Idealista! Foi assim que o pastor Silas Malafaia se denominou na entrevista sensacional dada à renomada jornalista Maria Gabriela. Tenho de admitir que gosto de seres humanos idealistas. Talvez porque foi assim que, algumas vezes, meus professores me definiram.
Decidi escrever minhas reflexões logo após ver o programa, para tentar ser o mais fiel possível aos pensamentos e sentimentos que ele me suscitou.
Silas Malafaia: o orador
Sem sombra de dúvidas, o pastor pentecostal brasileiro tem um enorme dom da palavra. Não sei quantas vezes em minha vida encontrei um ser humano tão habilidoso no discursar como o senhor Malafaia. É incrível a sua capacidade de manejar sabiamente o tom e o teor das palavras.
A estratégia do pastor da Assembleia de Deus não é, nem de longe, se esconder. Silas Malafaia não é irônico ou pedante, mas uma espécie de gladiador, um guerreiro que usa seu discurso para expressar claramente suas verdades, seu idealismo.
Silas Malafaia: a incógnita
A veemência e a força expressiva de Malafaia me fez realmente pensar na veracidade daquilo que ele afirma. Não as verdades que ele descreve como bíblicas, os valores que defende, mas o “não dito”, a ausência de explicações completas de alguém que goza de – muitos ou poucos – recursos econômicos que a sua instituição religiosa parece prover.
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Sempre considerei os extremos perigosos. E em se tratando de um ser humano, desconfio da impressão de credibilidade extrema que ele, intencionalmente ou não, acaba passando. Durante a entrevista, ocultaram-se as fragilidades, os desvios, as dissonâncias que qualquer ser humano carrega consigo. Malafaia defendeu suas ideias a todo o momento sem, contudo, expor seus medos, suas dúvidas, aspectos fundamentais para um retrato completo de sua humanidade.
Silas Malafaia: o religioso
Muito daquilo que vejo muitos católicos, como eu, questionam nas igrejas evangélicas era praticado, há alguns séculos atrás, pela Igreja Católica. Toda instituição religiosa, quando prospera economicamente, passa a receber um olhar crítico, suspeito, como se fosse um instrumento perverso de poder, que usa de sua ideologia para convencer “ignorantes” e, em seguida, enriquecer. Esse pensamento me incomoda e, ao mesmo tempo que é carregado de ignorância e preconceito, muitas vezes exprime uma enorme ingenuidade.
É notável: a nossa sociedade é construída sobre diferentes ideologias. Religiosas, políticas, sociais, existe uma infinidade de “fragmentos de verdades” e, cada um, livremente, é levado a acreditar em um ou outro. O que não se pode, contudo, defender é ausência da ideologia “ateísta” que, com objetivos econômicos, quer edificar as verdades e os pressupostos sociais coletivos, ignorando as diferentes tradições religiosas.
SIM! Religião e política se discute
O que me incomodou em Malafaia, o que me incomoda no extremismo judeu, muçulmano, católico, é a incapacidade de negociar, de tolerar, sobretudo quando a religião se encontra com o poder político.
A democracia deveria ser um espaço dinâmico onde discutimos nossas verdades, não como torcedores de futebol, mas como seres humanos preocupados com o bem estar de TODOS, independentemente da cor, raça, opção sexual e etc.
Todas as leis devem proteger os cidadãos, não importa quem sejam. É preciso olhar sempre o ser humano, na sua multiplicidade, e jugar o que é certo e o que é errado baseado em uma séria observação, sem fundamentalismos, estando sempre pronto a negociar, descobrir o que é bem comum.
O bem que a entrevista com o pastor Silas Malafaia me fez foi enorme. Ajudou-me a descobrir quão fundamental é manter a mente aberta, ouvir os pontos de vista diferentes e me surpreender com aqueles em comum. Talvez a ESCUTAR seja uma das habilidades mais importantes que nós, brasileiros, precisamos urgentemente desenvolver. O futuro do Brasil depende profundamente disso.
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