Month: August 2014

Eleições

Voto obrigatório: serve um instrumento se não se sabe usá-lo?

Voto obrigatório

Nunca achei que a obrigatoriedade do voto pudesse, de alguma maneira, dar legitimidade a uma democracia. Ter em mãos um importante instrumento da vida democrática, mas não saber usá-lo para o próprio bem (e para o bem comum), é como tomar remédio “tarja preta” sem prescrição médica. Nos dois casos os danos podem ser irreversíveis.

No advento de mais uma eleição e na evidente necessidade de uma reforma política, tenho pensado no valor que o voto obrigatório tem para a democracia brasileira. Na nação em que eu, agora, vivo, o Estado não obriga seus cidadãos a votarem. O problema da abstenção existe, mas isso não afeta o bem estar geral e nem diminui a qualidade da democracia do país.

Quando passou a ser obrigado votar?

Voto obrigatórioSegundo o excelente estudo feito pela Professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Londrina, Luzia Helena Herrmann de Oliveira, “O voto obrigatório foi implantado no Brasil com o Código Eleitoral de 1932 e transformado em norma constitucional a partir de 1934. Regulamentado em um período de transformações institucionais que objetivavam dar credibilidade ao processo eleitoral, ele foi justificado como uma necessidade para garantir a presença dos eleitores nas eleições.

No período em que o voto foi determinado obrigatório, explica Luzia de Oliveira, o eleitorado “restringia-se a cerca de 10% da população adulta, o que significava um número muito reduzido (Soares, 1973). Contudo, com as transformações da sociedade brasileira e a concessão dos direitos políticos aos maiores de 16 anos e aos analfabetos, esse percentual cresceu expressivamente”. Nas eleições de 1998, por exemplo, tivemos a participação de 67% da população brasileira (TSE, 1998a; IBGE, 1998a).

Não basta poder votar

Hoje, como pudemos observar, o percentual de eleitores cresceu bastante. Dessa forma, acredito que se deva privilegiar não mais a quantidade de eleitores, mas a qualidade da participação. Não sou um especialista em política eleitoral e não quero fazer um tratado sobre o assunto, mas tendo a pensar que o voto, sem uma educação política, é um instrumento ineficaz, com valor exclusivamente simbólico.304561_333063526785406_586973567_n

Votar é a ponta do iceberg da participação política e não deve se limitar a escolha de representantes, mas englobar outros aspectos políticos, como a aprovação/rejeição direta de leis, por exemplo. Creio que o cidadão eleitor, ao enxergar a ressonância direta de suas escolhas nas decisões políticas, irá viver a democracia com mais constância. Cabe também ao governo estimular a participação política, criando mecanismos de informação e formação para que seus cidadãos, desde muito cedo, descubram as possibilidades de protagonismo, no interior do espaço político onde vivem.

A defesa do voto obrigatório

Muitos daqueles que defendem o voto obrigatório afirmam que não existe qualquer comprovação do argumento de que o voto obrigatório prejudica a qualidade da democracia. É verdade. Não é o voto em si que prejudica a nossa democracia, mas a ilusão de que a possibilidade de votar qualifica positivamente um ambiente democrático.

No Brasil, na prática, o eleitor pode justificar seu voto em qualquer seção eleitoral do país e se não fizer, recebe uma multa irrisória de R$ 3,50. Além disso, o eleitor pode escolher anular seu voto nas modernas urnas de nosso sistema.

“Nas últimas três eleições presidenciais, tivemos o comparecimento de quase 75% dos eleitores, uma marca invejável para qualquer democracia do planeta. A obrigatoriedade do voto também faz da eleição um momento especial de informação do eleitorado. De dois em dois anos, somos levados a nos atualizar acerca dos assuntos que dizem respeito a nossa vida coletiva e decidir por pessoas, ideias e projetos, em detrimento de outras pessoas, ideias e projetos. Em países onde o voto não é obrigatório, como nos Estados Unidos, esse processo é mais diluído, e boa parte dos cidadãos passa incólume pelo processo eleitoral. Não no Brasil. Nossas eleições são um evento cívico vivido por quase todos nós” explicam os João Feres Júnior, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Fábio Kerche, pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Contudo, da mesma forma que o comparecimento quantitativo não enriquece o contexto participativo em uma democracia, viver o período das eleições com a mesma emotividade que existe no contexto futebolístico, por exemplo, é extremamente pouco produtivo. Quanto mais nos aproximamos das eleições, mais vejo, sobretudo nas redes sociais, a reprodução indiscriminada de acusações e críticas pouco construtivas direcionadas a um ou outro candidato.

Com a obrigatoriedade do voto, o sistema eleitoral brasileiro promove uma justificativa falaciosa do que deveria ser a participação política. É fundamental informar-se e educar-se para entender que a democracia é um sistema vivo, dinâmico, de negociação de interesses, na diversidade e, principalmente, no respeito ao outro. Poder influenciar diretamente, não somente votando os representantes políticos, mas interferindo nas decisões ligadas ao município aonde se vive, é um instrumento que, acredito, valeria à pena ser experimentado.

Luzia Oliveira afirma que, “na Venezuela, análises realizadas anteriormente à reforma de 1993, indicavam a possibilidade de uma significativa queda na participação política, o que foi confirmado pelos fatos. Na Holanda, Irwin (1974) também observou mudanças nas atitudes dos eleitores após a implantação do voto facultativo em 1971”.

Mais participação é certamente garantia de uma democracia legítima e rica, mas não acredito que a mesma, delimitada há alguns cliques na urna eletrônica, pode ser considerada real e construtivas.

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[i] OLIVEIRA, Luzia Helena Herrmann de. Voto obrigatório e eqüidade um estudo de caso. São Paulo Perspec. [online]. 1999, vol.13, n.4 [cited  2014-08-11], pp. 144-152 . Available from: . ISSN 0102-8839.  http://dx.doi.org/10.1590/S0102-88391999000400016.

É melhor ter filhos ou animais de estimação?

animais

Há tempos venho pensando sobre o aumento do número de pessoas que manifestam o desejo de, em vez de terem filhos, adotar um animal de estimação. Este fenômeno de “humanização” de animais é polêmico, mas acredito que vale a pena ser questionado, para nos ajudar a entender as diferenças entre seres humanos e os animais de outras ordens.

Animais de estimação

filhosQuando criança eu tive a alegria de ter um gato como animal de estimação. O contato com a natureza me ajudou a crescer com a ideia de que todos os animais são seres especiais. Aqueles que podem participar do nosso convívio cotidiano, porque foram domesticados ao longo do tempo, parecem ter adquirido um status ainda mais privilegiado.

Contudo, é importante lembrar que cachorros e gatos, passarinhos, tartarugas e peixes, não escolheram ser domesticados. O ser humano, percebendo que a companhia de cachorros e gatos, por exemplo, poderiam trazer vantagens na sua luta pela sobrevivência, como ajudar a caçar outros animais, adotou-os e domesticou-os. Por outro lado, os animais fisiologicamente mais evoluídos se adaptaram à domesticação, pois ela também trazia vantagens interessantes para eles (os cães, por exemplo, não precisavam mais caçar, pois podiam comer as sobras do humanos).

Bom, admito ser mais um curioso que um biólogo, mas acredito poder afirmar que os animais de estimação são, sobretudo, companhias. Afetuosas, claro, mas sem livre arbítrio.

Porque ter um animal de estimação?

Tenho muitos amigos que têm animais de estimação e acho muito bonita a relação deles com seus animais. Geralmente são pessoas que encontraram na gratuidade e no companheirismo do animal uma alegria diferente e mais rara de sentir com seres humanos.

O que realmente me preocupa não é o fato de ter ou não um animal de estimação, mas ver muitas pessoas tratando seus animais como seres humanos. Não estou dizendo que eles não devem ser bem tratados, mas a humanização desses animaizinhos, muitas vezes, chega a escandalizar. Roupas, carrinhos de bebê, alicate para unhas, capa de chuva, boné, edredons, piscina e até sapatos são alguns exemplos de acessórios que dão aos animais de estimação um status de “igualdade” que, na minha opinião, é perigoso.

Porque ter filhos?

Um vídeo (abaixo) que assisti nos últimos dias brinca, de forma bem irônica, com a alegria decorrente da paternidade. As verdades objetivas relatadas acabam, contudo, banalizando o que acredito ser um dos mais bonitos milagres da nossa existência.

[youtube=https://www.youtube.com/watch?v=RJBy4ob_ePI&list=UUEWHPFNilsT0IfQfutVzsag]

Recentemente, uma amiga próxima da nossa família deu à luz a uma linda criança. As condições familiares não eram as melhores, a gravidez foi inesperada, mas mesmo assim, a experiência do parto foi algo marcante na vida desse casal e das pessoas que, como nós, estão próximas dos (agora) três.

O que o vídeo mostra com exacerbado pessimismo, na verdade transcende o aspecto puramente material da nossa existência. Viver não é somente fazer o que queremos, não é querer ter próximo só aquilo ou aqueles que nos dão prazer. O milagre da vida está, justamente, no fato de poder gerar e acolher nesse “mundo” um novo ser, dotado de vontade própria e poder partilhar com ele as nossas alegrias e tristezas, COMVIVER.

animais

Felizmente esse nível de relação não pode ser conquistado com animais de estimação. É necessária uma igualdade ontológica que só existe com outros seres humanos, que não podem ser domesticados. Os filhos choram, comem, dormem, ficam doentes como os outros animais, mas, quando crescem, eles falam, manifestam sua personalidade, com suas opiniões e discordâncias com aquilo que pensamos ser o certo.

Sei que a decisão de ter filhos é um passo sério. Também sei que muitas pessoas são mais felizes por terem um animal de estimação. O que me incomoda, como disse acima, é a humanização de um ser que não quer ser humanizado, que não pediu, que não escolheu.

Enfim, o grande problema é achar que a presença de outro ser humano na nossa vida é um impedimento. Algo que não nos deixa “aproveitar” a vida. Não sou pai, sou filho, mas observando a vida de amigos que já são pais, percebi que a felicidade é dinâmica e muitas coisas que talvez um dia pareciam ser as melhores, com a presença de uma nova vida humana, são completamente redimensionadas.

Terra Santa

Devaneios sobre o absurdo na Terra Santa

Terra Santa

AP

Já há algumas semanas tenho procurado ler os horrendos acontecimentos na Terra Santa, usando os instrumentos intelectuais que adquiri ao longo do tempo.

Dia após dia os jornais do mundo inteiro vêm estampando um dos genocídios mais impunes da história recente. O governo israelense e os grupos que reivindicam a soberania palestina se digladiam há anos, em um conflito armado que disseminou o ódio entre dois povos e que tem a ignorância e a omissão irresponsável dos governos estadunidense e europeu como grande promotor.

Quais leis defendem os civis da Terra Santa?

A recente escalada da violência, segundo a UNESCO, tirou a vida de mais de 400 crianças palestinas. Não acredito que valha a pena perder tempo debatendo as causas atuais, pois elas são menores se se olha o conflito em linhas gerais. Uma premissa, porém, é fundamental considerar: os responsáveis pelas mortes de agora e das últimas décadas provavelmente não serão punidos!

A resposta para a questão proposta acima é simples: a legislação internacional reconhece “legalmente” dois tipos de conflito armado: o internacional (entre duas nações internacionalmente reconhecidas) e o não internacional (entre um ou mais grupos rebeldes e um Estado soberano). O conflito Israel-Palestina não se encaixa em nenhum deles e essa situação não só admite a impunidade, mas contribui decisivamente para distanciamento do tão sonhado fim do conflito.

Reconhecimento do Estado Palestino

Terra SantaPara que seja dado um verdadeiro passo concreto rumo a paz na Terra Santa, acredito que seja imprescindível reconhecer o Estado Palestino. Contudo, infelizmente esse é um processo muito mais complexo do que aparenta. Além da multiplicidade de vozes que reivindicam o reconhecimento político palestino, sendo algumas delas moderadas, outras fundamentalistas, há interesses estratégicos e econômicos de outros países em jogo na região.

A falta de uma voz única fragmenta a causa palestina e permite que Israel justifique seus ataques impunes aos civis da Faixa de Gaza como “combate ao terrorismo” (que, até um certo ponto, é mesmo) promovido pelo Hamas.

Não vou ousar, de forma alguma, tentar dar respostas ou soluções para uma realidade muito mais complexa do que as minhas capacidades analíticas. Contudo, acredito que, enquanto não houver uma proporcionalidade entre as forças políticas, teremos dificuldades para encontrar uma solução diplomática e, dessa forma, continuaremos a ver um desesperador massacre de inocentes.

A mídia constrói ou destrói?

O que posso fazer, sem medo de errar, é analisar o papel da mídia nesse terrível conflito. Sinceramente, eu sou completamente cético a respeito da força da opinião pública na pacificação de um conflito. Sendo estratégico e lucrativo, mesmo que o mundo inteiro esteja contra, que o Papa, Gandhi, Dalai-Lama se pronunciem, um Estado não abrirá jamais mão do uso da força para conquistar seus objetivos. Isso diminui muito a força direta da mídia no que diz respeito a simples divulgação “pura” dos fatos.

Mas então o que a mídia pode fazer? A minha resposta é propor perguntas!

É notável, principalmente no universo acadêmico, que toda verdade (ou fragmento dela) nasce da pergunta certa. Nós percebemos o mundo. Vemos inúmeras situações e, a partir delas, criamos nossas teses, nossos julgamentos, que devem contudo serem verificadas e partilhadas para que tenham valor. Entretanto, uma boa tese, um bom julgamento, nasce de uma boa pergunta. É esse também o DEVER do jornalismo.

Contudo, o que tenho visto, em geral, é a tal fixação nos fatos, que só têm sentido se feita com profundidade e não de maneira fragmentada como os jornais têm feito de maneira corrente. As perguntas certas nos ajudam a pensar com profundidade. Por exemplo: Quem vende as armas para o Hamas? São os mesmos Estados que condenam publicamente conflito? Por que eles não são punidos? Por que não existe um maior esforço para unificar os grupos de interesse palestinos para então reconhecer a soberania do Estado Palestino? Pelo medo do fundamentalismo? Talvez. Ou então… Quais justificativas o governo israelense dá ao bombardear escolas da ONU? O Hamas está jogando seus mísseis a partir delas?

Tenho tantas perguntas! Só não entendo o porquê não existe uma força tarefa para propor outras e, no exercício de tentar respondê-las, nos ajudar a pensar alternativas, encontrar as verdadeiras causas e, principalmente, punir os verdadeiros culpados.

Mas, como eu disse anteriormente, existem muitos outros interesses em jogo. A vida dos civis – termo quase banalizado nos conflitos recentes – parece ser pouco relevada. Por que?

1º de agosto: A festa nacional de uma verdadeira Confederação

Confederação

Mix & Remix

Hoje, 1º de agosto, os Suíços celebram a sua Festa Nacional, uma interessante recordação do pacto que, em 1291, uniu os estados (cantões) de  UriSchwyz e Unterwalden e inaugurou o processo de formação da Confederação Suíça.

Chamados em alemão de Waldstätten (que designa um lugar forasteiro, em meio a natureza), os três estados, localizados no coração daquela que seria a Confœderatio Helvetica, uniram-se para enfrentarem juntos os seus inimigos comuns. O principal deles eram os Habsbourg, uma importante família real conhecida por ter fornecido todos os imperadores do chamado Sacro Império Romano Germânico, união de territórios da Europa Central sob a autoridade do Sacro Imperador Romano.

Entretanto, para unirem-se, foi preciso encontrar um fator comum entre aqueles três estados. Acredito que a renúncia de uma parcela da própria autonomia política só foi possível, devido à vontade recíproca de não se submeterem a um rei que não era “um deles”. A exigência do respeito e do reconhecimento de quem eram, fez com que eles lutassem juntos pela própria liberdade.

O Estado de vontade

Olhando o ser humano e a maneira como ele se desenvolve em diferentes culturas, pude notar muitas particularidades, mas também inúmeras semelhanças. A similaridade que considero mais curiosa e que pude presenciar em quase todas as culturas em que estive imerso, é o desejo de unidade comunitária.

Contudo, mesmo exprimindo uma vontade comum, a unidade de uma cultura ou de uma nação torna-se um patrimônio coletivo, proporcionalmente à quantidade de pessoas que “dão voz” a esse desejo. Ou seja, quanto mais membros legitimam a sua unidade, mais ela se plasma no “DNA” dessa comunidade.

Os interesses que fundam a unidade comunitária podem ser os mais variados, mas tudo parte do raciocínio lógico que leva à uma evidente conclusão: unidos somos mais fortes e mais ricos de recursos econômicos, culturais e militares.

A República Federativa do Brasil

ConfederaçãoInfelizmente, a história da formação do Brasil, como nação, diverge muito da Suíça. Enquanto na Confœderatio Helvetica as vontades populares foram envolvendo, pouco a pouco, os diferentes (e autônomos) reinos, que se uniram para, sobretudo, garantir a segurança e a prosperidade recíproca, nas terras de onde venho a liberdade de escolha foi sufocada pelos colonizadores europeus.

No Brasil, as doze capitanias hereditárias – primeiras “unidades federativas” – não eram espaços políticos constituídos a partir de uma vivência comunitária livre, mas ambientes de repulsa dos nativos, de exploração escravocrata e, sobretudo, de empossamento de recursos naturais que eram, posteriormente, transportados para a metrópole. O principal objetivo dos conquistadores não era habitar, partilhar conhecimentos e riquezas, mas simplesmente roubar.

Por isso, para mim o Brasil nunca foi uma Federação. Faltou-lhe justamente a vontade popular (ou o sentimento comum de nação) para legitimá-la. A República Federativa do Brasil foi uma invenção imposta, como a dos estados africanos no neocolonialismo.

A Confederação Suíça pelos olhos de um brasileiro

Confederação

A Suíça abre a porta (Mix & Remix)

Justamente pelo fato de ter crescido em um país onde as vontades populares não foram (e ainda não são) respeitadas, percebo a riqueza existente na Confederação Suíça. A soberania do desejo coletivo de estar unido, respeitando as identidades originais de cada estado, contribuiu (e ainda contribui) decisivamente para que o país se desenvolvesse preservando seus valores. Hoje a Confœderatio Helvetica não tem só três, mas 26 estados, 4 línguas nacionais e uma crescente quantidade de estrangeiros de todo o mundo, que chegam diariamente no país em busca de melhores condições de vida.

O contexto atual em que o país europeu está inserido – de crise econômica, social e política no Velho Continente – tem levado a Suíça a desenvolver um sentimento perigoso de “medo do outro (ou do diferente)”, que impulsiona muito mais ao fechamento, que à abertura.

Na história da formação do Estado Suíço, a negociação das individualidades, comprometidas não só com os bônus, mas também os ônus da união, fundou um modelo de democracia que o torna hoje uma das poucas nações democraticamente sólidas. É fundamental pensar mecanismos de responsabilização socioeconômica, sociopolítica e sociocultural, para que os valores genuinamente suíços sejam preservados. Contudo, fechar-se contra os crescentes movimentos de troca cultural, econômica, intelectual e social é renegar a grande descoberta dos “pais da Confederação”: que a união, na diversidade, faz a força.

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