Month: December 2013 Page 1 of 4

Um Arsenal de Esperança e Solidariedade para o Natal | Rodrigo Delfim

Arsenal de Esperança

“Porque o mundo passa todos os dias pela porta da casa”. Essa é uma das frases usada pelo Arsenal da Esperança, entidade ligada à Igreja Católica e conhecida pelo apoio aos migrantes e refugiados que chegam a São Paulo, para convidar à Novena de Natal deste ano.

Para explicar: uma novena consiste em uma série de nove encontros para orações que antecedem uma grande festa, como o Natal – pode ser ainda dedicada, por exemplo, a um santo padroeiro. São muito comuns na Igreja Católica. como uma forma de reflexão e preparação para essas celebrações.

O objetivo dos encontros, que culmina com a comemoração do dia de Natal, hoje às 17h, é de colocar, juntos, brasileiros e migrantes de todo o mundo em um momento de reflexão, partilha das alegrias e preocupações trazidas diariamente pelos viajantes que chegam ao local.

Nos últimos dias, por meio desse encontro de orações, a instituição promoveu aos seus participantes (brasileiros e de outros países) uma pequena passada por Itália, Guiné Bissau e pela Terra Santa, entre outras escalas sem sair do lugar. Além dos locais descritos nos encontros, a nacionalidade dos participantes contribui para um ambiente pluricultural e de tolerância – virtudes tão necessárias em tempos de globalização e de contato direto e intenso com novas culturas, ainda que não recebam o devido valor atualmente.

O fato de ser um encontro religioso pode até despertar certa desconfiança no começo, de que tais instituições tenham como objetivo doutrinar os atendidos. Em verdade o que acontece é exatamente o contrário. O princípio básico é o acolhimento, não importando a crença ou origem do acolhido.

Arsenal da Esperança

O Arsenal da Esperança foi fundado em 1996 por Ernesto Olivero e Dom Luciano Mendes de Almeida. O local acolhe, diariamente, 1200 homens que se encontram em dificuldades devido à falta de casa, trabalho, alimentação, saúde e família – tanto brasileiros como imigrantes.

Endereço:

Rua Dr. Almeida Lima, 900 – Mooca – São Paulo (SP)

(próximo à estação Bresser-Mooca do Metrô)

(11) 2292-0977

www.arsenaldaesperanca.com.br

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rodrigo Viajo porque necessito, volto porque quero viajar de novo | Rodrigo DelfimRodrigo Borges Delfim, formado em jornalismo pela PUC-SP em 2009, trabalha atualmente na área de Novas Mídias do portal UOL. Interessado em Mobilidade Humana, Políticas Públicas e Religião, desde outubro de 2012 mantém o blog MigraMundo para debater e abordar migrações em geral. É também participante da Legião de Maria, movimento leigo da Igreja Católica, desde 1999.

Renascer com o Natal

Renascer

Natal. Há tempos pouco se fala do célebre aniversariante. Prefere-se promover o laicismo ideológico em vez de valores religiosos “questionáveis”, ao menos na prática.

Assim, em vez de “perder tempo” com as mensagens moralistas, aproveitamos o período de festas para estar com os amigos, em família, para cantar, dançar, comer bem, descansar e divertir-se.

O mais interessante dos comportamentos “anti-Natal” é que nenhum deles consegue, de fato, fugir da áurea natalina que se estabelece. Tudo isso porque a grande mensagem deste dia não é, como muitos pensam, a realização de algum tipo de profecia religiosa salvadora ou a transformação escatológica do mundo.

Se o nascimento do “tal Jesus” não conseguiu transformar radicalmente nem o mundo que conviveu historicamente com ele, porque acreditar que Natal é sinônimo de salvação?

Natal é renascer

Não! Natal é, sobretudo, tempo de renascer; de estar com aqueles que amamos, mesmo se a proximidade seja “de espírito”, pois, ás vezes, as situações nos distanciam sem, jamais, nos afastar; é oportunidade de “conversão”; de repensar nossas atitudes, mensurar as consequências das escolhas que fizemos durante o ano e se perguntar se elas nos levaram ao melhor caminho, rumo a desejada felicidade.

Mesmo um não cristão, abrindo-se ao espirito que emana do menino recém-nascido, pode descobrir a universalidade da sua mensagem. O Deus dos cristãos não escolheu um berço de ouro para si, nem abriu mão de “encarnar-se” fora de uma família. Simplicidade e vida comunitária são dois pilares da mensagem natalina.

Durante o ano, tantas vezes, preocupados em conquistar nossas ambições materiais, acabamos nos isolando daqueles que amamos. Sozinhos, sem alguém com quem compartilhar as nossas conquistas, elas perdem o sentido.

Por isso, Natal tem tudo a ver com a família e amigos! Pois é com eles que, principalmente, partilhamos dores e alegrias, sucessos e fracassos. Desta forma crescemos, tornando-nos pessoas melhores, para nós mesmos e para os outros.

Repensar a própria vida nos faz perceber que somos seres-relação e encontramos no amor ao outro, espelhado no testemunho do menino-Deus, o significado da nossa existência, da nossa felicidade.

Reis à procura do Rei

Reis

Ao amanhecer do primo dia de dezembro, depois de semanas de preparativos, Melquior, rei dos Persas, partiu em direção da estrela-guia levando ouro, sua oferenda destinada ao Rei dos reis. Depois de uma longa jornada, encontrou seu irmão Gaspar, Rei das Índias, que trouxera consigo incenso, oferenda digna de divindade , para presentear o recém nascido. Não muito longe dali, Baltazar viera a se juntar com os outros reis magos, trazendo a mirra.

Após algumas semanas de caminhada chegaram a Belém, na Judeia, local aonde as Escrituras haviam mencionado que nasceria o Rei dos reis. Caminharam pelas ruas da cidadezinha até, finalmente, avistarem um pequeno estábulo, escuro e frio, sob a estrela-guia. Seus corações pareciam querer explodir de ansiedade. Aproximaram-se lentamente, até que foram surpreendidos por uma voz forte e levemente rouca:

_ Hou! Hou! Hou! Feliz Natal! Entrem! Entrem!

Confusos eles não entendiam a presença do autor da saudação. Todos esperavam o choro de um bebê, mas, em vez disso, estavam diante de um velho barbudo, acima do peso, segurando uma garrafa cheia do que parecia ser uma bebida gasosa escura.

Após os minutos iniciais de acanhamento e dúvida os reis, em um consenso gestual, ajoelharam-se e tiraram de suas bolsas o ouro, o incenso e a mirra, oferecendo-os para o velho barbudo, como sinal de respeito e admiração, enquanto ele assistia à cena com olhar de surpresa. Quando os três reis magos concluíram à oferenda solene, o velho disse a eles:

_ Meus filhos, eu não preciso de nada disso! Com o dinheiro da publicidade pela venda dos produtos atrelados à minha imagem, eu posso comprar o mundo inteiro.

Espantados com o que acabaram de ouvir, os reis magos não sabiam o que fazer. As oferendas simbolizavam a ação de graças por Àquele que deveria nascer, mas a presença daquele velho em Seu lugar era um claro sinal de mudança nos desígnios traçados para a humanidade.

Porém, quando os três irmãos conseguiram se acalmar, perceberam um respirar abafado coberto pelas sombras que o velho barbudo produzia. Aproximaram-se e viram que, na penumbra, estava uma jovem e seu marido, segurando uma criança no colo. Seus olhos se encheram de lágrimas, pois eles haviam finalmente encontrado Àquele que estavam procurando.

O Salvador, mesmo escondido, marginalizado, estava lá, nos braços de sua mãe. A alegria da descoberta contagiou os reis magos e o fez entenderem que para encontrar o menino-Deus é preciso, muitas vezes ir além da sombra do Papai Noel e seus presentes.

Bodas de papel: a importância de uma família voltada para os outros

Bodas de papel

Estamos na semana em que eu e minha esposa iremos comemorar um ano de casados. Mas, eu me pergunto, o que as nossas bodas de papel têm a ver com um texto de blog? Qual a importância de um evento familiar para pessoas que irão ler esse post e, possivelmente,  nem nos conhecem?

Vivemos em uma sociedade em que a vida pública e privada se confundem, principalmente pelo fato de que os contextos de socialização ganharam, com o universo virtual, uma amplitude particular. Claro que isso não tira das famílias –  e, principalmente, dos pais – a responsabilidade de saber dosar o virtual e o real, como diria a cara Mariana Assis.

Um dos maiores protagonistas da exposição da vida familiar contemporânea é o famoso Facebook. Dentro desta rede social nos “mostramos” de uma maneira nova. Compartilhamos nossas experiências em um ambiente que acreditamos, muitas vezes, privado, sem saber, contudo, que as informações têm uma difusão difícil de controlar.

Privacidade, partilha e promoção de valores

Bodas de papelOlhando a questão da privacidade, no interior das redes sociais, deve-se, de certa forma, temer, ou melhor, agir com prudência quando postamos alguma coisa. Existem sim pessoas mal intencionadas que podem fazer mau uso das informações que colocamos na internet. Por isso, é importante ter consciência e conhecimento para não se prejudicar ou prejudicar a própria família. Não vou explorar esse argumento, para expor um outro “lado” das redes sociais.

Um importante aspecto que as pessoas acabam esquecendo, às vezes por temor ou até por egoísmo, é que a família também é constituída por uma dimensão comunitária. Isto é, necessita partilhar as experiências com pessoas próximas ou mesmo àquelas que se afastaram de alguma forma, para prosperar, crescer, superar os momentos de dificuldade que atingem qualquer relacionamento. As redes sociais podem sim ser um meio de partilha profunda, que ajuda a manter o contato com pessoas que, por diversos motivos, estão fisicamente longe.

Outro aspecto bonito da “vida pública” familiar nas redes sociais é a possibilidade de, por meio de um testemunho positivo, promover valores em escala exponencial. A internet é e será sempre uma ferramenta que pode ser usada, tanto para rebaixar o ser humano e a família, como para promovê-los, ressaltando a rica complexidade e a capacidade de difundir o bem comum. Depende muito do modo como nós a usamos.

Um ano de aventura comunitária

Dessa forma, vale sempre (com prudência e tomando cuidado em não expor a família de maneira negativa) usar todos os meios, inclusive os virtuais, para mostrar a beleza das dinâmicas familiares.

Junto com a minha esposa, estamos descobrindo, aos poucos, como testemunhar “ao mundo” o amor que acreditamos. Um amor que é bonito porque vivido com tantos amigos queridos, famílias maravilhosas e pessoas que, mesmo longe, nos ajudam a não perder o foco e a nossa essência; ajudam-nos a lembrar de que existe uma “missão” para cada família dentro da sociedade em que vivemos.

As nossas bodas de papel

Bodas de papelTenho que dizer, de coração, que o primeiro ano de casado superou as minhas expectativas. Claro que, quando pensei que estaria ao lado da pessoa que mais amo, 24 horas por dia, já imaginava o quanto 2013 seria bom, mas a felicidade não pode ser mensurada.

A vida juntos é uma aventura incrível. No nosso caso, enriquecida pelas diferenças continentais, é ainda mais uma descoberta contínua, um exercício de compaixão, de comunicação, respeito e principalmente um esforço cotidiano para vivermos voltados, cada um, para a felicidade do outro.

Ao completar um ano de casado, segundo a crença popular, comemoram-se as bodas de papel. No advento de completar essas bodas, posso afirmar, que no nosso caso, não é um simples papel, mas um lindo origami.

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