Author: Valter Hugo Muniz Page 43 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

A santidade pelos olhos agnósticos

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Santidade. Para mim, que sou católico, é já difícil entendê-la conceitualmente, mas imagine para alguém que se nega a aceitar a existência de um Ser transcendente? Claro que, quando consideramos “figurinhas carimbadas” como Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino, Francisco de Assis e, nos tempos de hoje, Madre Teresa de Calcutá e Karol Wojtyła, parece ficar um pouco mais fácil “acreditar” que existem pessoas especiais que, com seu testemunho de vida, transformaram a sociedade/comunidade em que estavam inseridos.

Infelizmente, hoje a santidade é ignorada por ser um conceito essencialmente religioso; por ser interpretada como um tipo de fanatismo idealista em relação a uma determinada pessoa; por ser vista como crença ingênua, irracional, de que, pedindo (rezando) para “intercessores” as situações – principalmente ruins – podem mudar.

Essa visão – ou essas visões – limitada do significado de santidade acaba ocultando aquilo de mais “gritante” que os santos carregam para todos, independentemente do credo ou mesmo na ausência dele: a radicalidade e coerência de vida, baseadas naquilo que se acredita ser bom, não só para si ou para um grupo restrito, fechado, mas para toda a sociedade. Viver dessa forma é tão difícil quanto possível e a história da jovem italiana Chiara Badano, contada pelo agnóstico Franz Coriasco, é um exemplo incontestável de “modernização” da santidade.

Francisco de Assis, Madre Teresa e Chiara Badano “se encontram” na mesma radicalidade e coerência; na mesma simplicidade e existência direcionada aos outros; sendo, contudo, cada um deles, “senhores do próprio tempo”.  Chiara, por exemplo, usava calça jeans, gostava de esportes, não era dotada de inteligência ou beleza notável, não era alguém “especial” que se destacava pelo que se poderia observar “com os olhos”, encontrando-a pela rua, mas, como diria Antoine de Saint-Exupéry: “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. Isso fez o seu testemunho silencioso, até quando milhares de pessoas de todo o mundo tiveram a possibilidade de conhecer a sua história.

A “incapacidade” de colher a “mensagem” que a vida de Chiara Badano comunicava (e ainda comunica) está nas entrelinhas do livro “25 minutos” de Coriasco. Racionalmente o biógrafo de Chiara reconhece e acredita na grandeza da sua conterrânea de Sassello, norte da Itália, mas, interiormente, não consegue assimilar a essência dela. Será?

Tenho me debruçado em inúmeras biografias. Steve Jobs, Einstein…, mas a história de Chiara, “Luce” para os católicos, exala uma beleza instigante e faz perceber que a vida é muito curta para ser desperdiçada com projetos medíocres. Isso sim é exemplo de vida, testemunho cristão, ou melhor, santidade.

PS: A SARAIVA está vendendo o livro por R$17,00.

A primeira gestação matrimonial

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Há um pouco mais de dois anos, com minha então namorada e agora esposa Flavia, decidimos nos casar. Não foi nem um momento traumático, como se pode, talvez, imaginar, nem algo mágico, romântico, como as mulheres costumam idealizar, principalmente aquelas que baseiam suas experiências de vida nos filmes hollywoodianos. Foi uma decisão simples, pensada juntos, com alegria e serenidade.

Bom, cada vez mais eu percebo que o casamento tem realmente pouco a ver com “romantismos”. Digo isso, não porque desprezo gestos sinceros, simbólicos e românticos, muito pelo contrário, sei muito bem o valor e o significado disso para grande parte das pessoas, principalmente aquelas de duplo cromossomo X. Só acho que supervalorizá-los pode criar frustrações e tirar o foco para o que realmente importa na vida a dois: o companheirismo cotidiano.

Ontem, 22 de setembro, festejamos nossos nove meses de aventura em família. Não foram só rosas e muito menos espinhos que “enfeitaram” nosso casamento até agora. As dinâmicas, descobertas, dores e alegrias, nos levaram a reconhecer o “abismo do outro” que pode ser, sim, trabalhado, mas somente se, à priori, aceitamos o “diferente” assim como ele realmente é.

Essa experiência cíclica permeou a nossa primeira “gestação” matrimonial. Foram meses de um contínuo recomeçar que, contudo, provavelmente continuará nos próximos 9 meses, 9 anos, 9 décadas….  Tudo na simplicidade do companheirismo cotidiano. No calar e escutar, no respirar e falar, no infinito amar.

Isso faz do casamento algo tão bonito porque real, simples, possível. E sem dúvidas, dia após dia, acredito que posso repetir: foi a melhor coisa que eu fiz na vida.

Vento Preciso

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Chuva de inverno

que escorre sob minha triste face,

São lágrimas partilhadas com meu Deus

em seu mais puro disfarce.

Onde a dor – glorioso mistério – oculta o outro lado

E o amor, para tê-lo de novo, exige cuidado.

 

Gotas que lubrificam meu olhar disperso.

Reaver meu entusiasmo! Ajoelho e peço.

Aceitar-me criador inexperiente.

Esquecer-me demasiado inconsequente.

 

Brisa de primavera: aguardo-te ansioso.

Devolva-me o calor, sentimento gostoso.

Simples viver, menos verso.

Fazer poesia! Ajoelho e peço.

 

Inesperadamente Te reencontro.

Mesmo sem estar pronto.

Basta à renúncia de mim, basta um sorriso.

E as lágrimas se enxugam, por Ti, Vento Preciso.

A derrocada final do vemprarua

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Roberto Jefferson elogiando o novo julgamento para os acusados do Mensalão disse que, desta forma, “o Supremo afirmou que a democracia não é o regime da passeata, é o regime da lei. É a vitória da lei sobre a passeata”.

A afirmação do ex-deputado, condenado a sete anos de cadeia por corrupção e lavagem de dinheiro, cria um antagonismo esquizofrênico que, antes de tudo, fere a ontologia da democracia.

Demo+kratos” é um regime de governo em que o poder de tomar importantes decisões politicas está com os cidadãos, direta ou indiretamente. Isto é, democracia não é o regime da lei, mas a expressão comunitária dos interesses individuais, negociados em prol de um bem comum.

Subjugar o “governo do povo” à lei é colocar o Direito acima da sua (única) função: garantir que os interesses privados não se sobreponham aos comunitários, punindo (possivelmente) aqueles que se beneficiam pessoalmente da concessão de poder que lhes é conferido.

Roberto Jefferson e os outros 11 acusados pelo crime político, de maior gravidade no Brasil pós Collor, menosprezaram o clamor popular, o desejo de justiça coletivo, que deveria estar na ponta de um ambiente democrático.

A adoção de um novo julgamento para os acusados do Mensalão, mesmo se prevista em lei, exprime um fracasso simbólico, mais um, em um país que clama por justiça. Esta derrota não é no âmbito político-partidário, mas na desvalorização do #vemprarua, que mobilizou massivamente o povo e, agora, mostra novamente que, para mudar o país, é preciso muito mais que palavras de ordem.

Clique aqui e veja os quadrinhos que contam a história do Mensalão

Dinâmica vital

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É interessante, com o passar dos anos, me dar conta do quanto os limites, meus e dos outros, podem se tornar empecilhos problemáticos nos desenvolvimento dos mais variados projetos.

Uma das coisas mais bonitas da vida é poder viver por Algo grande, que valha à pena investir nossas energias, sem nos perdermos em nossa pequenez e acreditando que existe uma realidade que transcende os nossos limites. Essa utopia serve de guia, de Luz, no percorrer cada etapa, ajudando-nos a escolher qual a estrada é melhor seguir, ou se é melhor “parar para descansar”.

Contudo, viver (ou caminhar) não é só um movimento exterior. Desenvolver-se e adaptar-se exige, sobretudo, uma dinâmica interior. Partindo de uma autoanalise, visando à autoconsciência, somos capazes de estarmos mais abertos aos novos contextos que, nem sempre por “gosto”, devemos vivenciar.

O problema é que nem sempre estamos dispostos a encarar, de maneira positiva, esses desafios impostos e, dessa forma, acabamos vítima e causa de sofrimento. Se não fazemos uso da sabedoria para aceitar o “novo”, perdemos a chance de recuperar aquilo que nos ajuda a viver melhor e reencontrar a beleza de buscar, constantemente, o significado último da nossa existência.

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