Seis horas da manhã, Tiago acorda com o despertador do seu smartphone. Ele desliga o alarme, olha as mensagens que recebeu no whatsapp durante a noite e as notificações de comentários e curtidas no seu facebook. Abre seu aplicativo de e-mails, apaga alguns spams; Abre o twitter e olha os posts da madrugada. Tiago então, se levanta e vai tomar banho. Antes de entrar no chuveiro, liga o superplayer e seleciona a playlist que mais combina com o seu humor: “acordando super feliz”, “desanimado”, “pensativo” , “dor de cotovelo”. Sai do banho e abre seu aplicativo de previsão do tempo para decidir se vai de manga comprida ou camiseta.
Antes de sair de casa, abre o waze para saber qual caminho está com menos trânsito em direção ao seu trabalho. Não adianta muito, ele fica parado no trânsito e resolve fazer um check-in no foursquare. O lugar? “Trânsito infernal da Rebouças”. Olha novamente o facebook, twitter, instagram, afinal, não tem nada mais interessante para fazer enquanto espera pacientemente que, em algum, momento os carros voltem a se movimentar.
O personagem descrito acima pode ter muitos nomes e se encaixa no perfil de muitas pessoas. Mas, Tiago poderia ter um despertador que serve apenas para nos acordar; poderia olhar pela janela para ver como está o tempo; poderia ir de bicicleta para o trabalho, ou simplesmente aproveitar o tempo parado no trânsito para pensar na sua vida, refletir sobre si mesmo. Poderia, mas seria uma exceção.
Pensando na maioria de nós, eu pergunto: quanto tempo será que conseguimos ficar sem o smartphone?
Viciados em tecnologia
Se você sentiu um aperto no peito só de pensar na possibilidade de ficar desconectado, talvez seja a hora de começar a refletir no seu relacionamento com a tecnologia.
Foi o que fez Lexi Felix, um jovem americano de 28 anos, que chegou a trabalhar 70 horas por semana e a dormir com seu notebook na cabeceira da cama. Depois de ter quase morrido por stress, ele e sua namorada largaram tudo na Califórnia e foram viajar.
Durante os dois anos que ficou longe dos Estados Unidos, Lexi trabalhou em fazendas, praticou Yoga e meditação e passou seis meses em uma pousada em Camboja ajudando na organização e manutenção. Ele descreve esse tempo como uma oportunidade que teve para reavaliar o que significa viver em uma das épocas mais interessantes da humanidade, na qual mais do que nunca estamos todos conectados e percebeu que era necessário encontrar um equilibro.
Assim como o Felix, eu também tenho refletido sobre este equilíbrio. É muito fácil se deixar seduzir pela infinidade de informações que encontramos na internet. Já falei nos últimos posts como o mundo virtual pode parecer perfeito e mais atraente do que a nossa vida real.
Desconectar-se para conectar-se
Confesso que para mim também é um desafio me desconectar totalmente. Nas minhas últimas férias fui viajar com 3 amigas para os Estados Unidos e em muitos momentos tinha a vontade de comprar um chip local para ter internet no meu smartphone.
Foi então que eu percebi como havia desaprendido a viver sem a possibilidade de fazer uma rota no Googlemaps ou ver as opiniões das pessoas sobre um restaurante no foursquare, ferramentas tecnológicas que podem estragar as oportunidades de desbravar novos caminhos, experimentar um novo tipo de comida, conhecer outras pessoas, etc.
Nesta viagem, com as minhas amigas, conhecemos um funcionário dos Studios Warner e descobrimos que ele gostava muito do Brasil e tinha planos de vir para a Copa do Mundo. Ele nos deu uma ótima sugestão de lugar para almoçar e comemos a melhor torta de frango do mundo!
Além da informação útil, trouxe comigo um pouco daquela pessoa. Ficou a lembrança daquele momento de comunhão, de comunicação na sua essência, algo que as experiências virtuais não permitem.
Um desafio que vale a pena
Na vida real não temos controle total das situações que vivemos. Por medo ou comodidade, muitas vezes nos refugiamos nas notificações das redes sociais que recebemos no smartphone. Mas, acredito que vale a pena fazer o exercício de desligar-se do universo virtual.
Fica a dica: quando estiver com os amigos em um bar, ao invés de ficar olhando para seu celular o tempo todo, curta a companhia do pessoal. O mundo não vai acabar se você não responder aquela mensagem no whatsapp, ou não curtir a foto da sua melhor amiga. E, fique tranquilo, se for urgente, certamente vão conseguir achar você, com ou sem celular.
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Mariana Redondo de Assis – Formada em Sistemas de Informação pela Universidade São Judas Tadeu em 2005, concluiu em 2010 a pós graduação em Engenheira de Software pela Universidade de São Paulo (USP). Atua no mercado de TI há 11 anos, passando pelas áreas de suporte, desenvolvimento, projetos e pré-vendas. Atualmente é consultora de sistemas de gerenciamento de conteúdo na Thomson Reuters, responsável pelas plataformas de conteúdo para toda América Latina.