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Santidade. Para mim, que sou católico, é já difícil entendê-la conceitualmente, mas imagine para alguém que se nega a aceitar a existência de um Ser transcendente? Claro que, quando consideramos “figurinhas carimbadas” como Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino, Francisco de Assis e, nos tempos de hoje, Madre Teresa de Calcutá e Karol Wojtyła, parece ficar um pouco mais fácil “acreditar” que existem pessoas especiais que, com seu testemunho de vida, transformaram a sociedade/comunidade em que estavam inseridos.

Infelizmente, hoje a santidade é ignorada por ser um conceito essencialmente religioso; por ser interpretada como um tipo de fanatismo idealista em relação a uma determinada pessoa; por ser vista como crença ingênua, irracional, de que, pedindo (rezando) para “intercessores” as situações – principalmente ruins – podem mudar.

Essa visão – ou essas visões – limitada do significado de santidade acaba ocultando aquilo de mais “gritante” que os santos carregam para todos, independentemente do credo ou mesmo na ausência dele: a radicalidade e coerência de vida, baseadas naquilo que se acredita ser bom, não só para si ou para um grupo restrito, fechado, mas para toda a sociedade. Viver dessa forma é tão difícil quanto possível e a história da jovem italiana Chiara Badano, contada pelo agnóstico Franz Coriasco, é um exemplo incontestável de “modernização” da santidade.

Francisco de Assis, Madre Teresa e Chiara Badano “se encontram” na mesma radicalidade e coerência; na mesma simplicidade e existência direcionada aos outros; sendo, contudo, cada um deles, “senhores do próprio tempo”.  Chiara, por exemplo, usava calça jeans, gostava de esportes, não era dotada de inteligência ou beleza notável, não era alguém “especial” que se destacava pelo que se poderia observar “com os olhos”, encontrando-a pela rua, mas, como diria Antoine de Saint-Exupéry: “só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”. Isso fez o seu testemunho silencioso, até quando milhares de pessoas de todo o mundo tiveram a possibilidade de conhecer a sua história.

A “incapacidade” de colher a “mensagem” que a vida de Chiara Badano comunicava (e ainda comunica) está nas entrelinhas do livro “25 minutos” de Coriasco. Racionalmente o biógrafo de Chiara reconhece e acredita na grandeza da sua conterrânea de Sassello, norte da Itália, mas, interiormente, não consegue assimilar a essência dela. Será?

Tenho me debruçado em inúmeras biografias. Steve Jobs, Einstein…, mas a história de Chiara, “Luce” para os católicos, exala uma beleza instigante e faz perceber que a vida é muito curta para ser desperdiçada com projetos medíocres. Isso sim é exemplo de vida, testemunho cristão, ou melhor, santidade.

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