Month: May 2013 Page 3 of 4

Quando é o idoso que desrespeita

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Na imensa São Paulo, todos os dias, milhares de pessoas se deslocam de diferentes formas para o trabalho. Uma parcela grande dessas usa, beneficamente, o transporte público.

Como sou ciclista, raramente vivencio os absurdos que acontecem dentro dos ônibus e metrôs da cidade. Mas, hoje, experimentei “na pele” um pouco da falta de educação dos residentes da maior cidade do Brasil.

Sempre ouvi dizer do desrespeito da juventude em relação aos idosos dentro do transporte público. Já vi, muitas vezes, jovens sentados nos bancos reservados à Terceira Idade, fingindo ou, efetivamente, dormindo. Essa atitude mal educada já virou até “meme” nas redes sociais.

Contudo, hoje foi diferente. Entrei no ônibus vazio para ir ao trabalho e tive o cuidado de, mesmo sentando na frente, não ocupar os assentos preferenciais, por questão de princípios e também porque fui estudando.

Na metade do percurso sentou-se ao meu lado uma senhora idosa, tipo “madame”. Duas ou três paradas depois entrou no ônibus outra idosa.

Passados alguns minutos a “madame” que estava ao meu lado me deu um cutucão com o cotovelo e me apontou a sua coetânea, em pé, sugerindo que eu deixasse o lugar para ela. Dei uma olhada nos bancos ao redor e percebi que todos os assentos preferenciais estavam desocupados e assim, disse a ela que o assento em que eu estava não era preferencial.

_ É sim! Respondeu de forma atrevida e mal educada a senhora.

Senti o sangue bulir pela fata de respeito. Os idosos, que tanto exigem o respeito da juventude, dessa vez foram profundamente mal representados pela senhora que estava ao meu lado.

Alguns segundos depois, respirei fundo e me desloquei para um outro assento, ao lado, que também não era preferencial e estava livre.

A decepção demorou alguns minutos para passar. Refletindo o ocorrido pensei que possivelmente é o filho ou o neto daquela senhora que, talvez, esteja me representando como “juventude”, dormindo em assentos preferenciais e, assim, promovendo uma visão pejorativa dos meus coetâneos.

Jamais silenciar a não-violência

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Sempre ouvi dizer que os pilares do desenvolvimento de uma nação são: a saúde (física e mental), a educação (acadêmica e social) e o emprego.  Não basta ter apenas um ou até mesmo dois dos três aspectos. Sem os três um país não se sustenta ou cresce de forma desordenada, esquizofrênica.

O problema maior, contudo, é que, muitas vezes, os esforços para um crescimento “igual” e, até mesmo, os “poucos” sucessos, acabam suprimidos pela Grande Imprensa, na ânsia de denunciar o negativo que é mais presente na nossa sociedade.

Ontem, no Fantástico, a Globo demonstrou esse percalço crônico que se fundamenta no “informar” a sociedade de maneira parcial, no que diz respeito à triste realidade da violência nas escolas.

As imagens chocantes de brigas entre alunos e, destes, com os professores decretam o estado de calamidade moral em que vivemos. No Brasil atual, detentor de certa liberdade social, parece que ainda não conseguimos, como sociedade, educar as novas gerações ao respeito do “outro”. É difícil viver em um contexto em que a liberdade é nossa, sim, mas que envolve muitos “iguais”, com os mesmos direitos.

A reportagem do Fantástico é uma denúncia a essa falta de respeito verdadeiro para com o “outro”. Um comportamento destrutivo, violento, quando a própria individualidade não é respeitada integralmente. Contudo, existe também outro lado, em que se promove uma juventude forte, dona de si, mas sem ser violenta.

Desde o inicio do ano, um projeto importante tem sido realizado no Brasil. Promovido pela comunidade terapêutica Fazenda da Esperança, que realiza um trabalho sério de recuperação de drogados, o Forte sem violência é já uma tentativa, um começo de solução, para o grave problema que assola a juventude.

Em parceria com a empresa alemã Starkmacher e a banda internacional Genrosso, será feita uma série de espetáculos pelo Brasil, junto com alguns jovens “recuperandos”, visando promover uma cultura de paz.

Um aspecto interessante é que o projeto nasceu na Alemanha justamente para combater a violência dentro do contexto escolar. No Brasil o projeto foi construído como proposta de combate e prevenção às drogas, mas, pelo que se pôde ver ontem no Fantástico, essas realidades estão mais próximas do que se imaginava.

Os casos de violência nas escolas têm sim relação direta com as drogas, mesmo que não seja o único fator. Dessa forma, projetos como o “Forte sem violência” precisam ser apresentados à sociedade como possíveis alternativas, propostas concretas, de promoção de um projeto educativo que envolva a pessoa humana, na sua integridade.

Assim a juventude, talvez, possa descobrir que a consciência dos próprios limites é, sobretudo, uma grande oportunidade para descobrir o valor do “outro” e a possibilidade de um crescimento em conjunto.

Um ambiente de descoberta reciproca dos próprios talentos, da própria vida, na relação positiva com o “outro”, igual em direitos, mas profundamente diferente, impulsiona uma sociedade sem violência nas ruas, nas escolas, nas comunidades.

Mais informações sobre o Forte sem Violência:

Forte sem Violência

Telefones: (12) 3013-6441

Email: fortesemviolencia@fazenda.org.br

De bike ao trabalho!

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Todos os dias eu me levanto às 7h, me troco, tomo meu cafezinho e saio pedalando com a minha bike.

Mesmo tentando, é difícil explicar a sensação de liberdade que existe em ser ciclista em uma cidade como São Paulo. Buscar a difícil interação entre as pedaladas, buzinadas, “fechadas” e freadas é um desafio que exige respeito com a dinâmica do trânsito.

Como ciclista, eu não busco ser “senhor das ruas”, mas procuro me adaptar ao contexto existente para ser instrumento de melhoria e não mais um estorvo no caos do trânsito.

Depois de pedalar meus 7,5km, passando por lugares históricos da cidade, observando meu povo, chego ao trabalho feliz, bem disposto.

Tomo um banho quente e, assim, começa mais um dia de trabalho.

Todo dia é assim, felizmente.

Quando o ódio sobrevive!

Tamerlan Tsarnaev recebe troféu em universidade do Massachusetts, em 2007 Julia Malakie / AP

Tamerlan Tsarnaev recebe troféu em universidade do Massachusetts, em 2007 Julia Malakie / AP

Depois do triste acontecimento em Boston onde, supostamente, dois jovens de origem chechena armaram duas bombas durante a maratona da cidade, parece que o mesmo ódio que impulsionou o ato terrorista, ainda vive entre os cidadãos afetados pelo episódio dramático.

Passado quase um mês do terrível ataque, algumas cidades do estado de Massachusetts (nordeste dos EUA) se recusam a enterrar o corpo de um dos acusados, Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos. Esse comportamento adotado por alguns cidadãos americanos evidencia alguns aspectos importantes e ilustra tamanha capacidade de desumanização, ao ponto de suscitar o desejo de vingança até mesmo de um corpo inerte.

O homo sapiens é o único animal que enterra seus iguais. O enterro é sinal antropológico dessa humanização. Até mesmo em conflitos bélicos enterram-se os inimigos como, talvez, uma maneira de encerrar a disputa. Negar-se enterrar o corpo de Tsarnaev é também uma demonstração de ignorância, de ódio cruel, mas é, sobretudo, um comportamento que dá continuidade a um acontecimento triste, que já devia ter sido enterrado.

Além dos aspectos mencionados, existe outro, mais sério. Não é a primeira vez que um crime dessas proporções surge internamente nos Estados Unidos. O massacre de Columbine, em abril de 1999, no estado do Colorado, Estados Unidos, é talvez o caso mais chocante. Na ocasião, os estudantes Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, adolescentes típicos de um subúrbio americano de classe média alta, atiraram em vários colegas e professores do Instituto Columbine, matando 13 deles.

Ambos eram americanos. Não existia aqui a “desculpa” de serem de origem chechena, árabe, norte coreana, iraniana e assim, mesmo tendo cometido um crime horrendo, os jovens tiveram seus corpos sepultados no país. A renúncia do sepultamento do corpo de Tamerlan Tsarnaev, que vivia há mais de 10 anos nos Estados Unidos e tinha visto permanente é também uma omissão, como sociedade, da própria parcela de culpa neste acontecimento triste.

Um ato terrorista é, sobretudo, um ataque institucional, movido pelo ódio ou ideologias políticas que, ao meu ver, podem ser superados com a igualdade de direitos, a tolerância, o respeito e a consciência de que, independente de onde estamos, somos parte do corpo social. Algo faltou aos jovens de origem chechena que, claro, não torna menos injustificável o ato terrorista, mas que deve servir de alerta à sociedade, como um todo, de que o ódio fundamentalista precisa ser combatido com a fraternidade.

O perigo do Jaborismo

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Todas as manhãs, quando saio de casa, escuto os comentários do sr. Arnaldo Jabor na rádio CBN.

O fato de que o seu discurso, muitas vezes, me tira do sério, me provoca, mostra que Jabor comunica, pois a mensagem chega, chacoalha, independente do teor político dela. Contudo, o que a analise do conteúdo tem me feito pensar, é a respeito da periculosidade do método adotado pelo interlocutor.

A nossa “democracia adolescente” tem buscando, ao longo dos anos, desenvolver-se, ampliar seus protagonistas, para que o Brasil, tão maravilhoso e rico de recursos, possa superar traumas passados, que ainda o faz acreditar ser “escravo da colonização”.

Aquilo que o sr. Arnaldo Jabor faz, como comunicador, deferindo comentários agressivos, na forma e conteúdo,  é sacrificar os avanços de um debate fraterno entre “as partes”, fazendo subsistir o dilema dialético, defensor de um conflito destrutivo para se chegar a síntese.

Parece-me, contudo, que a condição de um saudável processo de tomada de consciência é o entendimento responsável entre as formas particulares de vislumbrar um sistema politico.

O perigo do “Jaborismo” é justamente impossibilitar o diálogo, estabelecendo uma distância conflituosa que não permite o crescimento, ou melhor, o consenso. Esse fenômeno se vê ilustrado nas muitas páginas de facebooks, em que “amigos” virtuais usam imagens ofensivas, vídeos ridicularizantes e comentários esdrúxulos, para atacar os representantes políticos eleitos.

Ninguém deve concordar com tudo o que o governo faz, fala! Eu mesmo não concordo! Mas a democracia exige o respeito à diferença e não só liberdade de expressão.

Um professor meu da “laurea magistrale” na Itália, Antonio Maria Baggio, defende a tese da fraternidade como “princípio esquecido” da politica. Assim, exalta-se a igualdade de direitos, a liberdade de direitos, mas não se pensa que ambos precisam ser lidos na ótica de um comportamento fraterno, capaz de respeitar, com maturidade “adulta” a ontológica diferença do “outro”.

Todas as manhãs, quando escuto Arnaldo Jabor, percebo com tristeza, que nossas manifestações democráticas, como a nossa democracia, ainda são profundamente adolescentes.

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