Jabor2

Todas as manhãs, quando saio de casa, escuto os comentários do sr. Arnaldo Jabor na rádio CBN.

O fato de que o seu discurso, muitas vezes, me tira do sério, me provoca, mostra que Jabor comunica, pois a mensagem chega, chacoalha, independente do teor político dela. Contudo, o que a analise do conteúdo tem me feito pensar, é a respeito da periculosidade do método adotado pelo interlocutor.

A nossa “democracia adolescente” tem buscando, ao longo dos anos, desenvolver-se, ampliar seus protagonistas, para que o Brasil, tão maravilhoso e rico de recursos, possa superar traumas passados, que ainda o faz acreditar ser “escravo da colonização”.

Aquilo que o sr. Arnaldo Jabor faz, como comunicador, deferindo comentários agressivos, na forma e conteúdo,  é sacrificar os avanços de um debate fraterno entre “as partes”, fazendo subsistir o dilema dialético, defensor de um conflito destrutivo para se chegar a síntese.

Parece-me, contudo, que a condição de um saudável processo de tomada de consciência é o entendimento responsável entre as formas particulares de vislumbrar um sistema politico.

O perigo do “Jaborismo” é justamente impossibilitar o diálogo, estabelecendo uma distância conflituosa que não permite o crescimento, ou melhor, o consenso. Esse fenômeno se vê ilustrado nas muitas páginas de facebooks, em que “amigos” virtuais usam imagens ofensivas, vídeos ridicularizantes e comentários esdrúxulos, para atacar os representantes políticos eleitos.

Ninguém deve concordar com tudo o que o governo faz, fala! Eu mesmo não concordo! Mas a democracia exige o respeito à diferença e não só liberdade de expressão.

Um professor meu da “laurea magistrale” na Itália, Antonio Maria Baggio, defende a tese da fraternidade como “princípio esquecido” da politica. Assim, exalta-se a igualdade de direitos, a liberdade de direitos, mas não se pensa que ambos precisam ser lidos na ótica de um comportamento fraterno, capaz de respeitar, com maturidade “adulta” a ontológica diferença do “outro”.

Todas as manhãs, quando escuto Arnaldo Jabor, percebo com tristeza, que nossas manifestações democráticas, como a nossa democracia, ainda são profundamente adolescentes.