Hoje decidi começar um novo projeto de reflexão existencial: ocupar-me da descoberta de quais seriam as dimensões fundamentais da essência humana que me permitiriam responder a seguinte pergunta: quem eu realmente conheço? Talvez eu não encontre uma resposta satisfatória nessa vida. Entretanto, não estou obcecado pelo resultado e sim pelo caminho. Sonho que, em cada encontro, exista o interesse real e recíproco de uma convivência negociada, em que aceitam-se os dramas e privilégios de toda condição humana.
O método: conhecer
Sempre fui um apaixonado pelo “outro”. Os motivos, para mim, são dois: curiosidade jornalística e inquietação existencial.
O jornalismo, para mim, é importante, pois me faz ir de encontro com “outro”, redimensionando a minha presença no mundo e permitindo-me descobrir as potencialidades de uma convivência global.
Já a inquietação existencial é, para mim, o motivo mais intrigante.
- Por que o “outro” me instiga tanto?
- Por que tenho tanto interesse em histórias de vida?
- Por que me emociono com testemunhos de superação, especialmente quando eles convergem para a realização da vontade de sentido da própria vida?
A minha resposta pessoal para essas perguntas é a seguinte: o “outro” é quem confirma a minha existência. Confirma, não determina. Assim, talvez, o meu interesse pelo “outro” se dá, também pelo desejo indireto de me conhecer mais e melhor (e ser aceito). O interessante é que, quando mais busco conhecer o tal “outro”, mais conheço a mim mesmo e quanto mais conheço a mim mesmo, mais sou tolerante em relação ao “outro”.
Enfim. Como disse no início, quero tentar descobrir quais os aspectos mínimos necessários para poder dizer que me conheço e conheço o “outro”. O ponto de partida vou emprestar de Viktor Frankl, autor de um dos livros mais interessantes que li neste ano: Em Busca de Sentido. Nele, o autor explica que “há três caminhos principais através dos quais se pode chegar ao sentido da vida”:
- o trabalho (não o fato de estar empregado, mas a forma como concretamente materializamos a nossa existência),
- a experiência (encontrar alguém ou experimentar algo),
- “o motor” (a vontade de encontrar o sentido da própria vida).
Quero desmembrar esses três aspectos e relacioná-los ao processo de autoconhecimento e conhecimento do outro. Mas para que?
Objetivo: Convivência negociada
Não quero refletir a minha existência com a pretensão ingênua de “possuí-la” e muito menos a existência do “outro”. Somos seres autodeterminantes e a vida nos dá, a cada momento, a possibilidade de mudar, de escolher um novo caminho, que não desfaz as escolhas precedentes, mas permite redimensiona-las.
Como “comunicólogo”, eu vivo me questionando se, como comunidade global, temos trabalhado, dialogado, em prol do aprofundamento da nossa convivência, que não é tolerância passiva, mas “enfrentamento construtivo”.
Gosto muito quando Dominique Wolton, um dos meus “mestres” preferidos, usa o termo negociação, para explicar a convivência com o outro.
Negociar é buscar o equilíbrio entre as perdas e os ganhos intrínsecos de um confronto existencial, é harmonizar conquistas e renúncias. Para isso, são fundamentais valores humanos como: o respeito, a paciência e etc.
As vezes, a negociação é interior. É aceitar nossas raízes. Entender que algumas escolhas foram feitas por outros seres humanos, quando a nossa autodeterminação era menos consciente, e que elas podem ter causado traumas.
Bom… nem tudo está claro, sobretudo na materialização de pensamentos, mas entender é, acima de tudo, um processo.
Quem quiser se aventurar comigo, seja bem vindo! Não deixe de compartilhar os textos nas redes sociais, por email, para que a experiência e a reflexão não se limite ao particular, mas seja “comunitária”.
Até a próxima
#convivencianegociada