Minha paixão pelas palavras tem um só alvo:
tocar os desprotegidos corações.
Como emocionam poemas, romances, canções.
Sorrio ao ver o escapar das lágrimas.
Constantes e as raras,
Quando protegidas pelos muros que criamos.
A palavra que declamo é sorriso em prosa e verso.
Paradoxo neste mundo adverso.
Ás vezes é silêncio, outras desabafo.
Sonhos as palavras e, com elas, faço um trato.
Prometo protegê-las do silêncio respeitoso.
Juro recitá-las para o meu amado povo.
E escrevo, falo ou declamo.
Porque, cada uma elas, simplesmente, amo.
____
Sobre as palavras
Sergio Fonseca
Andei perdendo palavras por aí. Talvez por falar em excesso elas me faltem agora. As que saíram aos gritos duvido que voltem. Escaparam e deixaram vítimas durante a fuga. Uma pena. Mas em esforço de guerra dizem que perdas são justificáveis. Nunca acreditei muito nisso.
Andei perdendo palavras por aí. Talvez por ficar em silêncio elas me sobrem agora. E por serem excesso ocuparam o espaço antes reservado ao agrupamento ordenado delas. O crescimento desordenado de palavras é mais perigoso. Jamais pensei na possibilidade de um motim de palavras.
Andei perdendo palavras por aí. Das soltas e guardadas. Algumas entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Outras entupiram narinas e muitas desceram pelos olhos.
Ainda ontem me olhei no espelho e vi que engordei. Ando comendo palavras saturadas. Um perigo. Preciso perder peso, perder palavras para reencontrá-las.