Quando procurava um cientista da comunicação atual, capaz de sintetizar o momento histórico em que vivemos e sugerir “como” a comunicação de massa pode auxiliar no desenvolvimento da nossa sociedade, fui presenteado com as teorias de Dominique Wolton.
Pensador francês – nascido, porém, em Duala, nos Camarões -, pai da Hermès, uma das revistas de comunicação mais importantes da atualidade, Wolton é também diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS).
Preocupado em analisar interdisciplinarmente a comunicação de massas, Dominique Wolton está à vanguarda do pensamento comunicacional e é um autor indispensável para estudantes e pesquisadores.
Recentemente, eu me debrucei na sua obra É preciso salvar a comunicação em que o autor resume as sua principais ideias e dá, de maneira perspicaz, importantes chaves de leitura para que possamos entender melhor o fenômeno da comunicação de massas.
Em um contexto em que, “em menos de cem anos, foram inventados e democratizados, o telefone, o rádio a imprensa de grande público, o cinema, a televisão, o computador, as redes, transformando definitivamente as condições de troca e de relação, reduzindo as distancias e realizando a tão deseja aldeia global”, vivemos em um mundo em que “todo mundo, ou quase, vê tudo, sabe tudo sobre o mundo”.
Contudo, afirma Wolton, “pensamos de boa fé que tais mudanças trariam enfim um pouco mais de paz entre os povos, mas, infelizmente, não é porque o estranho, o outro, se tornou mais visível que a comunicação e a compreensão mútuas melhoraram”. “A aldeia global é mesmo uma realidade, mas não reduz as desigualdades, nem as tiranias, nem as violências, nem as mentiras”.
Diante dessa realidade, emerge um grande desafio: “como conciliar a realidade técnica e econômica da comunicação com sua dimensão social, cultura e politica?”. Salvar a comunicação é, para Wolton, “preservar sua dimensão humanista”.
A comunicação de massas evoluiu a partir do “desejo de ampliar incessantemente o horizonte do mundo e das relações”. Contudo, ela nasce do ser humano onde, “não há comunicação sem o respeito ao outro, e nada é mais difícil do que reconhecer o outro como seu igual, sobretudo se não nos compreendemos”.
Nessa seção do escrevo Logo existo, vamos conhecer e aprofundar o pensamento de Wolton e descobrir que a comunicação nasce de uma tripla relação: com si mesmo, o outro e o mistério.