Enquanto a data prevista para chegada do nosso terceiro filho se aproxima, tenho de admitir que tem sido muito difícil encontrar a mesma conexão que tive comigo mesmo na chegada da Yara e sobretudo da Tainá.
Não é uma questão relacionada aos filhos, mas como a vida vai se desenhando na medida em que a família cresce. O coração alarga, mas o tempo, por outro lado, não parece cultivar algum tipo de generosidade expansiva. Os dias continuam limitados às 24 horas em que tentamos atender todas as crescentes demandas.
Nessa fase, além de lidar com a fragilidade de uma esposa que se prepara para um momento fisicamente ultrajante, temos duas filhas que continuam precisando de atenção, cuidado e acolhimento. As dinâmicas familiares também se entrelaçam com as responsabilidades profissionais, a família alargada, os amigos. Não falta espaço no coração, mas sim tempo para cultivar as relações que nos abastecem.
Como costumo dizer, na família, o pai é sempre o último. É uma passagem gradativa, um convite ao serviço. E pais são chamados a servir silenciosamente, cuidar, sem esperar reconhecimento ou reciprocidade.
Nesses momentos, o que me sustenta é viver cada realidade com atenção. Abertura. Humildade. Sem vitimismo. Procurando fazer o melhor que posso, com as forças que tenho. E me desculpando comigo mesmo e com os outros, quando sobra pouco para dar.
Só assim eu encontro sentido, felicidade para continuar caminhando e servindo.