Estive em Recife, por um pouco mais de um mês, entre o final de dezembro de 2009 à janeiro de 2010.
A viagem serviu para conhecer familiares e lugares que fazem parte da minha origem materna, além de reencontrar amigos que conheci por meio dos Focolares.
Na “Veneza Brasileira” me deparei com os mesmos paradoxos sociais que existem na minha São Paulo, as segregações, a miséria, e os (poucos) moradores de rua. Estranhei as favelas urbanas entre os ricos prédios de Boa Viagem. Experimentei a desorganização do trânsito da capital pernambucana.
Mas, mesmo diante dos problemas listados, me maravilhei com a beleza da cidade. Recife tem um pôr do sol inspirador, um frescor “a lá carioca”, que ilumina e acaricia o rosto sofrido de seu povo.
Voltar recentemente me,contudo, fez encarar uma triste realidade: Recife está abandonada.
Imensas crateras em quase todas as ruas, linhas de metrô irrisórias, trânsito caótico, imundice no centro comercial e um “Recife Antigo” pouco frequentado são alguns exemplos que me fizeram achar que a cidade regrediu, principalmente para aqueles que não moram nos bairros nobres.
As consequências sociais são graves. O povo parece lutar desesperadamente (e “desrespeitosamente”) para se locomover, sobreviver. Em Recife tive saudade da caótica São Paulo, encontrei a pior situação entre as oito capitais de estados brasileiros que visitei e, infelizmente, percebi que existe uma vida muito pior da que a dos meu conterrâneos do sudeste.
Uma cidade marcada por sua natureza privilegiada, sua cultura riquíssima e seu povo maravilhosamente acolhedor . Todos, contudo, cada vez mais vítimas do descaso do poder público que, parece, pouco faz para a maioria que mais precisa.