Casar não é fácil. Isso todo mundo sabe! Casamento é uma aventura que exige muita dedicação, paciência e muito esforço. Depois da enorme dificuldade que se enfrenta para achar a pessoa certa, uma vez encontrada, parece que os problemas estão só iniciando… Onde morar? Como pagar a casa? Como reconciliar a carreira dos dois? E se você, como eu fiz, decidir casar com estrangeiro? A montanha de desafios parece ainda mais intransponível, pois se somam aos problemas “comuns” de qualquer casal, documentos, línguas, culturas e etc.
Mesmo diante de todos esses obstáculos, por experiência própria, eu posso garantir que casar com estrangeiro também tem mil vantagens. Antes de me casar, ouvi mil histórias sobre os casamentos binacionais. A maioria dizia que eles não terminam bem, sendo advertida, diversas vezes, que casar com alguém de outro país, ainda mais de outro continente, é muito difícil e, por isso, não vale à pena.
Não quero dizer que casamentos binacionais são melhores do que casamentos ‘nacionais’, ou dizer que todo casamento binacional vai dar automaticamente certo. Um casamento duradouro não depende só disso. Decidi somente montar uma pequena listinha com alguns fatores POSITIVOS de um casamento binacional, pensando nas pessoas que namoram estrangeiros e não sabem se vale a pena encarar essa aventura, só porque o parceiro vem de outro país. Não irei aprofundar aspectos “superficiais” como, por exemplo, os benefícios dos filhos aprenderem duas línguas desde pequeno, pois acho que fogem do foco do texto, que tem como objetivo mostrar as belezas do relacionamento entre o casal binacional.
O diálogo
Normalmente, os casais binacionais têm línguas maternas diferentes. No meu caso, a minha é o alemão suíço e a do meu marido o português. À primeira vista, isso pode parecer uma desvantagem, pois muitas vezes o casal precisa se comunicar em uma terceira língua ou um aprender a língua do outro. Porém, o fato de não se falar a língua materna também ajuda a tentar se comunicar sempre da melhor maneira possível. Tudo precisa ser explicado até o outro entender completamente. Esse “tipo” de diálogo serve, especialmente, nos momentos de crise em que só a abertura completa e um diálogo profundo e sincero podem ajudar a resolver as dificuldades. O diálogo é um dos pilares de qualquer relacionamento e tem um papel ainda mais central e bonito no casamento binacional, pois promove a união de duas culturas, aspecto que nos leva ao segundo ponto da lista.
A cultura
Não adianta negar: somos todos frutos genuínos das nossas culturas! Dito isso, estar em contato com outra cultura nos ajuda a valorizar os aspectos positivos e reconhecer os aspectos negativos da nossa. Essa relação com outra cultura, nunca será tão próxima como em um casamento binacional. Por exemplo: como Suíça, o respeito, a honestidade e a pontualidade são valores muito importantes para mim. O lado que eu não gosto tanto dos suíços é que, muitos deles, são fechados ou não se interessam tanto por outras pessoas. Pensando na cultura do meu marido, brasileiro, percebo que ela é feita de um povo muito aberto, afetuoso e alegre, mas que, às vezes, chega a ser invasivo. Na nossa família tentamos construir um bom equilíbrio entre essas duas culturas, realçando os aspectos positivos das duas e tentando de evitar os que não ajudam a construir uma família unida.
Crescimento
No casamento binacional, pelo menos um dos dois vai, necessariamente, ter de deixar o próprio país, a família e os amigos, para se instalar na pátria do outro. Sendo assim, a pessoa que deixou tudo é, inicialmente, totalmente dependente do outro, até aprender a língua, arranjar trabalho e etc. Porém, dependência não tem uma conotação exclusivamente negativa, pois é sempre uma oportunidade de aumentar o companheirismo e a confiança entre o casal. Mas eu gostaria de tocar em outro ponto: o fato de se instalar em outro país, aumenta consideravelmente a “network” da família. Pensando no mundo globalizado onde nós vivemos, falar várias línguas, conhecer pessoas de diferentes países, trabalhar no exterior, são algumas experiências altamente valorizadas e que beneficiam fortemente o desenvolvimento pessoal e, consequentemente, de toda a família.
Antes de chegar em São Paulo, muitos dos meus amigos suíços estavam preocupados com a minha segurança, pois a mídia internacional promove uma desagradável reputação da capital econômica do Brasil. Contudo, vivo nessa metrópole há mais de um ano e acho que nunca, em nenhum lugar, cresci e amadureci tanto como aqui. Pude fazer muitos contatos pessoais e profissionais, aprendi o português que é uma língua tão poética, criativa e calorosa, e, hoje, consigo me virar sozinha em uma cidade que têm o dobro de habitantes do meu país inteiro. Com certeza eu me sinto uma pessoa muito mais completa e meu marido me ajuda muito nesse processo de crescimento e construção de uma família estável e segura.
Para finalizar, devo dizer que que nada disso seria possível se eu e meu marido não cultivássemos, diariamente, o AMOR verdadeiro entre nós. Muitas vezes o medo nos impede de dar os passos necessários, mas o exercício de nos amarmos sempre mais e melhor, nos leva a ser uma família feliz. Acho que esses três aspectos ajudam a refletir o lado positivo, do que pode, aparentemente, ser negativo, mas que contribui, diretamente, para a felicidade do casal binacional. Afinal de contas, o que é mais importante disso?
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Fernanda Maria
Adorei o texto 🙂 E parabéns pelo seu português ! Abraços!!!
Natália
Olá!!! Lindo o texto! Muito claro e sensível! Acredito que seria interessante você compartilhar outras reflexões ao longo do casamento! Parabéns!
Michelle
Seu texto não parece simular um casamento “binacional” bem sucedido, não se restringe a ensinar uma receita para tal. Ele nos toca, sobretudo, porque faz entrever que se trata de uma experiência verdadeira que busca alicerçar-se no Amor.
Quanto aos três pontos positivos que são ressaltados, a cultura cultural e o crescimento já são de certo modo esperados por um casal mas você nos mostra o aspecto do diálogo numa nuance muito interessante! Obrigada pela sua partilha! Felicidades ao casal!
Sasha
Grazie di aver scritto e condiviso con noi la tua (la vostra) esperienza! Mi é piaciuto entrare nel vostro rapporto, per scoprire che viviamo la stessa realtá (dato che io sono degli stati uniti e Francesco é Italiano). Hai sottolineato bene i vari punti che anche io e mio marito abbiamo riconosciuto prima del nostro matrimonio e che continuiamo a mettere davanti a noi in modo per rafforzare il nostro rapporto. Voi siete una coppia bellissima e vi assicuriamo la nostra unitá a distanza! Tanti saluti da Chicago 🙂