África

Já se passaram duas semanas de estadia em Man. Esta pequena cidade do oeste da Costa do Marfim tem nos permitido “saborear” inúmeras experiências, fazendo que, aos poucos, tenhamos novas visões e perspectivas gerais do que é a África e quem são os africanos (particularmente os marfinenses que vivem no interior do país).

A Costa do Marfim dos marfinenses

É fundamental, sempre, ressaltar a intensidade da vida aqui. Os encontros com o “outro”, a percepção social, climática (aqui faz um calor úmido intenso) e as conclusões que vamos construindo têm sim muitos dos nossos esquemas psicológicos. Porém, estando aqui, fisicamente, adquirimos um elemento essencial para uma análise mais completa de uma cultura em que os sentidos, muitas vezes, valem mais que a razão.
Nessas terras, percebi o quanto uma cultura é edificada por um povo, claro, mas que exprime a sua subjetividade no interior de um contexto, de um espaço físico que influência suas (complexas) dinâmicas sociais.

O futuro das Áfricas

Somente estando aqui, fisicamente, é possível descobrir (algumas) nuanças da cultura africana, como o significado real da influência marcante das tradições e, acima de tudo, como as novas gerações vivem o dilema de preservar a própria cultura e incorporar as novas possibilidades e perspectivas do mundo globalizado.
Aqui em Man, cidade desconhecida pela maioria dos cidadãos do mundo, os jovens também sonham uma vida melhor, estão (pouco a pouco) conectados com outras realidades por meio da internet e irão, em tempos diferentes, transformar a sociedade que estão inseridos.
Porém, os desafios que envolvem o desenvolvimento da África, não só material, mas cultural, são muitos e somente os africanos têm a capacidade de entendê-los profundamente para, então, superá-los.

A África irá salvar o mundo

Um dos elementos que justificam a afirmação acima (feita pela minha esposa, que é Suíça) é a expressiva ressonância comunitária na vida dos africanos.
No “Ocidente”, ouso dizer, não existem mais verdadeiras comunidades, mas um coletivo de indivíduos, separados de suas raízes familiares e, principalmente, das origens culturais. Salvam-se, ainda, as culturas distantes dos grandes centros que, heroicamente, procuram preservar suas identidades.

Como minha esposa, também acredito que a África, berço da humanidade, tem um potencial de “salvar” o mundo, propondo um modelo comunitário às sociedades extremamente individualistas.

Esta África que estou conhecendo preserva dinâmicas e valores comunitários que, se promovidos de maneira comum, em todo o continente, têm um potencial de desenvolvimento fenomenal.
Entretanto, para que um brilhante futuro da África seja possível é necessário que os países europeus, particularmente da França, deixem que o povo africano encontre as suas próprias respostas e se desenvolva de maneira independente.

Para colaborar com o projeto CLIQUE AQUI