Incendies

Raros filmes que eu pude assistir tiveram a capacidade de tocar os meus questionamentos mais profundos a respeito da vida, e no como podemos fazer dela uma experiência de Amor, no sentido agápico. E bem, ontem fui surpreendido pelo maravilhoso e premiadíssimo Incendies.

A história é simples. Começa no Canadá, com um casal de gêmeos encontrando o escrivão do testamento da sua falecida mãe, que ao dar-lhes duas cartas, anuncia dois novos membros desconhecidos da família: um irmão e um pai. Assim, procurando descobrir o que teria acontecido no passado misterioso de sua mãe, os dois partem para o Líbano, iniciando uma aventura que irá mudar completamente a história daquela que eles consideravam uma família “comum”.

Incendies, como nenhum outro filme, me fez pensar a respeito da origem do mal. Fez-me lembrar do livro de Hans Jonas “O conceito de Deus depois de Auschwitz” e o mal que existe na divisão promovida pela guerra.

Durante meus estudos teológicos, entendi que o bem é uma força que promove a união entre seres, enquanto o mal é uma força que divide. Consequentemente, tudo aquilo que nos afasta uns dos outros é essencialmente mal, e vice versa. Esse conceito é bem presente no filme. As divisões levam a escalada de um mal de proporções inimagináveis, e o bem, silencioso, singelo e, sobretudo, raro, se renova no desejo dos personagens permanecerem juntos, unidos.

O que pensei, contudo, após o filme, foi sobre a possibilidade de uma dessas forças, sobretudo a benéfica, ser potencializada. O filme, com uma sensibilidade formidável, mostra que a “origem” de uma nova vida nasce do perdão. É por meio dele que o Amor se renova e pode novamente unir, curar feridas.

Obra de arte. É o termo que define melhor Incendies. Um dos filmes mais bonitos que pude ver nos últimos anos.

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