A liberdade de expressão é sempre um assunto polêmico no mundo dos comunicadores. A afirmação que intitula esse comentário vem de um PODCAST da CBN, em que o escritor e jornalista, Carlos Heitor Cony, explana a respeito da crise política nos EUA.
Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi acusado de autorizar escutas telefônicas de mais de vinte linhas usadas por repórteres e editores da agência de notícias The Associated Press. Enquanto o governo se defende afirmando investigar o vazamento de informações oficiais sigilosas, priorizando a Segurança Nacional, a Associated Press acusa governo dos EUA de violar sigilo de jornalistas, uma conquista histórica importantíssima.
Essas discussões a respeito da liberdade de imprensa só são possíveis quando falamos de comunicação dentro de um regime democrático, pois ela não é um valor fundamental em sociedades hierarquizadas e desiguais. Segundo Dominique Wolton, “A comunicação assume seu lugar normativo, (ou seja de troca, partilha) ao passar de uma sociedade fechada a uma sociedade aberta. Para o pensador francês “comunicar é ser livre, mas é, sobretudo, reconhecer o outro como seu igual”.
A comunicação, como “ação” de partilha envolve, na sua essência, os valores promovidos pela Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade), pilares da democracia moderna. Contudo, e aqui voltamos para o inicio deste comentário, a liberdade (de expressão) é um principio importante que atua juntamente com a igualdade e, principalmente, a fraternidade. A Liberdade de Expressão, afirmou Cony na CBN, “não é um valor absoluto que passa por todos os valores. É preciso que exista equilíbrio”.
Wolton afirma que “a comunicação é inseparável da dupla aspiração que caracteriza a nossa sociedade: a liberdade e a igualdade”. Ambas, eu acrescentaria, existem dentro de uma dinâmica relacional fraterna, para que qualquer informação (noticiosa ou não) seja um bem, sobretudo, para a sociedade como um todo.