Desde 1998 eu escrevo um resumo anual daquilo que vivi, para ter um registro dos anos, que passam tão rápidos e trazem tantas experiências e aprendizados. Olhar para esses textos, que agora chegam a 15ª edição, é fazer uma retrospectiva de METADE da minha vida. Mas, em 2014, eu começo uma nova fase, a dos trinta. Por isso, a partir deste anuário, não farei um resumo do meu ano, mas daquilo que nós vivemos em família, porque em 2013 o Brasil não foi meu, mas nosso.
2013: fim da áurea juventude e início da vida em família
Não me sinto velho, longe disso, mas sei que ter “vinte e poucos anos” é poder desfrutar de uma juventude descompromissada, livre, aventurosa e, principalmente, sadia. Em 2013, de um modo particular, eu e minha esposa vivemos assim.
Decidimos passar o nosso primeiro ano de casado no Brasil, meu país natal. Foi simplesmente fantástico estar próximo da minha família depois de mais de dois anos distante. Essa experiência me fez perceber o quanto a gente colhe aquilo que plantou. Explico abaixo.
A minha família não é perfeita, nunca foi, mas crescemos juntos, unidos. Festejando com simplicidade as vitórias e sofrendo com as dificuldades e derrotas de cada membro. Acho que 2013 foi um ano cheio de alegrias, principalmente por isso, pois nada é mais especial do que partilhar a nossa vida com as pessoas que a gente ama profundamente.
Um aceno especial vai para a nossa comunidade, feita da família alargada (primos e tios) e de amigos maravilhosos que, em todos os momentos, estiveram do nosso lado, fazendo da vida uma sucessão de experiências fantásticas, encontros, comunhões.
Um ano de muitas saudades
Por outro lado, em 2013, vivemos de saudades. Casamentos binacionais vivem constantemente esse sentimento, pois nunca as duas famílias estão próximas. Ou é uma, ou é a outra. Assim, do outro lado do Atlântico, deixamos de viver experiências e acompanhar de maneira assídua a realidade da nossa família europeia.
Sentimos um pouco essa “distância” quando voltamos para as festas de final de ano. Ao mesmo tempo em que foi fantástico reencontrarmo-nos e ver que, em geral, todos estão bem, vimos situações pontuais que talvez tivesse sido melhor acompanhar fisicamente próximos.
Um Brasil que agora é nosso
Eu sou brasileiro, paulistano, então 2013 foi um ano de retorno à minha casa. É difícil explicar o quanto foi bom pedalar pelas ruas dessa imensa metrópole, diariamente, para ir e voltar do trabalho. Poder desfrutar de inúmeras atrações culturais, infinitos serviços. Mesmo tendo morado em diferentes lugares do estrangeiro, ainda acho que São Paulo é uma cidade incomparável nesse aspecto.
Contudo, o mais especial disso tudo foi voltar a ser paulistano com a minha esposa. Crescida em uma cidade de 15 mil habitantes, eu tinha um certo receio em pensar se ela se adaptaria a essa imensa metrópole, duas vezes mais populosa que a sua pequena Suíça.
Surpreendentemente ela deu show. Trabalhou na periferia, aprendeu a pegar “busão”, metrô e trem lotado. Encarou a burocracia e a ineficiência das Instituições brasileiras da melhor forma possível. Por isso, posso dizer que o Brasil, São Paulo, não é mais o meu país, mas é nosso.
2014 – Um ano que promete
Não só pelo iminente hexacampeonato brasileiro e o vice Suíço, mas este novo ano certamente será muito especial. Muitas experiências maravilhosas nos aguardam, principalmente porque decidimos retornar ao Velho Continente para, agora, sermos família na pátria da minha esposa. Os últimos dois meses de 2013 foram de reflexão e achamos que seria importante fazer essa nova experiência, por motivos profissionais e familiares.
Não é fácil recomeçar a vida, deixando as seguranças e confortos que conquistamos com esforço e muito trabalho. Mas, de certa forma, nos sentimos levados a não nos acomodarmos e, enquanto tivermos força e coragem, ir ao encontro do outro, de diferentes culturas, realidades, perspectivas, para aprender a doar aquilo que aprendemos.
2013 foi maravilhoso, mas parece que 2014 será ainda mais. As escolhas estão aí para serem feitas e a Felicidade verdadeira, continuaremos a buscar, com simplicidade e na companhia de muitas pessoas amadas.