Month: May 2013 Page 2 of 4

Relatos de um cristianismo perseguidor

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A história embrionária do Cristianismo é marcada por três séculos de perseguição, fator de surgimento de inúmeros mártires. Somente no ano 313 d.C., quando foi declarado o Edito de Milão ou Édito da Tolerância, que transformava  o Império Romano neutro em relação ao credo religioso, que a religião passou a ser tolerada.

Contudo, no reinado de  Teodósio I (379-392) iniciou o auge do processo de transformação do Cristianismo. O Édito de Tessalônica, também conhecido como “Cunctos Populos” ou De Fide Catolica, declarado pelo imperador, transformou a religião exclusiva do Império Romano, abolindo todas as práticas politeístas e fechando templos pagãos. É dentro deste contexto que se passa o filme Ágora, que tem no coração do seu enredo a história de Hipátia, filósofa e professora em Alexandria, no Egito , que viveu entre os anos 355 e 415 da nossa era.

Agitada por ideais religiosos diversos, onde o cristianismo convivia com o judaísmo e a cultura greco-romana, Alexandria foi palco dessa passagem politica em torno da religião católica,,que passou de religião intolerada para religião intolerante. Mediante os vários enfrentamentos entre cristãos, judeus e a cultura greco-romana, os cristãos se apoderaram, aos poucos, da situação. Única personagem feminina do filme, Hipátia ensina filosofia, matemática e astronomia na Escola de Alexandria, junto à Biblioteca. Por ter se recusado a se converter ao cristianismo, foi acusada de ateísmo e bruxaria, julgada de forma vil e apedrejada.

A veracidade de algumas passagens do filme, como o incêndio da Biblioteca de Alexandria é questionada por muitos historiadores. Aquele que mais se aproxima da versão cinematográfica é Mostafa El-Abbadie, que afirma que a biblioteca foi destruída em 48 a.C. por um incêndio durante a guerra civil romana entre Pompeu e Júlio César. No acontecimento que é relatado no filme, em torno do ano 391 d.C., é, na verdade, o Serapeu de Alexandria (templo de origem pagã) que foi destruído por ordem de «um bispo fanático de Alexandria», quando o imperador cristão Teodósio I interditou os cultos pagãos

O filme ganhou 7 Prêmios Goya, premiação importante do cinema espanhol e serve de uma interessante reflexão a respeito da capacidade do ser humano de explorar quando tem o poder em mãos.

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Quando a amizade é base para o casamento

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Impossível esquecer o momento em que meus três melhores amigos, no final da celebração do meu casamento, cantaram uma linda música em homenagem a mim e minha amada Flavia.

Junto do Cristian (hoje vive em Budapeste – Hungria), o Bruno (casado e com uma linda filha) e o Fer (irá se casar em novembro) eu vivi os melhores momentos da minha adolescência. Construímos uma amizade verdadeira, de irmãos. Tantas aventuras, descobertas, crises vividas juntos, isso sem contar as inúmeras partidas de futebol e basquete, corrida de carrinho de rolimã e aventuras de bike. No dia 22 de dezembro passado, inesperadamente, eles estavam lá, cantando e festejando o momento mais feliz da minha vida.

Agora, completados cinco meses maravilhosos dessa aventura chamada CASAMENTO, a felicidade em ter amizades verdadeiras é ainda maior. Hoje, elas têm uma dinâmica toda particular, sem o mesmo contato (físico) constante, mas isso não diminui, nem um pouco, os laços construídos durante a vida.

Nesta fase da minha vida, eu percebo o quanto a vivencia de relacionamentos sadios, de partilha verdadeira, sendo alegrias ou tristeza, foi um dom imenso para mim e que, hoje, ilumina a minha nova família. A importância das amizades é ainda maior, porque minha esposa também pôde fazer a mesma experiência, com seus muitos amigos, na longínqua Confederação Helvética.

Para nossa família, cada vez mais, os relacionamentos são fundamentais. Sem um amor construído “fora” de casa, nada se têm a dar “dentro”. E vice-versa.

E… bom… Caso alguém ainda tenha dúvida do bom de casar, eu asseguro: Vale a pena!

A escolha pelo natural

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Uma das poucas coisas que me lembro do pensamento kantiano são os dois conceitos de verdade. O que é verdadeiro, segundo o pensador, pode ser concebido de maneira analítica, alicerçada pela razão lógica, ou sintética, fruto da experiência. Mesmo que a teoria de Kant tenha sido questionada e até mesmo negada por físicos posteriores, como o grande Albert Einstein, aplicando-a, com simplicidade infantil, a algumas dimensões da vida, ela ainda faz muito sentido.

Por exemplo. Raciocinando a respeito das dinâmicas da natureza é possível concluir que, praticamente tudo o que é benéfico para essa, se desenvolve a partir da relação “natural” entre os seus elementos, sem uma necessária intervenção (peçonhenta) do ser humano. Esse raciocínio analítico, complementado (e não polarizado) pela síntese “experimental”, cria fundamentos ainda mais sólidos para essa conclusão.

Foi partindo desses pressupostos que, durante uma visita médica, fui surpreendido pelo discurso do  ginecologista da minha esposa, que nos sugeriu métodos anticoncepcionais artificiais se realmente queremos nos prevenir de uma gravidez indesejada.

Bom, só para esclarecer! Não é (somente) o fato de ser cristão que nos faz optar, como família, a usar métodos naturais para uma concepção “planejada”.  Nós também acreditamos que as coisas naturais são as mais benéficas, para nós e principalmente para a mulher (é noto de que os métodos anticonceptivos injetam no corpo feminino substancias químicas que podem dificultar uma futura concepção).

Contudo, certamente, os métodos naturais também têm uma (importante) dimensão espiritual. Como cristãos, nos casamos acreditando que (nosso) Deus tem um papel fundamental para a nossa felicidade e no caminho que construímos como família. Mesmo se optamos, neste momento, em não ter filhos, queremos (e nos esforçamos para) estar abertos ao Seu projeto para nós. ( É fundamental também saber que os métodos naturais, se realizados de maneira séria e responsável, têm um altíssimo índice de sucesso).

Claro, a busca de viver o “natural”, no que diz respeito à concepção responsável, prega muitos sustos! Viver esse método não permite a segurança “100%” de que, depois de cada ciclo da mulher, não haverá um novo ser humano concebido.  Essa insegurança gera uma tensão e um temor mensal, mas que, aos poucos, vai se plasmando “naturalmente” na dinâmica da família.

Enfim, está é uma verdade sintética desafiadora e, sobretudo, fantástica.

Quando a apuração tendenciosa é evidente

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É sempre difícil saber quais são os verdadeiros interesses que se escondem nas reportagens que vemos/lemos. Por mais que os fatos sejam objetivos, existe sempre um enfoque que direciona o leitor/espectador para determinadas conclusões.

O que aprendi, na minha formação, é que o jornalista pode, ao ler os fatos de um evento, condicionar o receptor às suas conclusões, às suas verdades, destruindo aquele valor objetivo que está no DNA dos fatos, mas que se torna subjetivo a partir do momento em que é “lido”. Pode-se ver esse dilema claramente no modo como a Rede Globo apresentou o fracasso corintiano na Copa Libertadores, quarta feira passada, e a Virada Cultural, ocorrida neste final de semana.

Após o fim do jogo que decretou a eliminação do Corinthians, a torcida corintiana deu um show. Aplaudiu, cantou, vibrou, mostrando que futebol é mais que vencer. Porém, a exaltação feita pela mídia da “religião” Corinthians é o que mais me incomoda, porque os mesmos corintianos fanáticos que deixam tudo – inclusive família ou emprego – pelo time, se acabaram “na porrada”, fora do estádio, depois do jogo. Logo em seguida da tal “festa”, membros de torcidas organizadas rivais, se espancaram brutalmente, como animais. Torcedores do mesmo time, que dentro do estádio estavam cantando juntos. Uma vergonha! Interessante, contudo, que a Rede Globo (e também outros meios de comunicação) fez questão de diminuir, quase ignorar o episódio violento. Mas, para mim, a festa foi ofuscada pela violência brutal. As imagens estão aí pra falar.

O mesmo comportamento, mas na contramão da exaltação positiva, a Globo teve em relação à apuração dos fatos da Virada Cultural (que acabou pautando outros veículos, como o Estadão).

É verdade, os números mostram: essa foi a edição da Virada mais violenta, com 2 mortes, inúmeros roubos, arrastões e esfaqueamentos. Mas, proporcionalmente, o evento promovido pela prefeitura de São Paulo foi um grande sucesso. 4 milhões de pessoas espalhadas pelo centro da cidade. Muitas atrações para todos os públicos. Famílias, idosos, portadores de deficiência, todos ali para desfrutar desse maravilhoso evento.

Contudo, claro, a violência (fato objetivo) ofuscou de certa maneira, o evento.  Mas será que ela deveria ser estampada nas capas de jornais e nas chamadas do Fantástico como principal aspecto da Virada?

A minha resposta é não! Esta leitura tendenciosa, como aconteceu também na eliminação do Corinthians na Libertadores, só prejudica as avaliações sobre ambos os acontecimentos. Em nenhum dos dois eventos houveram só coisas boas, então por que só a festa corintiana foi hegemonicamente positiva?

Triste é saber que a violência dos torcedores corintianos também afetou a Virada. Depois do título, ontem à noite, dezenas de torcedores brigaram nas redondezas da Estação da Luz, ao lado do Show do uruguaio Jorge Drexler, que fechou a Virada. Porque isso não foi noticiado?

O longo Inverno Árabe

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Todas as vezes que alguém me entende e adere às minhas ideias fico feliz, pois o “gostinho da razão” parece o melhor alimento para as nossas vaidades humanas.

Ampliando o contexto e olhando para os acontecimentos que envolvem a Comunidade Internacional, é possível perceber um mesmo sentimento de felicidade (e a consequente vaidade) Ocidental, em relação a aparente adesão dos Estados árabes à democracia, lutando para derrubar ditadores, opressores. Simbólico o nome dado ao acontecimento: Primavera Árabe. O renascimento, o sentimento global de “novos tempos”, capaz de superar a “barbárie” do Oriente Médio.

Contudo, a tal felicidade pela adesão dos valores democráticos ocidentais tornou-se frustração diante da tragédia instalada na região, principalmente na Síria. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, desde o início da revolta contra o regime do presidente Bashar al-Assad, em março de 2011, morreram no país mais de 80.000 pessoas, metade delas civis.

Existem muitas controvérsias a respeito dos números divulgados pelo Observatório, principalmente porque se acredita que ele é expressão dos interesses dos países Europeus, que buscam diversas formas de pressionar o governo sírio. Mas, certamente, a contagem é aproximativa.

Dados da ONU, dizem que o conflito já deixou 4,2 milhões de deslocados e 1,4 milhão de refugiados. Triste também é realidade enfrentada pelas mulheres. Algumas refugiadas sírias estão sendo vendidas para serem noivas na Jordânia e, assim, ajudar suas famílias.

Recentemente, em uma reportagem da BBC, testemunhas relataram que em Saraqeb, no norte da Síria, helicópteros do governo teriam lançado ao menos dois artefatos contendo um gás venenoso.

A diplomacia internacional tem buscando um percurso político para sair da crise síria, mas os esforços não têm mostrado resultados relevantes. Talvez a universalidade dos valores ocidentais precisa ser revista.

Enquanto isso, milhares de pessoas perdem suas vidas, suas casas, sua terra. A violência desse genocídio e o impasse nas instituições internacionais que deveriam intervir mostram que a racionalidade conquistada no pós Segunda Guerra, ainda está longe de promover uma paz global duradoura.

Pelo visto o  Inverno Árabe ainda será longo.

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