Author: Valter Hugo Muniz Page 10 of 240

Valter Hugo Muniz - Formado em Comunicação Social com ênfase em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de SP (PUC-SP) em 2009, concluiu em 2012 a “laurea magistrale” em Ciências Políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália. Com experiência em agências de comunicação, multinacionais, editoras e televisão é, atualmente, consultor de comunicação na ONG Arigatou International, em Genebra, Suíça. Com vivência de mais de cinco anos na Europa (Itália e Suíça), participou de trabalhos voluntários em São Paulo e na Indonésia pós Tsunami (2005), além de uma breve estadia na Costa do Marfim (2014). É fundador do escrevoLogoexisto.

Obama e o caminho para uma unidade mais perfeita

Desde a primeira vez que assisti Barack Obama discursar fiquei apaixonado pela maneira como o ainda candidato a presidente dos Estados Unidos partilhava suas ideias com seus compatriotas.

Os discursos de Obama apresentados no livro “Nós somos a mudança que buscamos” revelam muito dos seus ideais, valores e a visão de um país a caminho de uma unidade mais perfeita.

O livro mudou a maneira como eu vejo esse que foi um dos mais brilhantes líderes do século XXI . Ele transformou a minha admiração ingênua por Obama em um profundo respeito por tudo aquilo que ele realizou, apesar das incoerências.

… para mudar é preciso mais que dizer o que se pensa – é preciso ouvir também. Em particular, é necessário ouvir aqueles de quem discordamos e estar dispostos a entrar em acordo.

Pronunciamento na CERIMÔNIA de formaTura da universidade de howard, 7 de maio de 2016

O paradoxo da ascensão de Donald Trump logo após um líder como Barack Obama é no mínimo intrigante, e mostra que a democracia é um longo, complexo e tortuoso caminho, cheio de imperfeições e frustrações, mas que, mesmo assim, como diz o próprio Obama, é a melhor alternativa que temos.

Um aniversário repleto de conexão

De todos os aniversários que festejei até hoje, esse foi literalmente o mais conectado. Comemorar confinado mais um ano vivido não era o que eu desejava. Mesmo assim deu para colher algo de positivo daquele 23 de março.

Não consigo recordar outro aniversário em que tenha sido contatado por tanta gente. A atual crise global, por mais dramática e triste que seja, aproximou as pessoas dos mais diferentes contextos. A necessidade da reclusão também ampliou o contato, mesmo que virtual, entre colegas de trabalho, amigos e familiares. 

Ao olharmos com parcimônia, talvez seja possível perceber que a crise do Coronavírus nos permite diminuir o ritmo e, com isso, redimensionar a valor e o tempo que investimos nos nossos relacionamentos. O fim forçado da correria do dia-a-dia parece revelar com maior clareza a importância de exprimirmos empatia e gratidão. 

Enfim, o que se encaminhava para ser potencialmente um dia triste, tornou-se uma das mais memoráveis e profundas celebrações que vivi. O nosso olhar para a vida nunca mais será o mesmo depois do Coronavírus. Espero que a maneira como nos relacionamos também.

coronavirus, elderly

Coronavirus and the others

Since the beginning of the Coronavirus crisis, I’ve been trying to be well informed to handle the new dynamics of this situation with the serenity it needs.

It is quite easy to keep myself calm when my beloved ones and I don’t belong to the vulnerable groups that are risking their lives at the moment.

Being part of an international and intergenerational workplace quickly helped me to be extremely careful about my role in this crisis. I would feel awful if I transmit the virus to those considered unprotected in this pandemic times.

If we remain selfish now, we can kill people. That seems to be a critical point of the crisis in Europe. How a continent where the most valuable element in the society appears to be its economic performance; that systematically excludes elderly people and ignores vulnerable minorities, like refugees, can promote a dramatical shift of people’s lives “only” to protect those in risk?

The Coronavirus crisis calls us for exercising empathy, solidarity, care and love to those who need. It’s time to show in practical ways the human values that we are continually preaching.

O grito

O grito

Há algumas semanas atrás perdi a cabeça e gritei (gritar mesmo!) com a minha filha de dois anos. Acho que posso dizer que fui uma criança, um jovem e sou um adulto muito amado. Claro que sofri algumas vezes com a violência de uma educação disciplinadora, mas isso não justifica a minha atitude com a pequena Tainá, ainda aprendendo a lidar com os próprios sentimentos e frustrações.

Comportar-me daquela maneira mexeu comigo por dentro. Foi mais uma descarada revelação da paternidade sobre mim e os meus limites.

É muito prazeroso e confortável perceber que tudo está sob controle. Ao menos para mim. Talvez por isso a consciência de ter perdido as estribeiras tenha me abalado tanto. O meu grito de descontrole me fez entender o real valor de uma vida equilibrada, ainda mais quando os filhos são pequenos e necessitam de energia extra dos pais para superar os desafios da primeira infância.

Aquele grito ecoou de volta para mim. Revelou-me um pouco mais quem sou e me ajudou a rever algumas das minhas escolhas fundamentais.

Equilíbrio

Cresci acreditando que as relações são essencialmente  complementares. O que nos falta buscamos no outro e assim conquistamos o almejado equilíbrio que é fonte de serenidade e segurança.

Foi a partenidade que me fez perder essa concepção perigosa de procurar a paz interior na relação com o outro. Filhos precisam de pais completos, não perfeitos, mas prontos para acolhê-los sem esperar nada em troca. 

Assim é necessário construir um equilíbrio sem muletas externas, mas no exercício cotidiano de acolhida paciente de si mesmo e de quem vive conosco. E haja energia!!

Estamos na último trimeste da chegada da nossa segunda filha. O barrigão da minha esposa é já uma evidência concreta de que logo a nossa primogênita não terá mais atenção exclusiva.

Essa passagem importante e traumática tem exigido muito de nós. É a perda do equilibrio conquistado no último ano. A grande descoberta para mim foi perceber que para reavê- lo tenho que refazer a minha escolha de amar sem pretender. Acolher respeitando o tempo do outro.

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