS felizes se a aceitamos e, principalmente, concretizamos.

Pensar no meu blog é querer hoje abraçar cada um “que me leu”. Agradecer cada pessoa que passou na minha vida, cada relacionamento. Sem eles as palavras não teriam vida, sairiam somente da cabeça e não do coração.

É por cada um dos meus leitores que escrevo. E escrevendo, existo. escrevo Logo existo.

29 dias no país do Tsunami em cliques no FACEBOOK

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Na página “facebook” do escrevo Logo existo começa uma nova seção. Serão postadas, diariamente, fotos feitas  na minha viagem à Indonésia, em 2005, 6 meses após o Tsunami que devastou o sudoeste asiático.

A coletânea de fotos foi feita com uma câmera simples, compacta. Em cada clique, procurei registrar momentos, olhares, experiências, que até hoje aquecem o meu coração quando relembradas. (“recordar” é dar novamente ao coração).

Primeiramente pensei em apresentar a coleção de fotos em ordem cronológica, mas, pensando melhor, preferi respeitar o “Kairòs” (tempo certo) que ordena cada clique respeitando as lembranças ainda vivas no meu coração.

Espero que vocês gostem e partilhem!

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