Month: December 2013 Page 3 of 4

Nelson Mandela: o homem que marcou a história do século XX | Ana Elisa Bersani

Nelson Mandela

Eu, que estava em vias de terminar o meu texto desse mês para o eLe , não pude deixar de escrever essa breve nota sobre o falecimento de Nelson Mandela e compartilhar com vocês mais essa homenagem ao grande homem, líder da luta anti-apartheid na África do Sul, que marcou profundamente a história do século XX.

Durante os dois últimos anos, Nelson Mandela esteve internado várias vezes por conta de uma infecção pulmonar grave, recorrência da tuberculose que contraiu nos anos de prisão.  Apesar do esforço da família e do governo sul-africano em preparar a população para esse momento, no dia 5 de dezembro, a notícia chegou aos nossos ouvidos acompanhada de uma profunda tristeza. O mundo ficava mais cinza, simplesmente porque, ainda que esperadas, são sempre tristes as partidas.

Ao ler as notícias que chegavam, me veio a memória, logo de pronto, a imagem de Nelson Mandela discursando sobre a liberdade, contra o racismo e a intolerância, no dia em que tomou posse da presidência da África do Sul. Assisti, mais uma vez, o vídeo desse momento tão importante na história da humanidade para relembra-las.

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São belas as palavras que encontramos alí, é verdade. Mas, algo de maior impacto existia por trás do discurso que ele proferia em tom sério. Algo que fazia com que aquelas palavras deixassem de ser só palavras bonitas e transcendessem a linguagem verbal, chegando aos corações. Parece-me que esse “algo” que confere legitimidade incontestável ao que se diz é a própria vivência daquilo que se quer transmitir.

Nelson Mandela

A experiência dá vida às palavras da mesma forma que as palavras inspiram as vidas. Por isso, quando Nelson Mandela discursava as palavras ressoavam para além do valor racional daquelas ideias de igualdade, união – se pensarmos bem, não há muita racionalidade no advogar pelo perdão aos próprios algozes. É também por essa mesma razão que a sua vida e morte nos toca tanto.

Esse estadista é amado mundo afora e foi a peça chave no processo político sul-africano naquele momento, pois foi um grande unificador, negociando o fim do apartheid com o Governo do Partido Nacionalista. Depois de terminado o seu mandato de cinco anos como presidente, se retirou da política, em 1999, e passou a dedicar-se ao combate e a prevenção da AIDS; Luta a qual se sentia especialmente ligado em razão da morte do seu filho, vítima da doença.Foi a sua vida, mais do que qualquer descoberta genial ou ideia revolucionária, que fez desse homem tão mortal, como qualquer outro, um “ícone mundial”. Ele esteve preso durante 27 anos por lutar contra o regime segregacionista e antes de ser o primeiro presidente negro da África do Sul, eleito em 1994, foi prêmio Nobel da Paz (junto a Frederik de Klerk) por suas ações em favor da reconciliação entre negros e brancos, dois polos de uma divisão histórica profunda.

Nelson Mandela será sempre símbolo indispensável das lutas sociais pela liberdade. Sua coragem de viver concretamente por um ideal de unidade, até as últimas consequências, nos inspira não apenas à uma profunda admiração ao seu exemplo, mas nos motiva a seguir em frente, colocando em prática esse ideal!

ana elisa As horas: reflexões sobre a relevância do tempo no cotidiano das nossas vidas | Ana Elisa BersaniAna Elisa Bersani – Formada em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP), em 2010, é mestranda em Antropologia Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Com especial interesse nas áreas de Antropologia do Desenvolvimento e da Ajuda Humanitária, desenvolve pesquisa com ênfase em contextos de crise e pós-desastre. Tendo realizado pesquisa de campo no Haiti, integra, atualmente, o conjunto de Visiting Students do MIT Anthropology (Massachusetts Institute of Technology) em Boston, Estados Unidos.

Sistema de computador: porque não usá-lo | Mariana Assis

Sistema de computador

No nosso dia a dia lidamos, certamente, com algum tipo de sistema de computador. Estudando ou trabalhando e mesmo para resolver coisas pessoais, a utilização dessas poderosas ferramentas do século XX nem sempre é uma experiência prazerosa ou prática.

Quem nunca teve dificuldade para pagar uma conta pela internet? Sofreu para comprar um produto em uma loja virtual ou descarregar uma foto de seu dispositivo móvel no próprio computador? A lista de atividades que podem ser feitas pelo computador e que, devido a sua complexidade, acabam com a nossa paciência, é grande. Isso me faz pensar no que eu posso fazer, como profissional de tecnologia, para ajudar as pessoas a lidarem melhor com um sistema de computador.

Uma complexidade desconhecida

Sinto que as pessoas que não são da área de tecnologia têm dificuldade de entender porque os sistemas, muitas vezes, são tão ruins, ou levam tanto tempo para serem feitos; porque é tão difícil fazer com que os sistemas realizem tarefas que parecem bastante corriqueiras e simples para um ser humano. Eu costumo dizer para os meus clientes que precisamos considerar que o computador é uma ferramenta que não tem inteligência própria. Tudo que ele faz foi programado por um ser humano.

Desta forma, criar uma lista de instruções de algo básico,  para que um computador realize a tarefa,como escovar os dentes, por exemplo, torna-se extremamente complexo. São muitas variáveis que devem ser levadas em consideração, que nós, pela prática cotidiana, se quer pensamos quando estamos escovando os dentes: Qual a força deve ser colocada ao segurar a escova e ao apertar o tubo de pasta de dente? Qual o ângulo deve ser adotado para a escova no momento em que ela entra na nossa boca e toca os dentes? Qual a distância deve existir entre a escova e os dentes?

Claro que nós não precisamos de um computador para escovar nossos dentes. Utilizei um exemplo corriqueiro e simples para fazermos, juntos, um exercício de reflexão a respeito da complexidade existente no processo de criação de um sistema de computador.

Quando um sistema de computador atrapalha mais do que ajuda

Sistema de computador

Durante minha carreira profissional, já ouvi muitas reclamações de usuários dizendo que a implantação de um novo sistema de computador havia tornado seu trabalho mais difícil e demorado, contrariando o seu objetivo, que era agilizar e tornar mais eficiente e fácil o trabalho das pessoas.

Como isso acontece? Quando os sistemas atrapalham mais do que ajudam? A minha resposta é a seguinte: quando os profissionais de tecnologia não conseguem dialogar com seus usuários, ou seja, quando se esquecem de se colocar no lugar deles para, a partir daí, começar a compreender quais são as suas necessidades.

Claro que questões de prazo e custo dos projetos também influenciam o resultado final. Se eu tenho uma semana para desenvolver um sistema de computador, por mais simples que ele seja, corro um grande risco de que ele acabe se tornando um problema ao invés de uma solução.

Como evitar que isso aconteça

Sempre que alguém me pede para criar um novo sistema de computador, eu, antes de tudo, procuro entender o contexto no qual a pessoa quer inseri-lo, quais as informações e por qual motivo elas estão sendo geradas. Também procuro identificar quem realiza as atividades que serão gerenciadas pelo sistema. Isto é, de maneira global, procuro identificar quem são as pessoas por trás dos processos; quais as suas necessidades, dificuldades, para que o sistema seja um projeto para, acima de tudo, auxiliá-las. Alguns programadores não gostam desta abordagem e preferem pular esta etapa e iniciar imediatamente o desenvolvimento, ou seja, a escrita do código do sistema de computador.

Porém, o que vejo acontecer em 90% dos casos nos quais os programadores não se importaram em entender as demandas, essencialmente “humanas”, antes de iniciar a fase de criação do sistema de computador, são sistemas que, após algum tempo de uso, são desligados ou substituídos, seja por outro tipo de ferramenta ou por outro sistema. Para evitar desperdício de tempo e dinheiro, eu aconselho a, antes de pensar em criar ou comprar um sistema de computador, procure compreender, talvez com a ajuda de um profissional, como é o seu processo de trabalho hoje e o que você precisa melhorar. Às vezes acaba-se descobrindo que há algo melhor do que aderir a um sistema de computador para atender a sua necessidade. Neste caso, segue uma ideia do que fazer com seus computadores, para que eles não fiquem encostados:

Sistema de computador

Brincadeiras a parte, gostaria de reforçar que é essencial que os profissionais de tecnologia procurem entrar no mundo dos seus usuários, esvaziando-se da própria experiência “técnica” e das ideias funcionais que tenham em mente, para dar espaço àquilo que ele vai ouvir do usuário.

Mesmo seguindo a metodologia que propus, muitas vezes é difícil estabelecer uma comunicação eficaz entre as duas partes envolvidas na elaboração de um sistema de computador, pois a verbalização de um pensamento pode não ser suficiente para expressar o que realmente queremos dizer. Tenho minhas ideias sobre o processo de comunicação em si, mas isso é papo para outro post.

Até sexta, não se esqueçam de aproveitar seus momentos off-line.

eLe

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mariana A revolução dos celulares no continente Africano | Mariana AssisMariana Redondo de Assis – Formada em Sistemas de Informação pela Universidade São Judas Tadeu em 2005, concluiu em 2010 a pós graduação em Engenheira de Software pela Universidade de São Paulo (USP). Atua no mercado de TI há 11 anos, passando pelas áreas de suporte, desenvolvimento, projetos e pré-vendas. Atualmente é consultora de sistemas de gerenciamento de conteúdo na Thomson Reuters, responsável pelas plataformas de conteúdo para toda América Latina.

Mandela: A África unida por um sorriso inesquecível

Mandela

Peço licença à colabora do escrevoLogoexisto Mariana Assis, que escreveu nas últimas sextas-feiras, para hoje, homenagear um dos homens mais importantes da história da humanidade moderna. Ontem, 5 de dezembro de 2013, um dos maiores promotores da paz e da reconciliação do século XX, concluiu sua longa jornada de 95 anos: Nelson Mandela.

Madiba e Tata Mandela

Mandela

Madiba, o nome usado como sinal de carinho e respeito, em referencia ao clã Thembu a que Mandela pertencia, foi um universo de testemunhos pacíficos, valorização do ser humano e, o que sempre me impressionou: exaltação da alegria. A história de Mandela é marcada pela dor, pela guerra mas, independentemente de tudo isso, ele jamais deixou de sorrir.

Encontrei um site interessante que conta um pouco da rica história de “Tata”, que significa «pai» em Xhosa, e é atribuído a Nelson Mandela porque ele é considerado o pai da democracia na África do Sul.

Mandela para o mundo

A luta de Mandela emergiu para extinguir um mal produzido pela colonização europeia que, ainda hoje, causa sérios danos à cultura tradicional africana. Os valores e os métodos impostos pelos países do “norte” deixaram sequelas profundas, incontáveis cadáveres e inúmeros mártires que sofreram as consequências da exploração ambiciosa .

A partir dessa perspectiva, Madiba já teria inúmeros motivos para promover a divisão, o ódio, a vingança dos negros do extremo sul subsaariano, segregados, em sua própria terra, pelos brancos europeus e seus filhos.

Mas não, Mandela não ressaltou nenhum tipo de lamento vitimista. Ele soube olhar além e, na alvorada de uma nova situação politica, conseguiu evidenciar valores comuns, aspectos que uniam brancos e negros, todos africanos, em uma mesma nação. Fez isso com o esporte, com a música, na organização política, na promoção da educação e deixou como herança para seu povo, o país mais desenvolvido do continente africano.

O sorriso cativante de um líder

MandelaA beleza de tudo isso é que Mandela foi um líder que transformou a África sorrindo. Tata foi um “pai” afetuoso para a nação sul-africana, que mantinha, particularmente, uma proximidade com as crianças e os jovens de seu país. Para ele, cuidar de ambos era garantir um futuro promissor para a nação.

Nelson Mandela simbolizava aquilo que se pode esperar de MELHOR da África. Um continente feito de gente que luta, sofre, mas não perde JAMAIS o sorriso estampado no rosto, a alegria de viver e desfrutar dos aprendizados que a vida dá.

Madiba é para mim um dos seres humanos mais maravilhosos que a humanidade recebeu. Ele não ficou “sentado” esperando que as feridas da guerra cicatrizassem, mas foi o protagonista, chamou a responsabilidade para si e com inteligência e criatividade sanou uma das maiores e mais trágicas doenças que a humanidade vivenciou: o Apartheid.

Agradeço a Deus pela vida de Mandela, Tata, Madiba. Pelo seu testemunho fiel e alegre, mostrando ao mundo que a divisão, até mesmo a mais dramática delas, não é capaz de suprimir o amor, a alegria e o perdão.

Trailer do filme biográfico que chegará logo aos cinemas do mundo. Imperdível

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Imigrantes de São Paulo: Um mundo pouco explorado | Rodrigo Delfim

Imigrantes

Uma simples conversa significaria uma viagem gratuita e personalizada para a terra natal do novo colega – e ele à sua – desde que ambos abram os espaços para tal. Essas viagens sem sair do lugar, para a Itália, Chile, República Democrática do Congo, Mali, Togo, Serra Leoa, Portugal, Bulgária, entre outros, podem não significar diversão ou momentos de descontração, mas certamente guardam lições de vida e superação.

Políticas públicas para imigrantes

Imigrantes Entre os dias 29/11 e 01/12, participei, em São Paulo, da 1ª Conferência Municipal de Políticas para Imigrantes. Cerca de 300 pessoas de 35 nacionalidades diferentes estiveram presentes em pelo menos um dos três dias de evento. Era só uma amostra do caldeirão de culturas e oportunidades de aprender e repassar vivências. Um mundo ainda pouco compreendido e muito menos aproveitado do que deveria ser.

Da minha colega italiana, soube que ela é do Partido Democrático e odeia o Berlusconi; de Serra Leoa e República Democrática do Congo são colegas também de profissão, jornalistas; de Togo (que abriu um sorriso enorme quando citei o nome do jogador de futebol Adebayor, ídolo nacional), soube que ele veio para o Brasil após se converter ao cristianismo e encontrar oposição da família, muçulmana. Enfim, teria uma pequena aula com cada um que eu parasse para conversar.

O desprezo social pelo migrante

Essa consciência a respeito da importância de aprendermos com as diferenças do outro, no entanto, ainda é pouco compreendida pela sociedade – não apenas no Brasil. Pelo contrário, o migrante é visto como “ladrão de empregos”, acusado de “ocupar espaço” nos serviços de saúde e educação, de “não querer se integrar à sociedade onde ele se insere”. No entanto, pouco se fala da contribuição que cada um deles pode trazer para o novo lar.

Imigrantes Esse tipo de reação, ontem e hoje, soa ainda mais estranha em uma cidade como São Paulo, que deve boa parte de sua formação social, histórica e econômica a esses “forasteiros”, que vieram dos quatro cantos do Brasil e do exterior, muitas vezes recebidos com desconfiança e até com sentimentos de repúdio por parte dos cidadãos locais.

Os personagens mudaram, mas não a essência da rejeição ao diferente – os “carcamanos”, termo pejorativo usado para se referir aos italianos do começo do século XX, foram trocados pelos “baianos” e agora pelos “bolivianos”. É triste ver que uma cidade, que tem o gene migrante em seu DNA, repudiar justamente um dos elementos que a tornam única. É horrendo ver o local de origem de uma pessoa ser usado como forma de ofensa a ela.

Consciência global para um agir local

Em uma sociedade globalizada, onde tudo acontece em tempo real e as fronteiras ficam cada vez mais imperceptíveis, o diferente está mais próximo de nós do que nunca. É até compreensível o espanto com essa aproximação repentina, mas não se pode jamais repudiar, discriminar ou recriminar.

Mesmo que leve tempo, o melhor a ser feito por cada um de nós é abrir-se para conhecer e aprender com quem é diferente. Não significa – e nem deve significar – abandonar sua cultura e tudo o que já se aprendeu em troca do que chega de novidade, mas sim agregar novas experiências e respeitar as visões de mundo diferentes da nossa. Os ganhos serão certamente maiores do que os supostos efeitos colaterais.

Indico um vídeo muito bonito que conta algumas histórias dos filhos de imigrantes de São Paulo:

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rodrigo Viajo porque necessito, volto porque quero viajar de novo | Rodrigo DelfimRodrigo Borges Delfim, formado em jornalismo pela PUC-SP em 2009, trabalha atualmente na área de Novas Mídias do portal UOL. Interessado em Mobilidade Humana, Políticas Públicas e Religião, desde outubro de 2012 mantém o blog MigraMundo para debater e abordar migrações em geral. É também participante da Legião de Maria, movimento leigo da Igreja Católica, desde 1999.

Homens são homens e mulheres são mulheres: o papel social dos gêneros

papel social

Há algumas semanas tive uma conversa “polêmica” com a minha esposa a respeito do papel social do homem e da mulher no mundo contemporâneo e as consequências dos modelos que a, dita, “cultura ocidental” assumiu para si. Decidi reproduzir o meu pensamento para ver o que as pessoas pensam sobre o tema:

Premissas fisiológicas:

Algumas premissas para mim são claras e transcendem as escolhas sociais: homens e mulheres são fisiologicamente diferentes o que define, por conseguinte, papéis na preservação da espécie diferentes.

Bom, deixando de lado os motivos religiosos que definem aspectos que transcendem a simples sobrevivência, acredito que seja possível dizer que a premissa da vida de um “homo sapiens” é: a preservação da própria espécie. Para que isso ocorra, é fundamental que algumas dinâmicas funcionem bem: a alimentação diária e as medidas de proteção às adversidades do contexto externo em que os indivíduos estão inseridos.

Resumindo: alimentano-se e protegendo-se dos perigos externos, é possível que ser humano tenha uma expectativa de vida razoável. Certo? Errado!


O homem comunitário: primeira definição do papel social dos gêneros

Diferentemente de outros seres vivos, os seres humanos são seres “comunitários”. Para aumentar a chance de sobrevivência, os homo sapiens copiaram alguns dos seus ancestrais e começaram a viver em grupos. Porém, a vida em grupo levou à divisão de tarefas. E aqui, acredito, surgiram as primeiras definições “sociais” do papel diferenciado entre homens e mulheres.

papel social

Não me parece muito racional dizer que, já nessas sociedades primitivas, existia uma dinâmica machista, que submetia a mulher às “inferiores” tarefas domésticas e os homens às “aventuras” da vida. Usando a lógica, acredito que foi partindo da própria constituição fisiológica – em que o homem é estruturalmente mais forte e a mulher aquela responsável pela geração e preservação da vida – que as dinâmicas sociais foram se concretizando. Dessa forma, enquanto o homem foi caçar, tornando-se responsável para a alimentação e proteção da família, a mulher ficou em casa, gerando e protegendo a prole, além de desenvolver habilidades artesanais em geral.

Claro que esse pensamento é fruto de uma autoconsciência, não é baseado em um estudo antropológico, mas duvido que a sociedade iria prosperar se os papéis sociais mencionados fossem invertidos. Difícil imaginar uma mulher gravida correndo atrás de um javali com uma lança e um homem dando de mamar para um bebê.

O juízo de valor sobre o papel social

Melhorando as estratégias de caça, de cultivo de alimentos, aos homens surgiu um tempo ocioso, que foi, aos poucos, permitindo a sua evolução intelectual, cultural. Mas também as mulheres, além dos afazeres domésticos, eram protagonistas das mudanças sociais, tanto no que diz respeito às atividades manuais, como intelectuais. Os homens nunca foram os protagonistas e as mulheres coadjuvantes da história da humanidade. Ao menos fisiologicamente. O que mudou foi a visão social a respeito do valor em relação às diferentes funções exercidas na sociedade.

As estruturas de poder, de dominação, também as culturais, passaram a valorizar mais a força e a capacidade foco, não a inteligência e perspicácia emocional e a capacidade de multitarefa. Isso nos trouxe ao mal do machismo, que produziu uma crença deplorável de que uma sociedade “dominada” pelos homens é mais capaz de se preservar, ou melhor, sobreviver.

As consequências para mim são claras: a discriminação social das mulheres, o seu rebaixamento social, gerou revolta e fez crescer o desejo de mostrar que ela não é uma simples fazedora de filhos. A mulher tem infinitas potencialidades que podem enriquecer efetivamente a vida em comunidade.


Uma sociedade feminista?

Felizmente, o feminismo ajudou a libertar as mulheres da doença social do machismo, mas, infelizmente, levou-as para o outro extremo. Exigindo a igualdade de protagonismo dentro da sociedade, principalmente nos aspectos que fogem à simples preservação da espécie, a mulher parece ter perdido – ou descartado – uma dimensão que é intrínseca da sua existência: a maternidade.

papel social

Vejo as mulheres modernas transformadas em homens de saias, masculinizadas. Buscando unicamente a realização profissional, a carreira, a mulher acabou esquecendo a sua essência materna, que é exclusiva dela e depende profundamente das suas habilidades e da capacidade fisiológica de gerar e proteger afetivamente a espécie. Essa transformação social tem gerado consequências dramáticas, tanto no que diz respeito às confusões em relação ao papel “fisiológico” do homem, ao novo conceito de família, e etc.

Não quero uma sociedade machista, porque acredito que, na sua origem, ela NUNCA foi, nem machista e nem feminista. O que quero é uma humanidade capaz de evoluir, revendo e atualizando o papel social de homens e mulheres, mas sem jamais descartar a essência que faz dos homens, homens e das mulheres, mulheres, iguais, mas profundamente diferentes. Desprezar as distinções fisiológicas intrínsecas pode colocar a sobrevivência harmônica e o desenvolvimento da nossa espécie em risco.

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