Author: Valter Hugo Muniz Page 108 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

Agora sim sei o que é FUTEBOL

Ser jovem e gostar de futebol é ouvir de pais, tios, avós: _ Vocês não sabem o que é futebol?

Como assim? Vi Ronaldo “Fenômeno” jogar, vi Rivaldo, “Shownaldinho Gaúcho”, Fernando Torres, Drogba, Roney, Romário, Messi e mais que todos eles, vi o MAESTRO Zidane…

Mas, claro, era realmente ingênuo em querer achar que qualquer um deles resume, sozinho, o que traduz a expressão “futebol arte”.

Passei 26 anos da minha vida, apaixonado por futebol. Vi três finais de copas do mundo, das quais o meu Brasil ganhou duas. Vi muito títulos do meu amado Palmeiras, alimentei rivalidades com amigos, mas ainda faltava algo, ainda não conseguia entender o que “os mais velhos” tentavam resumir com os tais: Tostão, Carlos Alberto, Jairzinho, Falcão, Pelé, Gerson, Garrincha e tantos outros nomes que só reconheço em vídeos, retrospectivas.

Porém, o que talvez parecia impossível, lenda, passado… a realização de um futebol moderno, veloz, eficaz, bonito e ofensivo, finalmente se concretizou na minha vida. Tenho orgulho de dizer que pude ver jogar o fantástico time dos “Meninos da Vila”.

Claro, o orgulho é ainda maior porque eles não conseguiram vencer o meu Palmeiras. Subestimaram, dançaram, mas o que brilhou naquele 4×3 foi o rebolado malandro do “Armeration” e o show de Robert. Mas claro, isso foi um grande e prazeroso “deslize”.

Porque o Santos simplesmente vem humilhando todos os seus adversários… grandes, pequenos, fazendo muuuuuuuuuuitos gols, jogadas bonitas, transformando conceitos entre jovens que até então não sabiam o que realmente é a magia existente na palavra FUTEBOL.

Neymar, Robinho, Ganso, André, Madson e companhia transformaram a “burocracia” defendida por Mano Menezes, Carlos Alberto Parreira, Muricy Ramalho, Dunga, que muitas vezes pode até ser eficaz, mas que simplesmente deturpam a beleza que existe no esporte.

Obrigado Santos F.C. por me fazer descobrir que futebol não era nada do que pensava até então, estendo minha gratidão ao Barcelona F.C.. Juntos os dois clubes uniram alegria, criatividade e eficácia. Exemplo que todos os clubes (e seleções) do planeta deviam seguir.

Ser forte sem ser violento – Revista Cidade Nova – abril de 2010

Mathias Kaps

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Atualmente, a violência é um dos problemas que mais atingem as escolas. Todos nós conhecemos as imagens dos portões de escolas públicas com seguranças ou equipados com detector de metais para interceptar a entrada de armas. Não são raros também os casos de professores ameaçados de morte por alunos que, muitas vezes, não chegam a ter dez anos de idade. Entre os próprios estudantes, são muito comuns os casos de violência. Mas esse cenário não é corriqueiro só no Brasil. Nas escolas dos Estados Unidos e de muitos países da Europa, a violência tem se tornado um problema que está mobilizando o Poder Público e toda a sociedade. Cidade Nova conversou com o pedagogo alemão Mathias Kaps que iniciou o projeto “Stark ohne gewalt” (Ser forte sem ser violento) e que já envolveu mais de 150 mil jovens e adultos só na Alemanha.

Professor de matemática e religião, Mathias, de 44 anos, desenvolveu um trabalho audacioso que tem apresentado alternativas para a contenção da violência nas escolas. “Embora, tenha sido iniciado num contexto social e cultural completamente diferente do contexto brasileiro, o projeto tem uma dimensão universal porque quer, antes de tudo, atingir o coração dos jovens”, explica o seu idealizador, que acredita que a ideia principal do projeto é criar espaços para que os jovens aprendam a conviver e a construir algo juntos.
Cidade Nova entrevistou Mathias durante o Seminário Internacional “Educação e prevenção ao uso de drogas e à violência” para conhecer um pouco mais essa iniciativa que está suscitando o interesse de diversos educadores brasileiros.

Cidade NovaComo surgiu a ideia de fazer algo para diminuir a violência no ambiente escolar?
Mathias Kaps: Como professor eu sempre tive muito contato com os jovens.  No mundo da escola é comum os professores pensarem ter a solução para o problema dos estudantes. Eu vejo nos estudantes muitas capacidades e muitos talentos, mas nós adultos corremos o risco de não ajudá-los a enxergar tudo isso; não damos o espaço para que eles se desenvolvam. Na Alemanha, por exemplo, nós temos um currículo muito cheio de disciplinas, que, normalmente, não leva em consideração os talentos desses jovens. Na pedagogia se fala de Quociente de Inteligência (QI) e de Quociente Emocional (QE) que é um conceito para descrever a capacidade de reconhecer os próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles. Esse QE não vem em relevo nas nossas escolas. No trabalho com meus alunos, eu vi que deveria criar o espaço que eles precisam para encontrarem dentro de si a capacidade de distinguir aquilo que é certo ou errado.

E como isso se dá concretamente?
Na prática, a primeira coisa importante é perceber que está crescendo, cada vez mais, a dificuldade de construir relacionamentos entre professores e alunos e mesmo entre os estudantes. A falta de diálogo gera violência. E isso é óbvio. Na Alemanha, tivemos casos graves de violência entre estudantes. Diante desse quadro, percebi que era preciso tentar oferecer uma alternativa pedagógica a esses jovens. Havia necessidade de dar a eles um palco, um lugar onde pudessem desenvolver os próprios talentos. Desse modo, eles podiam elevar a autoestima e sentirem-se fortes sem precisa-rem recorrer à violência. Isso porque se você é forte interiormente, não precisa de violência. Foi assim que nasceu o “Stark ohne Gewalt”.

De onde veio a inspiração para o “Ser forte sem ser violento”?
Em 2004, no cinema alemão, foi lançado o filme “Rhythm is it” sobre um projeto da Filarmônica de Berlim que reuniu seus profissionais e meninos de rua para produzirem um espetáculo. Ver aquilo me fez tão bem que pensei: “Por que também nós não fazemos algo do gênero?” Pensei logo numa parceria com o Gen Rosso – banda musical multicultural que se propõe a disseminar a fraternidade por meio da música e da dança.

Eu fiz essa proposta para os artistas do Gen Rosso e eles gostaram da ideia. Em 2005, a banda estava na Alemanha para participar da Jornada Mundial da Juventude e eu, por acaso, durante o show, fiquei ao lado do diretor da Caritas diocesana da região de Colônia. Então, lhe disse: “Gostaria de fazer um projeto social com esse grupo”. E ele respondeu: “Seria uma coisa muito interessante”. Conversamos muito sobre o projeto e a Caritas se tornou nossa parceira e nos ajudou. Um ano depois, em 2006, o nosso projeto já estava sendo realizado em prisões e escolas de mais três cidades alemãs. Mais tarde, conseguimos um grande patrocínio da União Europeia com o qual pudemos levar o projeto a outros países.

Qual é a metodologia do projeto?
O núcleo central é a semana de atividades com o Gen Rosso. Durante uma semana os estudantes trabalham com os artistas, para depois  apresentarem um musical para toda a cidade. Essa semana está inserida num projeto pedagógico mais amplo que começa antes com os professores. Com estes, realizamos cursos de aprofundamento da cultura do diálogo e da fraternidade. Depois, eles são envolvidos na preparação das atividades.

Como os jovens acolhem a ideia?
Nas primeiras horas, eles têm dificuldade em entender a proposta. Principalmente porque não é uma atividade opcional; faz parte do programa da escola. Mas depois tudo muda. No primeiro dia de atividade, eles são distribuídos nos grupos de dança, teatro, instrumental e vocal e não têm ideia de onde tudo aquilo vai chegar. Mas, no segundo dia, eles começam a trabalhar todos juntos na montagem do palco e na definição do objetivo do projeto. A esse ponto, eles se dão conta de que estão construindo algo de grande. Depois, eles começam a perceber que existe uma intensa mobilização na cidade, e isso é um grande estímulo para todos.

Qual tem sido o resultado do projeto?
Esse projeto tem um autodinamismo. É uma iniciativa que marca a vida dos jovens. Um psicólogo disse que essa experiência gera um “trauma positivo” de modo que os jovens que a fazem ficam tão marcados que não conseguem esquecê-la. Assim, em momentos difíceis da vida deles, podem se lembrar dessa experiência e pensar: “Daquela vez, eu consegui me superar; aquela vez, eu consegui fazer algo grande, por que eu não posso fazer agora com os problemas que tenho?”

Na Alemanha, existe um sistema que divide as escolas pela capacidade intelectual dos alunos. É feito um teste e os mais inteligentes vão para o “Liceu”, enquanto os menos inteligentes vão para a “Escola baixa”. Já fizemos a experiência de trabalhar com as duas escolas juntas. Assim, tanto na dança quanto no canto não se via essa diferença de inteligência. Eles se tornam amigos. Vimos que o nosso projeto pode acabar com essa divisão produzida pelo Estado, e até mesmo acabar com a falta de relacionamento existente entre os professores que lecionam nesses dois tipos de escola.

Como é o envolvimento dos professores no projeto?
Um dos nossos objetivos, já no início, é envolver e entusiasmar a equipe de profissionais da escola, pois nem sempre todos entendem bem o objetivo do projeto. Mas quase sempre, no final, eles nos agradecem muito, dizendo que não imaginavam algo daquela dimensão. Uma vez, um professor perguntou a um dos seus alunos qual a diferença da equipe do nos-so projeto com a equipe da escola, e o aluno respondeu: “A diferença é que eles ainda sabem o meu nome, mesmo um dia depois de termos nos encontrado”. Acho que isso mostra que o projeto ajuda a construir relacionamentos verdadeiros.

É possível fazer um projeto dessa dimensão em um país como o Brasil, sem dinheiro e com tantas diferenças sociais?
A principal dimensão do projeto não está na sua forma, mas no estilo com o qual nós procuramos trabalhar. Eu vi que também aqui no Brasil, muitas vezes, o problema é que a pedagogia quer atingir o desenvolvimento do intelecto. A intenção é que os alunos se desenvolvam em sua inteligência. A pedagogia quer trabalhar a mente desses garotos, quer chegar ao coração desses estudantes e isso é possível fazer em qualquer lugar. Não realizamos esse projeto só na Alemanha, fazemos em toda a Europa, mesmo nos países do Leste Europeu onde não existem muitos patrocínios.

Cuba, um país muito pobre, há dois anos vem desenvolvendo um trabalho com jovens artistas, com a mesma metodologia do nosso projeto, com um sucesso enorme e que atinge bairros muito pobres, envolvendo inclusive meninos de rua. O meu desejo é também chegar com esse projeto no Brasil. Os jovens são iguais em todo lugar: gostam da música, da dança, do canto e têm dificuldade de se relacionar, de dialogar. Eu acho que essa falta de diálogo já é uma violência. Então, por meio dessas manifestações artísticas, por meio do projeto, eles podem dialogar e esse diálogo já é a paz.

O que você diria aos educadores que se sentiram motivados a desenvolver projetos como esse?
É importante antes de tudo ter um sonho e, depois, empenhar-se profundamente para a realização dele. Sem parar nos problemas. Manter o coração em paz, sem perder a esperança de que é possível. Se também no Brasil surge um projeto desse tipo e um professor é motivado a levá-lo para frente, ele deve começar! Aos poucos, a ideia vai se desenvolvendo. Essa foi a minha experiência pessoal. Eu sou um simples professor que tinha uma ideia e procurei amigos que tinham vontade de concretizá-la comigo. Agora, essa ideia já está se difundindo pelo mundo afora.

E você, como se sente pessoalmente com o sucesso do “Ser forte sem ser violento”?
Eu me sinto muito orgulhoso porque é bom ver realizada uma ideia que temos. Eu sou muito grato a Deus por me possibilitar viver uma experiência assim. Se não fosse esse projeto eu não estaria aqui no Brasil, nem teria conhecido todo o mundo. Nós fomos feitos para coisas grandes e se temos um sonho, devemos fazer de tudo para que esse sonho se realize e que vire, depois, algo grande. Precisamos ajudar as pessoas que estão ao nosso lado a querer fazer coisas grandes e a não se contentarem com coisas medíocres.

900 POST: Crime e pecado: Quem julga o que?

Um dos grandes avanços da legislação de um Estado é a Constituição¹. Esse conjunto de regras que, aplicadas, regem o comportamento dos cidadãos de um país tem diretrizes claras, mas, na pratica nem sempre é respeitado, o que não exclui um cidadão do seu estado primordial de membro de uma comunidade. A legislação prevê uma “retirada” desse individuo para reabilitá-lo ao convívio naquela sociedade, caso haja desrespeito as regras previstas.

Para os cristãos, o “livro de regras” que rege o próprio comportamento é chamado Evangelho. Ali estão mandamentos, relatos, parábolas, bem-aventuranças que explicitam as diretrizes para que um indivíduo seja reconhecido como “discípulo de cristo”. Contudo, diferente das leis estatais, a não “obediência” as regras do Evangelho não prevêem um afastamento comunitário. O erro cometido pode ser perdoado por meio de procedimentos específicos: arrependimento e confissão.

Na lei “do Estado” o escopo primordial é a ordem, que é submetida à obediência das leis, enquanto na lei “cristã” o objetivo é o homem e a sua felicidade, sendo consciente a sua limitação intrínseca de espelhar perfeitamente o regimento estabelecido no Evangelho. Por isso, enquanto na primeira situação o erro é suscetível ao julgamento, no segundo caso o julgamento não faz parte do seu regimento interno.

Essa premissa me faz ver claramente o que pode ser gerido pelo Estado e o que é posição religiosa, diferenças que a mídia raramente faz questão de entender e respeitar.

Venho acompanhando o caso escandaloso, vergonhoso, humilhante dos padres pedófilos, especificamente o caso de Arapiraca.

Pessoalmente me senti ferido, humilhado, por ser cristão e principalmente porque procuro viver da melhor forma possível às “regras” que essa “denominação” exige aos seus seguidores.

É estarrecedor perceber que um líder comunitário religioso se submete conscientemente a praticar não só um crime contra a sociedade, mas um desrespeito a toda a comunidade cristã que busca salvaguardar valores que a sociedade vai intensamente desprezando sem se dar conta das graves conseqüências que isso traz para a mesma. Mas, o que mais me ofendeu foi a cobertura sensacionalista e baixa feita pelo SBT no programa Conexão Repórter onde ficou clara a intenção do especial: destruir a imagem da Igreja e não simplesmente apontar e polemizar  um caso grave de crime contra a sociedade.

O aspecto moral – religioso que muitos insistem em usar como argumentação para atacar a Igreja não pode ser tratado de maneira tão superficial. Pois “crucificam”-se os culpados, mas não se reflete a causa, as motivações, o porquê.

De que adianta um órgão social, como a imprensa, que tem o dever de apresentar um “fato social” como esse grave episódio, se ele não nos impulsiona a buscar soluções e questionamentos que possam resolver ou ajudar na resolução do problema??

NADA!!! Isso é desserviço.

Crimes como pedofilia precisam ser investigados e os autores PUNIDOS! Não interessa se é padre, advogado, jornalista, professor. Essas regras estão sob tutela do Estado. Agora, usar de um fato social para levantar questionamentos que dizem respeito à Igreja, isso não é admissível. Não diz respeito a concepções e conclusões estritamente racionais.

A religiosidade não se baseia em regras como a de uma constituição. Na relação com a fé, existem palavras como misericórdia, perdão, arrependimento, que separam claramente pecador e pecado. O erro não é questionável, é um fato, mas o pecador tem sempre como ser perdoado. Afinal de contas, quem nunca errou? Quem nunca ofendeu? Quem está isento da necessidade de perdão e da misericórdia, primeiro das pessoas e, para quem acredita, de DEUS?

“Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire a pedra contra ela. (João 8:7-11). Esse desafio foi feito por Jesus no caso da mulher adúltera. Era hábito naquele tempo apedrejar a mulher que fosse pega em adultério – o que naquela época era um crime MORAL grave, e que hoje é já tratado como “algo normal”. Ele chamou a todos para uma reflexão, queria que eles refletissem antes de condenar os outros. Esse é um comportamento normal do ser humano, ver o cisco no olho dos outros – sem ver o pedaço de pau no seu olho.

Isso para separar o pecado do crime. O erro moral pode ser julgado pela lei? Quem é que julga? Melhor, quem é capacitado o suficiente para julgá-lo? Agora, crimes como homicídio e mesmo a pedofilia são problemas sociais e por isso devem ter observação e punição nessa esfera.

Mas aqui ficam alguns questionamentos:

  • Será que socialmente não estamos criando cada vez mais condições para que casos como esses se ampliem?
  • Não seria demagogia demais uma mídia que “erotiza” crianças e usa da sexualidade como principal motor de audiência, faça a defesa da busca de uma verdade brutal, de que talvez ela seja a principal causa?
  • É moralmente mais chocante se dar conta de um padre, com mais de oitenta anos, mais de cinqüenta de celibato, estar envolvido em um escândalo como esse. Mas será que as pessoas se dão conta de que a grande maioria dos casos de pedofilia acontece em famílias, geralmente por pais, ou pessoas ligadas à família?

O mais importante aqui é não olhar casos específicos para atacar uma comunidade, como a cristã, que busca seguir as “regras” e tem tantos exemplos bons, de trabalho humanitário, de ajuda, mais que tudo… de busca!

Quando transferimos a problemática para uma família, talvez fica mais fácil analisar. Ás vezes sob um mesmo teto todos são trabalhadores, procuram se amar, se querem bem, mas um dos membros da família, por liberdade e escolha resolve optar por “outros caminhos”. Não quer trabalhar, se envolve com drogas, o que gera dor, tristeza, vergonha, sobretudo perante “os outros”. Mas, mesmo diante de tudo isso, qual é a atitude que a família geralmente tem em relação a essa pessoa? De descaso, expulsão? Não. Existindo amor, todos procuram ajudar até que o problema seja resolvido. É assim que a comunidade cristã procura assumir seus problemas. Há sofrimento, há vergonha, mas, acima de tudo, deve haver amor e coragem para enfrentar um problema grave e real.

Acho interessante como a sociedade laica lutou em prol de um Estado que se dissociasse da religião, mas que agora, insistentemente, querem influenciar “o outro lado”, em uma esfera que não lhe diz respeito.

Isso não é justificativa para o crime dos padres. É só mostrar claramente a diferença entre crime e pecado. Ajuda a criar consciência diante das manipulações midiáticas que misturam o perdão religioso e a punição prevista por meio de procedimentos legais, na nossa Constituição.

Texto de apoio:

Carlos Alberto di Franco: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100405/not_imp533751,0.php

Dom Odilo Scherer: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100410/not_imp536428,0.php

29 dias no país do Tsunami – Parte 27: Deixando Nias

 

Nós, crianças!

Enfim, depois de dez dias maravilhosos na ilha de Nias, chegou a hora de ir embora.

Durante os dias vividos aqui eu pude sentir realmente o amor de cada habitante desse lugar. Encontramos um povo sorridente mesmo tendo sofrido muito por conta das duas terríveis catástrofes naturais que eles atingiram a ilha.

Tinha na mente o preconceito de que não era um povo trabalhador. Ainda está na minha mente a imagem daqueles muitos jovens sentados no “meio fio” das suas casas, à toa… aquilo me fez pensar: Porque eles não trabalham para ter uma vida melhor?

_ O que é melhor para você? Eles têm família, têm casa, têm comida, o que precisam mais? – foi a resposta de Ponty e percebi que realmente o nosso conceito ocidental de “vida melhor” é a maior das ilusões. Ter não tem nenhuma relação com SER!

Eles são um povo feliz com aquilo que têm e por isso não procuram produzir para ter sempre mais. Questão de mentalidade.

 

Medo de altura…

Um momento especial foi poder conhecer a vila onde mora a família de Ponty. Claro que já o via como um grande irmão, mas ir até lá e viver com ele aquelas recordações, conhecer a sua família, as pessoas que o viram crescer, nos ligou ainda mais.

 

Para mim é sempre difícil ir embora. É a velha historia da mulher que está apegada a bolsa que há nas mãos e não quer deixá-la para pegar a grande mala que está logo adiante, com medo do período que vai estar “de mãos vazias”.

Entendo que me ligo às pessoas e as situações quando deixo o meu EU crescer na frente de Deus, porém não quero deixar de me esforçar.

Quem são os nossos modelos?

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“_Boa noite meus HERÓIS!!”

Era assim que o renomado jornalista da Rede Globo, Pedro Bial, começava a dialogar, todas as noites, com os participantes de um dos programas mais vistos na televisão brasileira em 2009. A décima edição do Big Brother colocou relevo, entre tantas perguntas, uma em especial:

Quem são os modelos que a sociedade e a mídia trazem para uma geração de jovens da qual faço parte?

Assisti quase completamente a última edição do “show da vida real”, para analisar criticamente e poder dizer o que a experiência gerou em mim e, devo admitir, fui seduzido. Sem perceber estava discutindo, lendo artigos na internet sobre o programa, interessei-me pelos participantes, principalmente para as mulheres bonitas, sem nem mesmo me perguntar se estava fazendo a coisa certa.

Mas, na sua fase final, as descaradas manipulações de edição e o baixo nível moral do programa, me ajudaram a voltar ao “estado crítico” e entender que realmente o Big Brother faz mais mal do que bem a minha geração.

A primeira coisa que ficou clara é que não são profissionais banais que produzem o programa. São pessoas muito capazes. O próprio Pedro Bial foi um jornalista muito gabaritado, cobriu a Guerra do Golfo, a queda do Muro de Berlim e no final, se vendeu a um “desserviço” que a Central de Jornalismo da Rede Globo, vem há 10 anos, fazendo para a população, confundindo ficção e realidade. (ou será que realmente alguém acredita que o que se vive dentro da “Nave Big Brother” é real?)

Mas, o que mais me chamou a atenção no programa foi na escolha dos participantes e no como eles se prestavam dentro da “casa”.

Uma “pseudo diversidade” caricata que, desta vez, colocou em situações depravadas homens, mulheres e homossexuais, institucionalizando os três “gêneros” e os subseqüentes comportamentos de maneira unilateral.

Expor na televisão que existe esse tipo de “harmonia entre gêneros” parece banalizar e pior, sentenciar uma discussão social que não quer ouvir “todos os lados”. Não se deve marginalizar o homossexual, isso nunca, mas se deve discutir profundamente o homossexualismo como modelo de felicidade, como projeto de vida, também no que diz respeito à saúde pública. Não gosto desta “pseudo tolerância” que o relativismo produz.

Acredito que nem mesmo os homossexuais gostaram de ser apresentados como modelo de depravação, de uma sexualidade animal, que nada tinha de bonito, natural… Voltamos à idade das cavernas?

Acho que posso resumir o meu pensamento com o comentário de minha irmã mais nova, sobre como o Big Brother apresentou seus “modelos de gênero”: “Conseguiram em um programa destruir toda a imagem da mulher, não tinha sequer uma decente“.

Pois bem, a televisão continua criando arquétipos que impulsionem ainda mais a adoção social do relativismo. “Enquanto não sei quem sou, sou bissexual, experimento um pouco de tudo, LIVRE e depois vejo e decido aquilo que me atrai mais”.

Contudo acredito que surge cada vez mais o espaço (e a adoção) do relativismo por conseqüência da “morte” dos modelos “padrão” de felicidade.

O amor paterno, materno, era o que moldava justamente o desejo de construir famílias (e pessoas) sadias e realizadas, externa e internamente. Agora o que dizer disso após casos como o da menina Isabella, em que o próprio pai foi capaz de arremessá-la do alto de um prédio? Além dos inúmeros casos de pais que espancam seus filhos, que nem mesmo estão presentes, em prol do bem-estar econômico ou que delegam às escolas a função de educar que lhes cabe. Isso sem mencionar o extremo do absurdo dos noticiados casos de pais pedófilos.

Falar em pedofilia é colocar em discussão outro modelo de felicidade (e moralidade) sepultado para a mídia: o sacerdócio. Padres pedófilos em diversas partes do mundo são condenados pela mídia, evidenciando o “pânico moral”, “conceito nascido nos anos 1970 para explicar como alguns problemas são objeto de uma “hiperconstrução social”. Os pânicos morais foram definidos como problemas socialmente construídos, caracterizados por uma amplificação sistemática dos dados reais, seja na exposição midiática, seja na discussão política”. (http://www.deuslovult.org/wp-content/uploads/2010/03/Padres-pedofilos-panico-moral.pdf)

A reportagem apresentada pelo meu colega, Daniel Fassa, sobre a comercialização sexual (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm0504201001.htm) coloca em discussão a razão para a minha premissa: Se os pais estão cada vez mais distantes dos filhos, se a televisão vem constantemente institucionalizando a imoralidade e o relativismo como caminhos para descoberta da felicidade, se a mídia continua buscando desconstruir os poucos modelos concretos de felicidade, como a família, num pacto promiscuo com aglomerados comerciais que criou o “comercio de si mesmo”, para se  beneficiar economicamente das pessoas, quais modelos de Felicidade verdadeira nós jovens podemos ainda encontrar?

Queria fazer essas perguntas aos meus amigos, mas tentei primeiramente EU, responder a essa pergunta.

Para mim Felicidade é descobrir a capacidade de fazer feliz quem está ao meu lado. Reconheço-me ser humano, a medida que esse amor é sentido, transforma. O amigo da editora Klaus Brüschke Cidade Nova, um dia falando do meu blog Escrevo, logo existo” sugeriu a alteração deste para: Sou lido, logo a minha existência se cumpre…”, remetendo-se a Borges que diz que um livro só é livro quando é lido. Do contrário é um calhamaço de papel.

Transportando a mesma afirmação para a Felicidade é justamente nela que me apoio procuro meus exemplos, pessoas que abriram mão dos pseudo-modelos midiáticos (um trabalho que ganhe muito dinheiro, mas que exige “passar por cima das pessoas”, uma vida estável em uma casa grande, que se esquece das pessoas que sequer têm dignidade, uma vida promiscua que preenche só os desejos “da carne” e nos torna animais como quaisquer outros.) para tantas vezes “se sacrificarem” por quem está ao lado, abrirem mão do individualismo e assim descobrir uma Outra felicidade, que custa mais, mas que proporciona uma realização proporcional.

São esses os meus modelos, os meus heróis, mas heróis humanos! Expostos às mesmas ilusões projetadas pela mídia, mas que em vez de simplesmente absorverem esses “pseudo-modelos”, procuram, dentro de si, encontrarem verdades “que não passam”, mas que nem sempre vêm grátis.

A partir dessa compreensão passei a adotar a máxima que diz “o máximo de felicidade exige o máximo de sacrifício“. Mas se isso não é vivido, se não ousamos, ao menos, procurar fazer a experiência, de olhar criticamente para as “realidades” apresentadas, não passará de uma frase de efeito.

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