Month: August 2013

Os revolucionários voltaram das férias

protestos

Talvez seja impressão minha mas, durante o mês de julho, as manifestações contra o governo foram feitas, majoritariamente, pelos profissionais da saúde. Nestas passeatas, nada de revolucionários, muita reivindicação justa, nada de violência, mas, mesmo assim, o modelo de protesto não gerou mudanças expressivas nas decisões do governo.

Agosto. Voltam às aulas nas universidades do país, recomeçam os protestos de caráter “juvenil”, volta a violência nas manifestações. Calma lá! Não estou dizendo que os jovens são, essencialmente, violentos. Não poderia afirmar tal coisa. Na verdade, acho que a juventude é, muitas vezes, inconsequente e idealista (o que não é algo fundamentalmente ruim).

As mudanças, contudo, como havia dito em outros posts, não são feitas na base da força, do grito, do pau e da pedra. Infelizmente, os protestos, violentos ou não, só tiveram resultados pontuais, nenhum sucesso estrutural, o que mostra que a metodologia talvez seja equivocada.

Ouvindo uma discussão interessante na rádio, ontem, percebi, novamente, que é preciso encontrar novos modelos de participação política e, mais que isto, de revalorização do voto como elemento “supremo” de verificação do trabalho feito pelos representantes eleitos.

Como dizia um dos comentaristas na rádio “a maior pesquisa que se pode fazer para saber se o cidadão está contente com os governantes é a ELEIÇÃO”.  É fundamental que essa indignação se transforme em desejo positivo de encontrar melhores representantes.

Historicamente temos votado mal. Elegido políticos desonestos, preguiçosos e aproveitadores, isso quando não votamos em palhaços ou ex Big Brothers. Mas é, justamente, o VOTO que nos permite reconfigurar e, talvez, melhorar as câmeras e o Congresso.

Além de “ir pra rua” é necessário ter uma consciência construtiva, promovendo debates e avaliações que culminem em um voto consciente, pensado, transformador. Nenhum dos dois, sozinho, é eficaz, mas juntos, manifestações públicas e voto consciente, podem sim exigir um projeto político que transforme a vida de todos no Brasil.

Quando é o silêncio que “fala”

morto

Muitas vezes o silêncio ou as justificativas “sem fundamentos” mostram a verdade escondida, para aqueles que querem ver.

A verdade é um Bem que se sobressai. Mesmo que tarde, ela sempre aparece, de maneira indiscutível, indissolúvel. E, pois bem, quem não tiver medo dela, ou melhor, das suas consequências, “que atire a primeira pedra”.

Esses questionamentos fazem parte das minhas reflexões a respeito do caso escandaloso da chacina de uma família aqui em São Paulo. A versão absurda que a mídia construiu com o testemunho policial já, por si só, parece revelar as inverdades ocultas no caso.

Infelizmente, se ninguém confessar, nunca será possível desvendar todas as causas e justificativas ao redor do caso. Foram cinco vidas tiradas de maneira misteriosa, triste, que geram suspeitas perigosas. Talvez, por isso, a verdade seja omitida por aqueles que já sabem o que realmente aconteceu. Contudo, aos poucos, as discordâncias vêm à tona… a verdade se desvencilha de seus silenciadores e quer, de alguma forma, ser descoberta.

Como jornalista, não sei se estaria pronto a sacrificar minha vida (e da minha família) revelando o que aconteceu. Não sei se, recebendo ameaças de morte, revelaria (ou não) aquilo que eu sei e, por isso, entendo quem optou pelo silêncio. Cabe aos investigadores interpretá-lo, para que as respostas sejam encontradas.

Pessoalmente, desde que li a primeira matéria sobre o caso, percebi que havia algo errado na incriminação do adolescente de 13 anos. Difícil acreditar na história, como ela vem sendo contada.

É fundamental manter o senso crítico em relação ao que a mídia diz e o que, principalmente, ela não diz. Só assim, acredito, é possível desvendar a verdade ou, ao menos, não acreditar nas mentiras que nos contam.

“Franciscar” o catolicismo

francisco

Tenho que admitir que ainda estou me recuperando da passagem do Papa Francisco no Brasil.

A relação de um católico com o Papa, ainda mais sendo brasileiro, as vezes extrapola sim a consciência do cômpito que ele exerce na Igreja institucional. O amor à ele é de um filho que espera “aconchego”, carinho, encorajamento. Não é fanatismo, como muitos pensam, é o desejo de um amor que conforta, que dá esperança.

Esse amor “paterno” do Papa, ninguém pode negar, o atual sucessor do apóstolo Pedro, tem naturalmente dentro de si. Os momentos vividos “a distância” com Francisco foram emocionantes, regado de lágrimas, na certeza de que o amor de Deus por cada um chegou por todos os meios.

E bem, tenho que dizer que tive o privilégio de acompanhar, pessoalmente, alguns momentos históricos da Igreja Católica. Quando faleceu o então Papa João Paulo II, eu estava lá, entre os milhares de jovens que rezavam na Praça São Pedro, no Vaticano. Estive também no seu funeral e na missa de abertura do pontificado do Papa Emérito Bento XVI.

Cada uma dessas experiências “disse” algo para mim, como cristão católico. Depois delas, existia um desejo de conversão, de redescobrir o valor da minha religião e da mensagem UNIVERSAL que ela prega. Mas, com Francisco, pela primeira vez, me dei conta da grandeza da religião que professo. Não o catolicismo institucional, o, muitas vezes, horrendo “esqueleto” da Igreja como um corpo, mas do seu imenso coração, capaz de abraçar o mundo, independente do credo, da raça, sexo, país.

O testemunho do Papa Francisco, cheio de doçura, carinho, carisma ficará como uma lição inesquecível para mim de como um católico deve se comportar, o que é pertencer à Igreja e o que significa ter Deus como centro da vida. Francisco não só distribuiu beijos, abraços e acenos para os fiéis que foram encontrá-lo, mas teve a delicadeza e a humildade de exprimir o mesmo carinho aos padres, bispos e cardeais brasileiros, seus representantes no país.

Contudo… como ele mesmo afirmou, o cristianismo se vive “para fora”, não só para dentro. É no contato com “o outro”, essencialmente diferente, que encontramos no trabalho, no transporte público, pelas ruas das cidades, na Universidade que podemos “franciscar” nosso catolicismo. São nesses inúmeros lugares que podemos testemunhar a mesma doçura, o mesmo carinho e respeito, a maternidade universal que é vocação do catolicismo.

Por isso, saudoso do clima “franciscano” vivido nas últimas semanas, sinto-me chamado a responder, na minha vida, esse chamado que é Felicidade completa, interior, comunitária e, por isso, social.

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Recife: cidade abandonada

No começo da Gestão de João da Costa, discutiu-se e aplicou-se a nova utilização de placas, retirando as que eram irregulares. O Prefeito mandou tirar placas que poluiam visualmente a cidade, o que fez muito bem. O caso da Ponte do Pina era emblemático. João da Costa foi lá e tirou todas as placas, e resolveu colocar a dele. Passando em direção a Boa Viagem, ontem pela manhã, fui surpreendido por uma mega placa sendo colocada pela própria Prefeitura para se autopromover. Do carro mesmo resolvi tirar as fotos, que são uma verdadeira afronta ao bom-senso e à legalidade. A Prefeitura passou de leniente com a ilegalidade para partícipe. Parece pouco, mas é um grande passo em direção ao caos. (http://acertodecontas.blog.br/atualidades/o-pssimo-exemplo-vem-da-prefeitura-do-recife/)

No começo da Gestão de João da Costa, discutiu-se e aplicou-se a nova utilização de placas, retirando as que eram irregulares. O Prefeito mandou tirar placas que poluiam visualmente a cidade, o que fez muito bem. O caso da Ponte do Pina era emblemático. João da Costa foi lá e tirou todas as placas, e resolveu colocar a dele. Passando em direção a Boa Viagem, ontem pela manhã, fui surpreendido por uma mega placa sendo colocada pela própria Prefeitura para se autopromover. Do carro mesmo resolvi tirar as fotos, que são uma verdadeira afronta ao bom-senso e à legalidade. A Prefeitura passou de leniente com a ilegalidade para partícipe.
(http://acertodecontas.blog.br/atualidades/o-pssimo-exemplo-vem-da-prefeitura-do-recife/)

Estive em Recife, por um pouco mais de um mês, entre o final de dezembro de 2009 à janeiro de 2010.

A viagem serviu para conhecer familiares e lugares que fazem parte da minha origem materna, além de reencontrar amigos que conheci por meio dos Focolares.

Na “Veneza Brasileira” me deparei com os mesmos paradoxos sociais que existem na minha São Paulo, as segregações, a miséria, e  os (poucos) moradores de rua. Estranhei as favelas urbanas entre os ricos prédios de Boa Viagem. Experimentei a desorganização do trânsito da capital pernambucana.

Mas, mesmo diante dos problemas listados, me maravilhei com a beleza da cidade. Recife tem um pôr do sol inspirador, um frescor “a lá carioca”, que ilumina e acaricia o rosto sofrido de seu povo.

Voltar recentemente me,contudo, fez encarar uma triste realidade: Recife está abandonada.

Imensas crateras em quase todas as ruas, linhas de metrô irrisórias, trânsito caótico, imundice no centro comercial e um “Recife Antigo” pouco frequentado são alguns exemplos que me fizeram achar que a cidade regrediu, principalmente para aqueles que não moram nos bairros nobres.

As consequências sociais são graves. O povo parece lutar desesperadamente (e “desrespeitosamente”)  para se locomover, sobreviver.  Em Recife tive saudade da caótica São Paulo, encontrei a pior situação entre as oito capitais de estados brasileiros que visitei e, infelizmente, percebi que existe uma vida muito pior da que a dos meu conterrâneos do sudeste.

Uma cidade marcada por sua natureza privilegiada, sua cultura riquíssima e seu povo maravilhosamente acolhedor . Todos, contudo, cada vez mais vítimas do descaso do poder público que, parece, pouco faz para a maioria que mais precisa.

Retorno às origens: uma revolução interior

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Nada é mais frutuoso para a autoconsciência do que o retorno às origens.

Olhar para trás, focando nos caminhos percorridos pelas gerações que nos precederam, ajuda a repensar a própria vida, as escolhas e reconsiderar erros e acertos.

Quando esse retorno busca entender a história da humanidade os resultados já são fantásticos, mas quando o “olhar” é voltado para a história familiar as consequências são difíceis de dimensionar.

E bem… foi isso que fiz nas últimas três semanas.

Voltar às terras nordestinas da qual uma parte do meu genoma é originário é sempre impactante, me revoluciona “por dentro”, pois é uma “viagem” ao passado que explica muito do presente e dá pistas interessantes para conduzir o futuro.

Esse retorno, contudo, não promove só sentimentos bons, justificativas almejadas para os limites pessoais. Olhar para meus predecessores é, sobretudo, entender o quanto somos interligados, conectados, nas alegrias e nos traumas da vida.

É duro perceber que nem sempre as pessoas conseguem purificar-se dos erros repassados e  incutidos na educação recebida. Normalmente as pessoas assumem os traumas dos pais sem a consciência de que podem “curá-lo”, sem a responsabilidade do rompimento de uma cadeia de comportamentos negativos, que se reproduzem ao longo das gerações.

Por isso… acredito… é fundamental procurar explicações pessoais, sínteses, que nos libertem do passado negativo e que, mais do que tudo, evidenciem o POSITIVO do que nos foi transmitido. Os limites, as dificuldades e os erros que incorporamos devem servir como possibilidade de recomeço, crescimento, transformação pessoal.

Afinal de contas, a CO-VIVÊNCIA nos liga misteriosamente e “socializa” nossos limites e imperfeições, mas também nossos talentos, nosso amor fraterno.

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