Author: Valter Hugo Muniz Page 40 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

Casamento: Altamente recomendável!

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Casamento! Eita coisa boa que inventaram! É verdade. Posso garantir. Mas talvez porque, com a minha esposa, investimos nas condições necessárias para isso.

Olhando para a nossa história e a de muitos outros casais que, como nós, acreditam que a união estável entre duas pessoas é a base para a edificação de uma família, posso afirmar que sem a capacidade de renúncia e a profundidade nas escolhas e caminhos pessoais, não estaríamos festejando nossos 10 meses de casados hoje.

Bom, a renúncia é talvez a dimensão mais paradoxal “desta” vida. Pobres dos que não entendem que, sem ela, não se cresce, ninguém se relaciona! Renunciar é abrir-se, verdadeiramente, ao outro, sem, contudo, renegar a si mesmo. É perceber que a vida é feita da contínua e aventurosa “negociação de alteridades”.

Renunciar, muitas vezes, é também abrir mão do outro, para estar com ele no momento certo. Foi assim que eu e a Flavia fizemos.  Tivemos que ter a coragem (e a Fé) para superar a imaturidade do que sentíamos – e a pouca idade – para, cinco anos depois, reencontrarmo-nos e, enfim, começarmos a nossa vida juntos.

O caminho de aprofundamento das nossas escolhas e caminhos pessoais foi o outro aspecto que nos ajudou (e tem nos ajudado) na edificação da nossa família. Como tudo na vida, nos descobrimos aos poucos. Contudo, existe uma “força interior” misteriosa que – conscientes ou não – nos leva – se a seguimos – para a realização daquilo que nos faz Felizes.

Eu realmente acredito que as verdades se manifestam, principalmente, nas nossas vontades interiores. Não de maneira superficial, claro. Mas a Felicidade se revela no profundo de cada um e, procurando ser fiel a ela, percorrermos os caminhos necessários para encontrá-la.

Bom, hoje, festejando 10 meses de casamento, parece óbvio falar disso tudo. Mas não foi sempre assim. Parar chegar neste “momento” da minha/nossa história foi necessário percorrer um caminho doloroso, cheio de fracassos e, tanto a renúncia, como o exercício de ser/sermos eu/nós mesmo(s), profundamente, foram determinantes para chegar(mos) aqui, mais feliz(es) que ontem e menos que amanhã.

O individualismo dos protestantes

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O título desse comentário não quer, de forma alguma, relacionar os seguidores das religiões consideradas Protestantes, com a temática que será abordada. A escolha é, na verdade, uma crítica à onda de protestos que se instalou no Brasil e que, de uma expressão legitima de atenção pública aos direitos de determinados grupos, têm se tornado banais, beirando a ridicularizarão.

Pois bem. Como o professor Sakamoto escreveu em seu blog, eu também sou contra os maus tratos com qualquer tipo de animal, principalmente filhotes. Sobre os testes de medicamentos em animais, acredito que chegaremos a um ponto em que a tecnologia conseguirá simulações eficazes, mas, também creio que o uso de cobaias AINDA seja necessário (mas um especialista poderia certamente calibrar os “chutes” da opinião pública).

Contudo, a verdadeira reflexão proposta por Sakamoto, a respeito do descaso com o ser humano, precisa MESMO ser levada a sério. Aqui, não quero dissertar a respeito dos inúmeros casos de escravidão que ainda existem no Brasil e no Mundo, porque esse grave problema, mesmo constantemente silenciado, conta com um movimento de pessoas que já trabalham em prol da sua extinção.

Na verdade,  quando penso nos adeptos da “causa animal”, o que me causa mais revolta, é a capacidade de eles igualarem os direitos dos animais com ao dos seres humanos, ao ponto de humanizá-los, sem se dar conta de que a tal igualdade se limita à dignidade comum partilhada como “filhos da natureza”. Não nego a importância de salvaguardar a vida dos animais. Nesse mundo doente, talvez seja realmente necessário institucionalizar essa proteção. Mas, como também acenou Sakamoto, é necessário, antes de tudo, comover-nos com a exclusão dos direitos dos seres humanos. Sem que uma coisa, anule à outra.

Basta caminhar pelas ruas do centro de uma metrópole como São Paulo, para ver crianças (indefesas como os filhotes de Beagles) fumando pedra, limpando vidro de carro, jogadas pela calçada como lixos humanos e lembradas só quando cometem crimes. Diante da miséria dessas pessoas (parece que) pouca gente se move, se escandaliza, vai para rua protestar. Em vez disso, os “protestantes” gritam exigindo direitos individuais, para si mesmo, com pautas desarticuladas.

Continuemos a nos escandalizarmos com todas as injustiças existentes? Claro. Mas que ela suscite uma indignação que não se limite aos bichinhos de quatro patas, pois, enquanto isso, muitos de nossos irmãos “homo sapiens” continuarão marginalizados pelas ruas do país.

Continuamos inseguros

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Depois dos casos de espionagem contra políticos e empresas brasileiras, tenho lido bastante sobre o assunto e refletido muito sobre a segurança (ou a ausência dela) dentro do espaço público virtual.

As verdades aprendidas na escola que acenavam aos benefícios da, ainda recente, globalização, na medida em que o tempo passa, se transformam em receios, geram desconfiança. Mas será que é possível dar um passo para trás em relação a ela? Acredito que não.

O fato é que a nossa atuação no universo “ONLINE” está cada vez mais sujeita à observação. Aquilo que compramos, baixamos, visitamos e  escrevemos; tudo pode ser controlado, espionado.

Os motivos são, majoritariamente, econômicos e políticos. A internet tornou-se, não só, um espaço de troca, que redimensiona os limites geográficos, mas ela é também um “ambiente” passível de manipulação de informações que, talvez, pareciam sigilosas. Tudo é controlado também em prol da “personalização” das ofertas de consumo.

Até aí, nada de novo. Mas e eu? Eu sempre me pergunto se existe realmente um interesse “especial” em saber aquilo que faço (ou deixo de fazer) na internet.

Acredito que, enquanto eu for alguém politica e economicamente “insignificante”, pouca coisa me espera. Claro que os e-mails ou “posts” nas redes sociais podem ser interceptados e manipulados por hackers. Também meu cartão pode ser clonado e as transações bancárias interceptadas. Mas isso é, fundamentalmente, sinal de segurança diminuída? Sim, mas sem exageros.

Todo cuidado é pouco para aquilo que se faz na internet, mas é o mesmo cuidado que temos que ter circulando pelas ruas de uma grande metrópole, onde o risco de perder a vida é mais literal.

No final, continuamos inseguros.

Existência cíclica

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Desapaixona-se para se “reapaixonar”

Esquece-se para reencontrar

Sem jamais, porém,

deixar de (se) amar

Nesse perder constante

Fundamento existencial

Muda-se, transforma-se

Ninguém permanece igual.

E são as relações que nos revolucionam

Às vezes para melhor, e aí crescemos

Às vezes é ruim, só nos perdemos

Só não serve a solidão,

Precisa-se sempre de alguém

Que nos faz morrer, crescer, renascer

Renovando o ser.

Luto pelos professores do Brasil

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Hoje, de maneira especial, sinto uma profunda dificuldade em escrever algo de bom sobre a situação dos professores brasileiros.

Impossível, porém, não me orgulhar de ter sido alfabetizado por um membro dessa classe sofrida. Sou parte de uma pequena parcela da população que pode desfrutar dos privilégios de ser educada por uma professora “de verdade”. Crescendo, me dei conta de que a “maldição pedagógica” havia contaminado toda a minha família: primas, primos, tios e tias, muitos deles são professores, a maioria da rede Pública. Pior: acabei também me casando com uma filha de professora.

Cresci ouvindo muitos absurdos a respeito do que se passa dentro do Ensino Público, no Estado de São Paulo. Talvez por isso use, de maneira injusta, a palavra “maldição” para falar de um dos profissionais mais basilares de uma sociedade que se diz “desenvolvida”. Mas, não é preciso um olhar muito apurado para perceber que o cenário atual do professor brasileiro, justifique o emprego de “maldição”.

Acho que a festa pelo dia dos professores deveria ser levada mais a sério. Não bastam abraços dos discentes, os parabéns de diretores, secretários da educação, prefeitos, governadores e nem mesmo da “presidenta”. É preciso um olhar humano e estratégico em relação a esse profissional. Pois, o sucateamento das estruturas em que os professores trabalham e o descaso cultural que existe em relação a eles estão nos levando, como nação, para o fundo do poço.

Engana-se o “romântico” que pensa que a consciência coletiva tem crescido porque fizemos uma dezena de protestos exigindo “tudo”. Sem um projeto que coloque a educação (e seus profissionais) como um dos pilares do desenvolvimento da nação, nós não teremos nem passado, nem futuro.

O dia dos professores, até que a situação aspire uma mudança real, deveria ser lembrado com tristeza, um dia de LUTO, de reflexão, pelo que cada um de nós, cidadãos, NÃO tem exigido pela educação no Brasil.

Somos, como povo, incapazes de perceber que os valores de uma pátria têm na educação seu principal aliado. Por isso, estamos nos transformando, cada vez mais, em um país privo de Valores. Não somos o país da educação. Somos o país do futebol, das mulheres frutas, do pancadão, do PCC. E parece que está tudo bem.

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