Month: April 2013 Page 3 of 4

Sakamoto no Provocações

sakamoto

Aproveitando que, no post anterior, acenei sobre a questão da exploração do imigrante no Brasil, gostaria de recomendar a excelente entrevista de Abujamra com o blogueiro (e jornalista), Leonardo Sakamoto. A surpresa positiva foi ver a simplicidade e (aparente?) honestidade do blogueiro, enquanto respondia as diferentes perguntas sobre a educação e o trabalho escravo.

Confesso que não acompanho os textos do Sakamoto. Por desinteresse mesmo. Por isso, assim que acabou a entrevista, dei uma entrada no seu blog para ler alguns dos seus escritos. Tenho que dizer que gostei mais das escolhas editoriais, dos assuntos abordados, que da forma com que ele escreve. Talvez, tive azar e acabei não lendo o melhor do blogueiro.

Contudo, reconheço e admiro muito o trabalho realizado pelo Sakamoto, no seu blog e por meio da ONG Repórter Brasil, que denuncia a exploração escravagista e ambiental, ainda (infelizmente) muito presentes no Brasil.

Abujamra teve pouco trabalho com o entrevistado, pela sua abertura, comunicabilidade (acredito pelo fato de ser comunicador) e, sobretudo, pela sua despreocupação com as críticas a respeito do que ele realiza (o que, porém, pode ser visto como um aspecto negativo da sua postura).

Enfim, acho que vale muito a pena assistir! Mesmo que, exclusivamente, para conhecer melhor o jovem blogueiro.

“Jornalista e blogueiro Leonardo Sakamoto preside uma ONG que visa à defesa dos direitos humanos: “a [ONG] Repórter Brasil atua muito fortemente em denúncias contra fazendeiros que utilizam trabalho escravo, empresários que compactuam com o desmatamento ou com a exploração do ser humano, ou representantes políticos que tornam tudo isso possível” (conteúdo do site do Provocações)

Bloco1:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=aecbFVWU0F0]

Bloco2:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=TjyUmRXGOkE]

Bloco3:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=aMLzqV1TtlI]

O drama do imigrante

bolivianos

Ontem a noite, assistindo o Profissão Repórter, da Rede Globo, sobre a situação dos bolivianos submetidos ao trabalho escravo no Estado de São Paulo, me lembrei da difícil realidade de viver imigrado.

Por duas vezes, na Suíça e na Itália, passei um período longo no “estrangeiro” e pude experimentar, na pele, o quanto é difícil viver em uma sociedade que não é a nossa. Essas dificuldades surgem já pelo simples fato linguístico, climático e gastronômico. Três dimensões impossíveis de “escapar” e que, enquanto não superadas, geram um sentimento de solidão tremendo, fruto, especialmente, da incomunicabilidade.

Passado tudo isso (e é preciso ter muita paciência e força de vontade), começa uma nova etapa na vida do estrangeiro: a legalização. Depois que entramos em determinado país, por motivo de estudo, trabalho ou casamento, é necessário prestar contas ao estado “acolhedor” e para isso, enfrentar momentos burocráticos, muitas vezes, humilhantes.

Difícil esquecer a experiência vivida na “Questura di Firenze”, a polícia federal local, responsável pela legalização dos imigrantes. Um lugar frio, com bancos duros, sem água para beber, um único e imundo banheiro, aspectos ainda mais dramáticos porque, para ser atendido, é preciso esperar, no mínimo, 5 horas.

Essa falta de respeito do estado italiano com os imigrantes tem explicações. O número de cidadãos vindos do leste europeu, norte da África e da América Latina aumentou muito nos últimos anos e, proporcionalmente, diminuiu a paciência do governo da Itália (ainda mais o país estando imerso em uma crise econômica e social avassaladora).

Porém, é sabida que a importância dos imigrantes, em um mundo globalizado, é fundamental para o desenvolvimento econômico. A circulação de pessoas promove diferentes ideias, costumes, soluções. Isso sem contar a aceitação de “subempregos” por parte dos imigrantes que, geralmente, os cidadãos, nativos de países de histórico econômico rico, não se submetem.

Esse assunto, que parecia dizer respeito somente ao Velho Continente, tem crescido exponencialmente no Brasil. O drama de bolivianos, que cruzam a fronteira do país para trabalhar e são escravizados nas oficinas de costura, é emblemático. As causas são muitas, mas, finalmente, são sempre seres humanos e suas famílias, na maioria, pobres, que acabam sofrendo todo tipo de abuso, desrespeito, colocando o Brasil na mesma condição de “explorador” que reclamávamos dos países europeus.

Certamente não se deve ignorar um grupo, minoritário, de imigrantes que vem ao país para enriquecer, aproveitando-se da “impunidade crônica” brasileira.  Esses devem ser investigados e convidados a retornar aos seus países. Contudo, todos aqueles que chegam ao Brasil a trabalho ou para estudar (e estando legalizados) devem ser valorizados, respeitados em seus direitos (e obrigações) e, jamais, serem escravizados.

Palmeiras: nada como um dia após o outro

palmeiras

O Palmeiras do século XXI deixou de ser um time grande. Essa afirmação, triste, porque sou palmeirense, se justifica pelos resultados e não pela história do clube. O Paulistinha e a Copa do Brasil vencidos nos anos 2000, não conseguem exprimir a grandeza do maior campeão brasileiro de todos os tempos.  Para piorar, neste século, o clube caiu duas vezes para a segunda divisão.

Uma administração medíocre, amadora, cheia de “mafiosos” que usam o clube como instrumento de poder é talvez o grande mau do clube. Não vou me delongar nesse aspecto, pois essa é uma dimensão do futebol que não deveria ser evidenciada, pois deveria somente estar a serviço do esporte e não o contrário.

Em 2013 a situação parecia se encaminhar para mais um ano triste. Um Palmeiras fraco, com poucos talentos de peso, cheio de jovens, e incapaz de pretender grandes coisas. Falava-se já de que seria quase impossível o retorno para elite do futebol brasileiro, ainda mais depois que o time perdeu de 6×2 do “pequeno” Mirassol.

Mas, como diz o ditado: “nada como dia após o outro”. Depois daquela derrota, da humilhação vivida, uma revolução interior aconteceu no time. Decididos a apoiar o técnico, os jogadores se uniram e começaram a mostrar que futebol se joga dentro das quatro linhas e que, muitas vezes, a vontade supera a falta de talento. Já dizia Thomas Edison, grande inventor americano nascido no século XIX: o “sucesso é 1% inspiração e 99% transpiração”.

Agora o time está transpirando, lutando, querendo, acreditando. Descobriu que as vitórias vêm com esforço, aplicação e respeito. A torcida está sentindo isso do time e voltou a apoiá-lo apaixonadamente. O Palmeiras não voltou a ser um time grande, não ganhou nada ainda, mas descobriu a fórmula para vencer, voltar a ser grande.

Neymarzice global

neymar

Hoje, sem sombra de dúvidas, os dois maiores jogadores de futebol da atualidade falam uma língua latina. Lionel Messi e Cristiano Ronaldo duelam há, no mínimo, dois anos pelo prêmio de maior craque do ano. Mesmo que muitas pessoas tentem colocar os dois no mesmo patamar, números e títulos mostram que o “hermano de Rosário” é, certamente, duas vezes melhor que o lusitano.

As duas estrelas do futebol mundial duelam também no quesito “faturamento”.  Messi é o segundo e Ronaldo o terceiro, ficando, ambos, atrás do inglês David Beckham.

Olhando ambos os jogadores, analisando idade, conquistas (pessoais, profissionais e financeiras), é difícil acreditar que a Rede Globo insista em endeusar o jovem Neymar.

O menino é bom de bola? Sim. Tem potencial para ser um grande? Sim. Mas já é? Nem no mais fantástico sonho.

Neymar pode ser, talvez, considerado o melhor jogador brasileiro da atualidade, mas, em um contexto em que o futebol do país pentacampeão é cada vez mais coadjuvante, ser bom no Brasil não é lá grande coisa.

Contudo, toda vez que o garoto do Santos assovia, tropeça, boceja, a Globo faz uma matéria ou nota no seu site. E o pior… Fala do seu penteado, da namorada, das festas que frequenta, as fotos que “posta” nas redes sociais, mesmo que isso não tenha relevância social e, muito menos, acene ao que ele mais sabe fazer: jogar futebol.

A Neymarzice global é uma doença que se manifesta na falta de referências, ídolos, modelos, dentro e fora de campo. Por isso, quer construir, à força, um mito que não existe, ainda não está preparado e que é extremamente imaturo, como pessoa e jogador de futebol. Para exemplificar essa imaturidade, pode-se pensar no fato de Neymar ter sido pai tão jovem e, no aspecto futebolístico, não conseguir brilhar em partidas internacionais.

Neymar não é uma estrela, não é craque, não é modelo, mesmo que a Globo insista em afirmar ambos. Ele é só um menino, como milhares de outros, apaixonado por futebol, extremamente talentoso, mas que ainda precisa crescer muito e se descobrir pessoal e profissionalmente.

O Brasil é exemplo em quê?

domesticas

“O Brasil se tornou uma referência internacional em relação aos direitos dos trabalhadores domésticos, afirma a OIT (Organização Internacional do Trabalho)”.

A matéria da BBC, feita pela jornalista Daniela Fernandes, revela a ironia que existe entre a elaboração, sempre fantástica, das leis no Brasil e a aplicação prática das mesmas.

No país das emendas constitucionais está sendo agora exaltada a “PEC das domésticas”, uma medida justa, importante, mas que precisa ser respeitada e, sobretudo, fiscalizada.

O que pouco se diz, porém, é que a mesma OIT já tinha aprovado, em 2011, em Genebra, na Suíça, a convenção dando aos trabalhadores domésticos os mesmos direitos dos demais trabalhadores. Dessa forma, o Brasil, sendo signatário da organização, tem o dever de cumprir o que foi estabelecido, em português claro: o país não fez mais que a sua obrigação.

Toda vez que vejo o Brasil sendo considerado exemplo, sinto certo calafrio, pois, a realidade parece passar muito, mas muuuuuuuuuuuito mais longe do que a teoria. Isso não quer dizer que estou sendo pessimista. Muito pelo contrário. Tenho plena consciência de que a situação está melhorando muito, mas o caminho a percorrer é mais comparável à “maratona” do que uma “10k”.

Enfim, o tempo vai dizer o quanto esse importante avanço legislativo irá transformar em mais respeito e qualidade de vida para os trabalhadores domésticos, que na sua maioria, vêm de uma situação social menos privilegiada.

Até lá, continuemos no nosso devido lugar, pretendendo, sim, ser exemplo, mas, ao menos por enquanto, aceitando ser um país “cheio de boa vontade” de desenvolvimento.

Page 3 of 4

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén