Às vezes eu me pergunto qual é o impacto de crescer sendo amado na vida de um ser humano.
Todos os dias eu me despeço da minha primogênita declarando meu amor por ela. É emocionante receber um sorriso como resposta e não questionamentos do porquê, ou dúvidas sobre a veracidade das minhas palavras. E porque ela duvidaria? Crianças são surpreendentemente hábeis no acolher, nos acolher, o que nos impulsiona naturalmente a amá-las ainda mais.
Adultos? Adultos são mesquinhos, contabilizam seus “atos o amor”, transformando-o em mercadoria. Esquecem que o valor do amor está na sua intrínseca gratuidade. Ao menos o àgape*.
Na relação com a criança o amor é puro, ama porque ama e não pode nada além de amar. E parece que quando esse amor é elemento constitutivo do crescimento de alguém, existe uma facilidade de gerá-lo proativamente, sendo capaz de transformar as relações.
Sem gratuidade e proatividade não existe amor. O que existe são indivíduos que almejam exclusivamente serem amados, simples consumidores.
* O amor ágape é aquele tipo de amor que não busca seus próprios interesses, é um amor desinteressado, puro e genuíno. O amor ágape não esmorece, mas é constante e permanece forte até às últimas consequências, é um tipo de amor invencível, capaz de amar o mais indigno dos homens.