Month: November 2013 Page 1 of 5

A revolução dos celulares no continente Africano | Mariana Assis

 revolução dos celulares

Imagine como seria morar em um lugar onde as pessoas não têm energia elétrica em casa e muito menos internet? Neste cenário, seria impossível utilizar qualquer meio de comunicação moderno, como a televisão ou o celular, certo? Errado!

Em alguns dos meus últimos posts, refleti sobre alguns aspectos negativos das redes, como a fuga da realidade e a liquidez dos relacionamentos. Hoje, quero me focar em apresentar uma forma positiva de utilização da tecnologia.

A revolução dos celulares está mudando a África

Avanços relevantes melhoraram muito a qualidade de vida de inúmeras pessoas em todo o mundo. Mesmo assim, na África, milhares de pessoas ainda vivem sem energia elétrica, água potável e somente 5% da população de lá tem uma conta no banco.

revolução dos celularesO déficit tecnológico existe, mas um instrumento está revolucionando a vida de muitas pessoas no continente africano: as mensagens de texto por celular, também conhecidas como SMS ou torpedos.

É interessante perceber que, mesmo com as inúmeras restrições tecnológicas existentes, um dado curioso chama atenção: o continente africano está  à frente dos Estados Unidos e da Europa em quantidade de pessoas que tem um celular, totalizando cerca de 650 milhões de usuários.

Ainda sem um sistema elétrico disponível para todos, as pessoas que vivem afastadas dos grandes centros carregam seus celulares com baterias e geradores e cada vez mais cresce a possibilidade de carregar aparelhos eletrônicos por meio da energia solar.

Pode até parecer estranho, visto que, quando pensamos na África, as primeiras impressões que temos são (infelizmente) em relação à pobreza e as suas consequências.  Mas as coisas estão mudando!

Por outro lado, isso nos levaria, talvez, a pensar: então os africanos passam fome, mas têm celular? Não seria uma atitude incoerente? Muito pelo contrário! Atualmente, a mobilidade (o uso de telefones móveis) tem ajudado muito a população africana a melhorar vários aspectos das suas vidas.

Exemplos relevantes

Um bom exemplo de como os celulares são importantes colaboradores para o desenvolvimento da África é o seu auxílio à agricultura. Os agricultores locais estão utilizando o serviço de envio de notícias por SMS para saber a previsão do tempo, descobrir os preços praticados para os seus produto no mercado e para receber textos sobre técnicas de cultivo.

Com os celulares, os africanos também podem receber remessas de dinheiro, enviadas por familiares que estão vivendo na Europa ou América. Com este crédito, fazem compras e pagam seus fornecedores, tudo pelo celular.

revolução dos celularesAlém da utilização econômica, os celulares também estão sendo utilizados por programas de saúde e de combate a desnutrição. O Pesinet é um projeto do governo de Mali (noroeste africano) no qual os agentes de saúde enviam dados, semanalmente, sobre as crianças que vivem em locais remotos, para os médicos que estão nos grandes centros urbanos. Quando o médico vê que o estado de saúde é grave, ele manda um SMS para os agentes, com instruções para uma avaliação mais profunda.

Paradoxos sociais e tecnológicos: E eu? O que faço?

Em meio à miséria e a falta de perspectiva, os africanos encontram nos celulares um respiro de esperança, uma possibilidade de terem dias melhores com menos fome e mais conforto. A tecnologia não vai resolver o problema da África, mas já está ajudando muitas pessoas a terem acesso à informação e, com isso, se desenvolverem. Paradoxalmente, nos países desenvolvidos, que têm abundância tecnológica, as pessoas querem se desintoxicar, como comentei no meu último post.

Refletindo sobre a minha impotência em relação à diminuição das desigualdades na África, tenho procurado não deixar que a indiferença tome conta de mim. Amanhã irei trabalhar o dia todo em um evento promovido pela Afago, uma ONG que atua na periferia de São Paulo, promovendo cursos profissionalizantes, reforço escolar e oficinas culturais para as crianças e jovens da região.  A Afago não é só uma provedora de ajuda material, mas uma fonte de esperança para uma vida melhor e mais igual para as pessoas da comunidade .

Acredito que existem inúmeras formas de usar a tecnologia para melhorar a vida das pessoas carentes. Nós todos podemos fazer a nossa parte, praticando o consumo consciente, aprendendo que não precisamos “ter para ser” e, principalmente, descobrindo que, se damos o primeiro passo em direção às situações de dor que nos rodeiam, começamos a transformar à sociedade.

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mariana Desconectar se para conectar se de verdade | Mariana AssisMariana Redondo de Assis – Formada em Sistemas de Informação pela Universidade São Judas Tadeu em 2005, concluiu em 2010 a pós graduação em Engenheira de Software pela Universidade de São Paulo (USP). Atua no mercado de TI há 11 anos, passando pelas áreas de suporte, desenvolvimento, projetos e pré-vendas. Atualmente é consultora de sistemas de gerenciamento de conteúdo na Thomson Reuters, responsável pelas plataformas de conteúdo para toda América Latina.

Sofrimento: dimensão que nos faz profundamente humanos | Karina Gonçalves

sofrimento

A fragilidade, os limites, a finitude da existência, o impossível. Essas são algumas realidades que nos possibilitam vivenciar a nossa humanidade, conscientes da nossa incapacidade em encontrar respostas concretas às várias situações dolorosas que nos acometem durante a vida.

Mas existe, nessa mesma experiência, tipicamente humana, a possibilidade de abertura ao que, por natureza, não conseguimos conter plenamente e nem compreender com exatidão: o mistério de algo maior que move tudo no Universo.

O exemplo de Jesus: sofrimento que transforma

cruz-3Mistério que, no cristianismo, tem em Jesus Cristo sua encarnação e no grito da cruz o seu cume. Sim, naquela dor, Jesus abraçou todos os homens e os levou a participar da vida divina. Também Ele, homem como todos nós, se viu sem resposta e no seu profundo abandono nos encontrou.

Mesmo não acreditando no dogma que envolve essa experiência histórica, mística, teológica podemos nos ater a reflexão que envolve a sua dimensão antropológica. O que a experiência de Jesus pode nos dizer, como seres humanos, independente da religião que professamos (ou não)? Que o sofrimento pode tornar-se um lugar de encontro.

 A vida revela sua potência e sentido profundo a partir do sofrimento e da capacidade de sofrer. A aceitação do próprio sofrimento como evento existencial implica a possibilidade de ir além dele e, assim, momentos de encontros fecundos podem ser gerados. Não se trata de conformismo, mas vivencia ativa da dor.

Existe um estar junto que é sempre possível! Sofrer com quem sofre, chorar com que chora, não ter respostas, mas se permitir descobrir os caminhos juntos! Compartilhar é a palavra! Comunhão de si e de tudo o que se é com os outros, principalmente aqueles que estão nessa disponibilidade. Assim, o sofrimento passa a ser vivido como parte da própria existência, pessoal e comunitária; como aspecto humano que pode, de maneira surpreendente, nos levar à realização.

Presença de algo maior

Um reconfortante sentimento de paz pode emergir ao constatar que não estamos sozinhos. A presença sutil e estrondosa de algo maior, que nos compreende e quer estar ali, evidencia um AMOR que faz o coração arder. Presença misteriosa que acompanha, oferece confiança, esperança, serenidade.

Em diálogo com a terapia ocupacional, é interessante estabelecer o seguinte paralelo: o profissional é convidado a olhar para além do sofrimento alheio. Justo onde o paciente, geralmente, enxerga apenas o limite, as dificuldades e tudo que perdeu, o terapeuta deve ajudá-lo a descobrir suas potencialidades, dar um novo significado ao seu fazer e, de modo amplo, também o seu viver.

Enquanto a pessoa que está sendo tratada rejeita, ignora, nega a situação dolorosa é difícil visualizar a possibilidade de continuar e, assim, encontrar sentido no cotidiano e nas relações. É justamente o processo de assimilar a dor, integrá-la e reconhecê-la como parte de si, que permite ao paciente continuar a viver e não se conformar em assistir o transcorrer dos dias. Nessa perspectiva, apropriação de si pode significar saber estar na dor, para conseguir colher dela aspectos ainda não conhecidos de si mesmo e dos outros.

Quanto mais o espaço terapêutico configura-se como um espaço de encontro em que vínculos positivos podem ser estabelecidos, é possível proporcionar VIDA a partir da dor. Dessa forma, contempla-se o homem na sua integralidade e favorece-se o exercício da própria humanidade em plenitude.

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 Acessibilidade e inclusão social: preocupação real ou moda? | Karina Gonçalves

Karina Gonçalves da Silva Sobral – Formada em Terapia Ocupacional pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) em 2007, motivada por questões existenciais e busca de respostas em como lidar com o sofrimento do outro, dos tantos outros que já tinha encontrado nas recentes mas, intensas, práticas como terapeuta ocupacional, concluiu em 2011 a “laurea magistrale” em ciências políticas no Instituto Universitário Sophia, na Itália.  Possui experiências, principalmente, no Serviço Público, na área de saúde mental,  e, atualmente, é terapeuta ocupacional com atuação na educação especial.

Uma ideia revolucionária | Impressões sobre a Lumen Fidei

ideia revolucionária

É por puro acaso que eu sou católico. Eu, como milhões de outros meus conterrâneos, nasci em uma terra catequizada pelos missionários europeus católicos, e essa tradição, percorreu os séculos, encontrando-se com meus avós, pais e chegando até a mim. Contudo, o que era só acaso, no decorrer da minha infância e adolescência, se transformou em escolha. Aprendi a amar, não somente uma instituição feita de homens, essencialmente falíveis (como somos todos), mas uma ideia revolucionária: o Amor.

Este Amor, que se traduz na essência do Deus cristão, é o mesmo que muitas outras religiões promovem. Entendê-lo e procurar vivê-lo me ajudou em cada passo, cada escolha, muito mais do que essas receitas prontas que as revistas “teen” procuram vender aos jovens. A ambiciosa ideia de um Amor incomensurável me ajuda até hoje, especialmente quando devo enfrentar uma situação nova, suportar os limites do outro e me manter fiel e coerente às escolhas definitivas que fiz.

O Amor cristão é promovido, especialmente, pela Tradição da sua Igreja. É a vida dos seguidores dessa ideia, documentada, que preservou, no passar dos milênios de experiências, com erros e acertos, a essência de uma vida que não é feita de palavras, mas ações.

ideia revolucionáriaLuz da Fé

Tenho procurado, em minha vida, me alimentar da ideia do Amor e partilhá-la com pessoas que acreditam nela. Olhando para outras ideias revolucionárias que surgiram na história da humanidade, percebo que elas, se não minimamente vividas, se dissipam com a ação do tempo. É por esse motivo que decidi ler a Encíclica  Lumen Fidei, que apresenta, do ponto de vista católico, o profundo significado da fé.

Iniciando das demandas atuais em relação à vida humana, a Encíclica acena para a necessidade de recuperar a dimensão da Fé, que é capaz de “iluminar toda a existência do homem”.  O documento explica a importante ligação entre Fé e a escuta, em que a ideia é transmitida por inúmeros mediadores ao longo do tempo, promovendo a concepção de que ela precisa da relação entre as pessoas para se difundir. “No encontro com os outros o olhar se abre em direção a uma verdade maior que nós mesmos”.

Ter fé, segundo o documento católico, é abrir-se para entender, conhecer, a partir de novas perspectivas, a nossa humanidade. A fé, porém, não é um sentimento excluso de razão, mas acompanha a Verdade em uma relação recíproca. A Fé conhece, é verdadeira, quando está ligada ao Amor. Maravilhosa a citação do filósofo Ludwig Wittgenstein onde o amor “não pode ser reduzido a um sentimento que vai e vem. Ele toca, sim, a nossa afetividade, mas para abri-la à pessoa amada e iniciar, assim, um caminho que é um sair do fechamento no próprio Eu e andar em direção a outra pessoa, para edificar um relacionamento duradouro; o amor mira à união com a pessoa amada.

Enfim, a Fé não se limita a uma ideia revolucionária particular, individual, mas vive na medida em que preserva a sua essência comunitária. Isso me faz entender melhor a necessidade de igrejas, de símbolos e outros elementos que conservam a memória e convidam as comunidades, em cada momento da história, a reviverem a mesma Luz, o mesmo Amor, a mesma ideia que revolucionou e ainda continua a revolucionar a vida daqueles que acreditam nela.

Queria mencionar uma frase final da Lumen Fidei que tocou particularmente o meu coração: “A Fé não é luz que dissipa todas as nossas escuridões, mas lâmpada que guia, na noite, os nossos passos e isso é o suficiente para o caminho. Ao homem que sofre Deus não doa um raciocínio que explica tudo, mas oferece a sua resposta na forma de uma presença que acompanha, de uma história de bem que se une a cada história de sofrimento, para abrir nessa uma passagem de luz.”

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2 reflexões antes de começar um relacionamento binacional | Valter Hugo Muniz

relacionamento binacional

Ontem, o post do escrevologoexisto.com “3 motivos para casar com estrangeiro” bateu todos os recordes relacionados ao número de visitantes e de visualização de um artigo. É bonito perceber o quanto o tema do casamento e a relação entre pessoas de países/culturas diferentes interessam a uma enorme quantidade de pessoas, não só do Brasil, mas de todo o mundo.  Porém, passado um dia, e estando mais consciente da grande repercussão do texto, pensei se, como casal, eu e minha esposa não acabamos simplificando uma relação que é muito complexa.

Dessa reflexão surgiram dois aspectos, importantíssimos, que precisam ser pensados antes de iniciar uma relação binacional. Saber o momento certo de começar, procurando não se deixar levar somente pelos impulsos sentimentais e usando o mínimo de razão, pode definir o futuro deste tipo de relacionamento.

littlefeelings (29)Tem hora certa para sofrer

Na nossa história – minha e com a minha esposa – muitas coisas aconteceram até que decidíssemos nos aventurar juntos, primeiro no namoro e agora no casamento.

Mesmo se de modo bem jovial, principalmente no quesito “maturidade”, nos conhecemos há quase dez anos. A amizade inicial transformou-se em paixão, na medida em que a partilha profunda das nossas vidas tornou-se cotidiana e com uma intensidade quase incontrolável.

Porém, mesmo apaixonados, éramos jovens demais, de países diferentes e não existia nenhuma possibilidade ou projeto concreto de um viver na nação do outro. Por isso, sem nos envolvermos – isto é, sem nenhuma manifestação física do sentimento – decidimos não alimentarmos mais o sentimento. Continuarmos sim, amigos, mas nada que excedesse a essa amizade.

Claro que, naquele momento, essa decisão foi, inicialmente, uma fonte inesgotável de lágrimas, ainda mais porque, na adolescência, as emoções estão mais afloradas. Por outro lado, temos a certeza de que, o sofrimento daquele momento, preservou os aspectos mais importantes do que sentíamos e cultivamos.  Assim, quando nos reencontramos, 5 anos depois, mais maduros e com possibilidades concretas de iniciar um relacionamento mais comprometido, as chances de sucesso eram bem mais reais.

56Mais a perder

Além de saber a hora certa de iniciar um relacionamento binacional, como mencionei em “A fundamental temporalidade dos relacionamentos à distância” é essencial que a distância entre dois amantes tenha um prazo determinado. O relacionamento sem um projeto comum, visando a proximidade física, está determinado a falir.

Contudo, como já desenvolvi o tema da distância nesse outro post, queria me concentrar aqui sobre a seriedade que envolve um relacionamento binacional.

Os aspectos positivos, apresentados pela minha esposa, para o sucesso de um casamento binacional, são verdadeiros e muito importantes. Contudo, pelo fato de, antes do casamento, não se ter uma vivência íntima cotidiana, que auxilia no conhecimento profundo e recíproco um do outro, no namoro, a distância geográfica tem um papel decisivo em um relacionamento binacional.

Mas no namoro não! Neste caso, a distância mal calculada pode gerar sérios ruídos na comunicação do casal, como a indiferença em relação às demandas do outro, além de  fatores que podem minar a harmonia de uma relação, impedindo que ela seja duradoura.

Esses dois aspectos não podem, de jeito algum, serem ignorados. Eles são o primeiro passo para se chegar ao Grande Sim, que também é outro “primeiro passo”, mas que iremos, aos poucos, partilhar com quem lê o escrevologoexisto. Aos poucos.

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3 motivos para casar com estrangeiro| Flavia Ganarin Muniz

casar com estrangeiro

Casar não é fácil. Isso todo mundo sabe! Casamento é uma aventura que exige muita dedicação, paciência e muito esforço. Depois da enorme dificuldade que se enfrenta para achar a pessoa certa, uma vez encontrada, parece que os problemas estão só iniciando… Onde morar? Como pagar a casa? Como reconciliar a carreira dos dois? E se você, como eu fiz, decidir casar com estrangeiro? A montanha de desafios parece ainda mais intransponível, pois se somam aos problemas “comuns” de qualquer casal, documentos, línguas, culturas e etc.

Mesmo diante de todos esses obstáculos, por experiência própria, eu posso garantir que casar com estrangeiro também tem mil vantagens. Antes de me casar, ouvi mil histórias sobre os casamentos binacionais. A maioria dizia que eles não terminam bem, sendo advertida, diversas vezes, que casar com alguém de outro país, ainda mais de outro continente, é muito difícil e, por isso, não vale à pena.

Não quero dizer que casamentos binacionais são melhores do que casamentos ‘nacionais’, ou dizer que todo casamento binacional vai dar automaticamente certo. Um casamento duradouro não depende só disso. Decidi somente montar uma pequena listinha com alguns fatores POSITIVOS de um casamento binacional, pensando nas pessoas que namoram estrangeiros e  não sabem se vale a pena encarar essa aventura, só porque o parceiro vem de outro país. Não irei aprofundar aspectos “superficiais” como, por exemplo, os benefícios dos filhos aprenderem duas línguas desde pequeno, pois acho que fogem do foco do texto, que tem como objetivo mostrar as belezas do relacionamento entre o casal binacional.

O diálogo

casar com estrangeiroNormalmente, os casais binacionais têm línguas maternas diferentes. No meu caso, a minha é o alemão suíço e a do meu marido o português. À primeira vista, isso pode parecer uma desvantagem, pois muitas vezes o casal precisa se comunicar em uma terceira língua ou um aprender a língua do outro. Porém, o fato de não se falar a língua materna também ajuda a tentar se comunicar sempre da melhor maneira possível. Tudo precisa ser explicado até o outro entender completamente. Esse “tipo” de diálogo serve, especialmente, nos momentos de crise em que só a abertura completa e um diálogo profundo e sincero podem ajudar a resolver as dificuldades. O diálogo é um dos pilares de qualquer relacionamento e tem um papel ainda mais central e bonito no casamento binacional, pois promove a união de duas culturas, aspecto que nos leva ao segundo ponto da lista.

A cultura

Não adianta negar: somos todos frutos genuínos das nossas culturas! Dito isso, estar em contato com outra cultura nos ajuda a valorizar os aspectos positivos e reconhecer os aspectos negativos da nossa. Essa relação com outra cultura, nunca será tão próxima como em um casamento binacional.  Por exemplo: como Suíça, o respeito, a honestidade e a pontualidade são valores muito importantes para mim. O lado que eu não gosto tanto dos suíços é que, muitos deles, são fechados ou não se interessam tanto por outras pessoas. Pensando na cultura do meu marido, brasileiro, percebo que ela é feita de um povo muito aberto, afetuoso e alegre, mas que, às vezes, chega a ser invasivo. Na nossa família tentamos construir um bom equilíbrio entre essas duas culturas, realçando os aspectos positivos das duas e tentando de evitar os que não ajudam a construir uma família unida.

Crescimento

casar com estrangeiroNo casamento binacional, pelo menos um dos dois vai, necessariamente, ter de deixar o próprio país, a família e os amigos, para se instalar na pátria do outro. Sendo assim, a pessoa que deixou tudo é, inicialmente, totalmente dependente do outro, até aprender a língua, arranjar trabalho e etc. Porém, dependência não tem uma conotação exclusivamente negativa, pois é sempre uma oportunidade de aumentar o companheirismo e a confiança entre o casal. Mas eu gostaria de tocar em outro ponto: o fato de se instalar em outro país, aumenta consideravelmente a “network” da família. Pensando no mundo globalizado onde nós vivemos, falar várias línguas, conhecer pessoas de diferentes países, trabalhar no exterior, são algumas experiências altamente valorizadas e que beneficiam fortemente o desenvolvimento pessoal e, consequentemente, de toda a família.

Antes de chegar em São Paulo, muitos dos meus amigos suíços estavam preocupados com a minha segurança, pois a mídia internacional promove uma desagradável reputação da capital econômica do Brasil. Contudo, vivo nessa metrópole há mais de um ano e acho que nunca, em nenhum lugar, cresci e amadureci tanto como aqui. Pude fazer muitos contatos pessoais e profissionais, aprendi o português que é uma língua tão poética, criativa e calorosa, e, hoje, consigo me virar sozinha em uma cidade que têm o dobro de habitantes do meu país inteiro.  Com certeza eu me sinto uma pessoa muito mais completa e meu marido me ajuda muito nesse processo de crescimento e construção de uma família estável e segura.

Para finalizar, devo dizer que que nada disso seria possível se eu e meu marido não cultivássemos, diariamente, o AMOR verdadeiro entre nós. Muitas vezes o medo nos impede de dar os passos necessários, mas o exercício de nos amarmos sempre mais e melhor, nos leva a ser uma família feliz. Acho que esses três aspectos ajudam a refletir o lado positivo, do que pode, aparentemente, ser negativo, mas que contribui, diretamente, para a felicidade do casal binacional. Afinal de contas, o que é mais importante disso?

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