Raríssimas vezes eu tive a possibilidade de presenciar, fisicamente, um momento histórico. Entretanto, daqui a alguns anos, quando olhar para o passado, vou lembrar com um sorriso gostoso o dia 12 de dezembro de 2015, dia do Acordo de Paris em relação as mudanças climáticas. A COP21 foi a primeira ocasião na história moderna que se chegou a um acordo realmente global.
A preocupação internacional em relação ao futuro do planeta levou os representantes de quase todas as nações da terra a se reunirem na Cidade Luz em ocasião da 21a Conferencia do Clima. Há exatamente um mês Paris chorava as vítimas de um terrível atentado. O que parecia ser o começo de um período de « sombras », um mês depois se transformou em alegria, entusiasmo, esperança de um melhor melhor. Um precedente histórico fundamental em um ano marcado pela violência e o descaso com as vidas inocentes.
E eu estava lá, com a delegação da ACT Alliance , organização que tinha como principal objetivo garantir que o acordo respeitasse as pessoas mais vulneráveis, principais vítimas das mudanças climáticas. Vídeos e mais vídeos, entrevistas, partilhas. Sei que a minha participação não foi a grande responsável pelo inédito consenso, mas nenhuma ação individual bastaria.
Um dos meus professores de mestrado dizia que uma verdadeira revolução necessita de duas coisas: líderes com vontade e coragem de mudar e uma sociedade civil consciente e participativa, capaz de dar legitimidade as possíveis mudanças politicas. Foi isso o que aconteceu nas ultimas duas semanas em Paris. O clima na minha delegação, mas também em toda a Conferência era de uma serenidade alegre, de respeito e escuta, elementos-chave que, segundo eu, nos levaram ao tão sonhado acordo.
Ele não é perfeito. Ninguém esperava que fosse, mas é uma vitória que não pode ser desprezada. Fiquei emocionado ontem ao ouvir os discursos e sorrisos dos representantes dos países ao final da COP21. De alguma forma me senti parte daquela conquista. Doei meus talentos, energia e horas de sono porque acredito no diálogo como instrumento em prol do bem comum. Por duas semanas pude experimentar, pela primeira vez fora do ambiente religioso, que um mundo melhor é possível. No entanto, ele vai sempre depender da vontade de cada um querê-lo e buscá-lo.