Author: Valter Hugo Muniz Page 25 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

Terra Santa

Devaneios sobre o absurdo na Terra Santa

Terra Santa

AP

Já há algumas semanas tenho procurado ler os horrendos acontecimentos na Terra Santa, usando os instrumentos intelectuais que adquiri ao longo do tempo.

Dia após dia os jornais do mundo inteiro vêm estampando um dos genocídios mais impunes da história recente. O governo israelense e os grupos que reivindicam a soberania palestina se digladiam há anos, em um conflito armado que disseminou o ódio entre dois povos e que tem a ignorância e a omissão irresponsável dos governos estadunidense e europeu como grande promotor.

Quais leis defendem os civis da Terra Santa?

A recente escalada da violência, segundo a UNESCO, tirou a vida de mais de 400 crianças palestinas. Não acredito que valha a pena perder tempo debatendo as causas atuais, pois elas são menores se se olha o conflito em linhas gerais. Uma premissa, porém, é fundamental considerar: os responsáveis pelas mortes de agora e das últimas décadas provavelmente não serão punidos!

A resposta para a questão proposta acima é simples: a legislação internacional reconhece “legalmente” dois tipos de conflito armado: o internacional (entre duas nações internacionalmente reconhecidas) e o não internacional (entre um ou mais grupos rebeldes e um Estado soberano). O conflito Israel-Palestina não se encaixa em nenhum deles e essa situação não só admite a impunidade, mas contribui decisivamente para distanciamento do tão sonhado fim do conflito.

Reconhecimento do Estado Palestino

Terra SantaPara que seja dado um verdadeiro passo concreto rumo a paz na Terra Santa, acredito que seja imprescindível reconhecer o Estado Palestino. Contudo, infelizmente esse é um processo muito mais complexo do que aparenta. Além da multiplicidade de vozes que reivindicam o reconhecimento político palestino, sendo algumas delas moderadas, outras fundamentalistas, há interesses estratégicos e econômicos de outros países em jogo na região.

A falta de uma voz única fragmenta a causa palestina e permite que Israel justifique seus ataques impunes aos civis da Faixa de Gaza como “combate ao terrorismo” (que, até um certo ponto, é mesmo) promovido pelo Hamas.

Não vou ousar, de forma alguma, tentar dar respostas ou soluções para uma realidade muito mais complexa do que as minhas capacidades analíticas. Contudo, acredito que, enquanto não houver uma proporcionalidade entre as forças políticas, teremos dificuldades para encontrar uma solução diplomática e, dessa forma, continuaremos a ver um desesperador massacre de inocentes.

A mídia constrói ou destrói?

O que posso fazer, sem medo de errar, é analisar o papel da mídia nesse terrível conflito. Sinceramente, eu sou completamente cético a respeito da força da opinião pública na pacificação de um conflito. Sendo estratégico e lucrativo, mesmo que o mundo inteiro esteja contra, que o Papa, Gandhi, Dalai-Lama se pronunciem, um Estado não abrirá jamais mão do uso da força para conquistar seus objetivos. Isso diminui muito a força direta da mídia no que diz respeito a simples divulgação “pura” dos fatos.

Mas então o que a mídia pode fazer? A minha resposta é propor perguntas!

É notável, principalmente no universo acadêmico, que toda verdade (ou fragmento dela) nasce da pergunta certa. Nós percebemos o mundo. Vemos inúmeras situações e, a partir delas, criamos nossas teses, nossos julgamentos, que devem contudo serem verificadas e partilhadas para que tenham valor. Entretanto, uma boa tese, um bom julgamento, nasce de uma boa pergunta. É esse também o DEVER do jornalismo.

Contudo, o que tenho visto, em geral, é a tal fixação nos fatos, que só têm sentido se feita com profundidade e não de maneira fragmentada como os jornais têm feito de maneira corrente. As perguntas certas nos ajudam a pensar com profundidade. Por exemplo: Quem vende as armas para o Hamas? São os mesmos Estados que condenam publicamente conflito? Por que eles não são punidos? Por que não existe um maior esforço para unificar os grupos de interesse palestinos para então reconhecer a soberania do Estado Palestino? Pelo medo do fundamentalismo? Talvez. Ou então… Quais justificativas o governo israelense dá ao bombardear escolas da ONU? O Hamas está jogando seus mísseis a partir delas?

Tenho tantas perguntas! Só não entendo o porquê não existe uma força tarefa para propor outras e, no exercício de tentar respondê-las, nos ajudar a pensar alternativas, encontrar as verdadeiras causas e, principalmente, punir os verdadeiros culpados.

Mas, como eu disse anteriormente, existem muitos outros interesses em jogo. A vida dos civis – termo quase banalizado nos conflitos recentes – parece ser pouco relevada. Por que?

1º de agosto: A festa nacional de uma verdadeira Confederação

Confederação

Mix & Remix

Hoje, 1º de agosto, os Suíços celebram a sua Festa Nacional, uma interessante recordação do pacto que, em 1291, uniu os estados (cantões) de  UriSchwyz e Unterwalden e inaugurou o processo de formação da Confederação Suíça.

Chamados em alemão de Waldstätten (que designa um lugar forasteiro, em meio a natureza), os três estados, localizados no coração daquela que seria a Confœderatio Helvetica, uniram-se para enfrentarem juntos os seus inimigos comuns. O principal deles eram os Habsbourg, uma importante família real conhecida por ter fornecido todos os imperadores do chamado Sacro Império Romano Germânico, união de territórios da Europa Central sob a autoridade do Sacro Imperador Romano.

Entretanto, para unirem-se, foi preciso encontrar um fator comum entre aqueles três estados. Acredito que a renúncia de uma parcela da própria autonomia política só foi possível, devido à vontade recíproca de não se submeterem a um rei que não era “um deles”. A exigência do respeito e do reconhecimento de quem eram, fez com que eles lutassem juntos pela própria liberdade.

O Estado de vontade

Olhando o ser humano e a maneira como ele se desenvolve em diferentes culturas, pude notar muitas particularidades, mas também inúmeras semelhanças. A similaridade que considero mais curiosa e que pude presenciar em quase todas as culturas em que estive imerso, é o desejo de unidade comunitária.

Contudo, mesmo exprimindo uma vontade comum, a unidade de uma cultura ou de uma nação torna-se um patrimônio coletivo, proporcionalmente à quantidade de pessoas que “dão voz” a esse desejo. Ou seja, quanto mais membros legitimam a sua unidade, mais ela se plasma no “DNA” dessa comunidade.

Os interesses que fundam a unidade comunitária podem ser os mais variados, mas tudo parte do raciocínio lógico que leva à uma evidente conclusão: unidos somos mais fortes e mais ricos de recursos econômicos, culturais e militares.

A República Federativa do Brasil

ConfederaçãoInfelizmente, a história da formação do Brasil, como nação, diverge muito da Suíça. Enquanto na Confœderatio Helvetica as vontades populares foram envolvendo, pouco a pouco, os diferentes (e autônomos) reinos, que se uniram para, sobretudo, garantir a segurança e a prosperidade recíproca, nas terras de onde venho a liberdade de escolha foi sufocada pelos colonizadores europeus.

No Brasil, as doze capitanias hereditárias – primeiras “unidades federativas” – não eram espaços políticos constituídos a partir de uma vivência comunitária livre, mas ambientes de repulsa dos nativos, de exploração escravocrata e, sobretudo, de empossamento de recursos naturais que eram, posteriormente, transportados para a metrópole. O principal objetivo dos conquistadores não era habitar, partilhar conhecimentos e riquezas, mas simplesmente roubar.

Por isso, para mim o Brasil nunca foi uma Federação. Faltou-lhe justamente a vontade popular (ou o sentimento comum de nação) para legitimá-la. A República Federativa do Brasil foi uma invenção imposta, como a dos estados africanos no neocolonialismo.

A Confederação Suíça pelos olhos de um brasileiro

Confederação

A Suíça abre a porta (Mix & Remix)

Justamente pelo fato de ter crescido em um país onde as vontades populares não foram (e ainda não são) respeitadas, percebo a riqueza existente na Confederação Suíça. A soberania do desejo coletivo de estar unido, respeitando as identidades originais de cada estado, contribuiu (e ainda contribui) decisivamente para que o país se desenvolvesse preservando seus valores. Hoje a Confœderatio Helvetica não tem só três, mas 26 estados, 4 línguas nacionais e uma crescente quantidade de estrangeiros de todo o mundo, que chegam diariamente no país em busca de melhores condições de vida.

O contexto atual em que o país europeu está inserido – de crise econômica, social e política no Velho Continente – tem levado a Suíça a desenvolver um sentimento perigoso de “medo do outro (ou do diferente)”, que impulsiona muito mais ao fechamento, que à abertura.

Na história da formação do Estado Suíço, a negociação das individualidades, comprometidas não só com os bônus, mas também os ônus da união, fundou um modelo de democracia que o torna hoje uma das poucas nações democraticamente sólidas. É fundamental pensar mecanismos de responsabilização socioeconômica, sociopolítica e sociocultural, para que os valores genuinamente suíços sejam preservados. Contudo, fechar-se contra os crescentes movimentos de troca cultural, econômica, intelectual e social é renegar a grande descoberta dos “pais da Confederação”: que a união, na diversidade, faz a força.

Renunciar não é perder: a multiplicidade da vida à dois

Depois que me casei eu percebi que tudo aquilo que considerava bom no casamento estava errado. Casar é muito melhor do que eu poderia um dia ter imaginado. Engana-se porém, quem pensa que é uma situação fácil, feita só de alegrias e paz interior constante. O bom do casamento se apoia em muitos desafios e talvez o maior deles seja a contínua necessidade de renunciar a si mesmo.

Como no futebol ou na vida em geral, a grande lição que somos chamados muitas vezes a aprender (e a relembrar) é a de saber perder. Mas, no que diz respeito ao casamento, renunciar não é necessariamente perder. É fundamental descobrir, desde pequeno, que nem sempre as situações se apresentam da maneira que a gente espera. Pelo bem do outro, as vezes a gente faz grande renúncias, mas nenhuma delas, quando feita por Amor, nos traz somente ônus.

Renunciar não é perder: o efeito bumerangue

RenunciarTendo sempre acreditado na força do Amor, eu cansei de experimentar na minha vida que, cada ação feita buscando a felicidade verdadeira de quem está ao meu lado, sendo uma renúncia pequena ou grande, ela fatalmente retorna para mim de alguma forma, como um efeito bumerangue. A última experiência vivida dessa forma aconteceu na última semana.

Há quase quatro meses, eu e minha esposa chegamos na Europa para que ela possa concluir seus estudos. Antes, tínhamos uma vida maravilhosa no Brasil, cercada de amigos e familiares, além de ótimas perspectivas profissionais e certa estabilidade financeira.

Deixar tudo e começar a vida em um novo continente foi, para nós, abrir mão de muito. Eu, particularmente, acabei também renunciando muitas possibilidades profissionais interessantes, pois, como jornalista, tenho minha rede de contatos, sobretudo, no Brasil.

Mesmo assim, vim para Europa pronto à tudo, para que a minha esposa pudesse realizar seu projeto pessoal, que agora é também um projeto familiar. Fiz isso não por virtude minha ou romantismo. Eu também tive a oportunidade de fazer excelentes experiências formativas e não gostaria que o casamento fosse um impedimento para ela. Entretanto, as consequências dessa nossa escolha, na prática, foram muito mais difíceis de aceitar.

Cheguei em Genebra e tive que começar a aprender uma nova língua, o francês, voltar a praticar o inglês, pois qualquer possibilidade de trabalho aqui é fundamentalmente ligada as habilidades linguísticas. Após as primeiras sondagens de possíveis trabalhos senti que, no final das contas, acabaria trabalhando em algo ligado aos serviços, o que nunca achei menos digno, mas que me parecia uma pena depois do investimento que fiz na minha formação.

Porém, continuei fazendo a minha parte, estudando bastante e procurando estar disponível às pessoas que me pediam alguma ajuda. Depois de algumas semanas, de maneira completamente inesperada, surgiu uma oportunidade de trabalho ligada a minha profissão e na área que sempre quis me engajar (educação). Um ato de generosidade divina que nos marcou como família e que, ainda hoje, tento entender.

Minhas conclusões

Bom, escrevi tudo isso porque, na maioria das vezes, sinto que meus amigos jovens se perdem em seguranças materiais, ou têm medo de se comprometerem para toda vida com a pessoa que amam por todo o “incerto” que o casamento engloba.

Não vou mentir. É verdade: quando nos casamos, a gente não sabe o que nos espera. No bom e no “menos bom”! No meu caso, tranquilizou-me sempre ter exemplos próximos de casais que, apesar das dificuldades, das renúncias, descobriram que a felicidade de uma vida partilhada tem inúmeras facetas positivas. Eu e a Flavia só começamos a nossa aventura, mas aos poucos vamos deslumbrando a beleza inquestionável de algumas delas.

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O polêmico Silas Malafaia

Silas Malafaia

Idealista! Foi assim que o pastor Silas Malafaia se denominou na entrevista sensacional dada à renomada jornalista Maria Gabriela. Tenho de admitir que gosto de seres humanos idealistas. Talvez porque foi assim que, algumas vezes, meus professores me definiram.

Decidi escrever minhas reflexões logo após ver o programa, para tentar ser o mais fiel possível aos pensamentos e sentimentos que ele me suscitou.

Silas Malafaia: o orador

Silas MalafaiaSem sombra de dúvidas, o pastor pentecostal brasileiro tem um enorme dom da palavra. Não sei quantas vezes em minha vida encontrei um ser humano tão habilidoso no discursar como o senhor Malafaia. É incrível a sua capacidade de manejar sabiamente o tom e o teor das palavras.

A estratégia do pastor da Assembleia de Deus não é, nem de longe, se esconder. Silas Malafaia não é irônico ou pedante, mas uma espécie de gladiador, um guerreiro que usa seu discurso para expressar claramente suas verdades, seu idealismo.

Silas Malafaia: a incógnita

A veemência e a força expressiva de Malafaia me fez realmente pensar na veracidade daquilo que ele afirma. Não as verdades que ele descreve como bíblicas, os valores que defende, mas o “não dito”, a ausência de explicações completas de alguém que goza de – muitos ou poucos – recursos econômicos que a sua instituição religiosa parece prover.

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Sempre considerei os extremos perigosos. E em se tratando de um ser humano, desconfio da impressão de credibilidade extrema que ele, intencionalmente ou não, acaba passando. Durante a entrevista, ocultaram-se as fragilidades, os desvios, as dissonâncias que qualquer ser humano carrega consigo. Malafaia defendeu suas ideias a todo o momento sem, contudo, expor seus medos, suas dúvidas, aspectos fundamentais para um retrato completo de sua humanidade.

Silas Malafaia: o religioso

Muito daquilo que vejo muitos católicos, como eu, questionam nas igrejas evangélicas era praticado, há alguns séculos atrás, pela Igreja Católica. Toda instituição religiosa, quando prospera economicamente, passa a receber um olhar crítico, suspeito, como se fosse um instrumento perverso de poder, que usa de sua ideologia para convencer “ignorantes” e, em seguida, enriquecer. Esse pensamento me incomoda e, ao mesmo tempo que é carregado de ignorância e preconceito, muitas vezes exprime uma enorme ingenuidade.

É notável: a nossa sociedade é construída sobre diferentes ideologias. Religiosas, políticas, sociais, existe uma infinidade de “fragmentos de verdades” e, cada um, livremente, é levado a acreditar em um ou outro. O que não se pode, contudo, defender é ausência da ideologia “ateísta” que, com objetivos econômicos, quer edificar as verdades e os pressupostos sociais coletivos, ignorando as diferentes tradições religiosas.

SIM! Religião e política se discute

O que me incomodou em Malafaia, o que me incomoda no extremismo judeu, muçulmano, católico, é a incapacidade de negociar, de tolerar, sobretudo quando a religião se encontra com o poder político.

A democracia deveria ser um espaço dinâmico onde discutimos nossas verdades, não como torcedores de futebol, mas como seres humanos preocupados com o bem estar de TODOS, independentemente da cor, raça, opção sexual e etc.

Todas as leis devem proteger os cidadãos, não importa quem sejam. É preciso olhar sempre o ser humano, na sua multiplicidade, e jugar o que é certo e o que é errado baseado em uma séria observação, sem fundamentalismos, estando sempre pronto a negociar, descobrir o que é bem comum.

O bem que a entrevista com o pastor Silas Malafaia me fez foi enorme. Ajudou-me a descobrir quão fundamental é manter a mente aberta, ouvir os pontos de vista diferentes e me surpreender com aqueles em comum. Talvez a ESCUTAR seja uma das habilidades mais importantes que nós, brasileiros, precisamos urgentemente desenvolver. O futuro do Brasil depende profundamente disso.

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Política: o que eu tenho a ver com isso?

Eu e a política

Interesses. Todo mundo tem os seus. Tem gente que sonha em ter uma casa própria, ou um bom trabalho, ou uma educação de qualidade. São os nossos interesses pessoais que nos impulsionam a realizar nossos projetos, a trabalhar visando o nosso próprio bem estar.

Entretanto, inseridos em um contexto comunitário, que envolve outros indivíduos iguais em dignidade, direitos e deveres, encontramos um importante obstáculo toda vez que, individualmente, queremos algo. Não é que os nossos desejos pessoais tenham, essencialmente, menos valor quando expressos em um contexto coletivo. Mas, dentro de uma comunidade (unidade social reunida com base nos interesses/valores comuns) todo anseio individual, por melhor que seja, vem confrontado com o bem coletivo, com a sua capacidade de trazer bem estar também às outras pessoas que convivem em um mesmo espaço geográfico.

Para negociar civilizadamente os anseios individuais de maneira coletiva, surgiu a tal democracia, um “espaço dinâmico” onde a aplicação de um determinado interesse deve, à priori, ser discutida e aprovada pela “maioria”, com o pressuposto de que as decisões tomadas, de maneira representativa ou não, devem visar o bem comum.

Eu e a política

eu e a politicaA descrição acima foi a maneira mais simples que encontrei para explicar a importância da política na minha vida como cidadão, isto é, como um indivíduo inserido dentro de uma comunidade.

Eu, como qualquer outro ser humano, também anseio muitas coisas. Algumas realmente boas para mim e para as outras pessoas, outras nem tanto. Contudo, é o confronto com os outros “cidadãos” que vai permitir que as minhas ideias sejam aplicadas ou não a todos.

O sistema democrático brasileiro

Infelizmente, no Brasil, o sistema político (ou sistema democrático) é profundamente distante da população. Diante de uma estrutura baseada no governo representativo, isto é, onde escolhemos alguém para decidir por nós, temos como instrumento efetivo de participação “somente” o voto.

Claro, como os utópicos de plantão tentam nos convencer, podemos também acompanhar nossos candidatos eleitos e pressioná-los para que tomem decisões baseadas nos nossos interesses. Além disso, podemos propor iniciativas populares para transformar em lei uma boa ideia individual.

No primeiro caso, pressionar não muda muito uma situação, pois o político eleito raramente tem seu cargo ameaçado, mesmo se decidir desrespeitar os interesses dos seus eleitores. No segundo caso, uma iniciativa popular raramente consegue superar todos os entraves burocráticos para chegar ao plenário e, acima de tudo, ser aprovada pelo Congresso.

Enfim, como em qualquer sistema democrático, a participação é fundamental. Mas, especificamente no modelo brasileiro, ela tem ressonâncias limitadas. Ao meu ver, a verdadeira dinâmica democrática é feita, mais das discussões do dia-a-dia, do que do período eleitoral.

A necessidade de sermos atores políticos

No contexto atual, uma corajosa proposta precisa ser avaliada: a reforma política. Precisamos de mais instrumentos para incidir diretamente nas decisões políticas que nos concernem, começando em escala municipal, até chegar ao contexto federal. Alguns exemplos, como o orçamento participativo foram implementados em alguns municípios brasileiros, mas acho que limitar-se às decisões voltadas aos aspectos econômicos é muito pouco.

É fundamental a possibilidade (não a obrigatoriedade) de fazer valer os nossos interesses, obrigando o Poder Legislativo, em alguns casos, à consulta popular antes de aprovar uma determinada lei.

Até as próximas eleições presidenciais, uma vez por semana, irei publicar algumas reflexões e ideias baseadas na vivência de outros ambientes democráticos, com o simples objetivo de fomentar discussões sobre o Brasil que queremos.

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