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A comunicação é encontro no Outro

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Segundo Dominique Wolton, “a comunicação é sempre a busca de relação e do compartilhamento com o outro”. No mundo atual, “todo mundo quer comunicar e ter acessos às ferramentas mais performáticas” e é o telefone celular aquela que “melhor simboliza esta revolução da comunicação em que o outro está sempre presente”.

“Comunicar é, antes de tudo, expressar-se”, pois exprime o desejo antropológico de manifestar a própria existência. Contudo, para o comunicólogo francês, “expressar-se não basta para garantir a comunicação, pois deixa de lado a segunda condição da comunicação: saber se o outro está ouvindo e se está interessado no que eu digo”.

Dessa forma, a expressão é somente a primeira etapa da comunicação. A segunda, a construção da relação, é mais complicada, porque diz respeito ao plano pessoal, familiar, profissional, politico e cultural.

Por isso, afirma Wolton, a verdadeira revolução da comunicação “diz respeito ao levar em conta o receptor”. “A comunicação traz consigo um duplo desafio: aceitar o outro e defender sua identidade própria. No fundo, a comunicação levanta a questão da relação entre eu e o outro, entre eu e o mundo”. Mesmo a economia e às técnicas se sobressaindo, “nunca se deve perder de vista a perspectiva antropológica e ontológica da comunicação”.

Além da busca da própria identidade e autonomia, a comunicação é, sobretudo, reconhecer a importância do outro, aceitando a nossa “dependência em relação a ele e a incerteza de ser compreendido por ele”.

O conflito como agente revelador do “Outro”

sou-eu-ou-o-outroUma das descobertas mais importantes que fiz, durante o meu mestrado na Itália, foi a ontologia (ou essência) do Outro.

Por ter crescido em um contexto cultural de tradição cristã, o Outro para mim sempre teve um semblante de “próximo”, que deveria ser amado, independentemente da sua subjetividade. Esse amor quase “cego” funcionava enquanto eu era adolescente, porque a radicalidade da vida, muitas vezes, sufocava os questionamentos e os problemas causados pela reflexão intelectual.

Crescendo, o “amar o próximo” foi se tornando, gradativamente, mais complexo. “O Outro” surgiu como desafio à racionalidade, na sua inalcançável presença.

Um dos fundamentos da existência do outro, que eu entendi com o passar do tempo, é a possibilidade (para não dizer necessidade) do conflito.

A grande lição dos últimos dias foi descobrir que a existência do conflito é a certeza de que existe realmente um “Outro”. Pois, de outra forma, existiria somente a obediência, alienação, escravidão.

O Outro é um ser ontologicamente (essencialmente) diferente de nós, com anseios, sonhos, ideias, expressividade, particulares e que sempre geram conflito, não por uma intencionalidade negativa, mas pela sua própria essência.

Contudo, esse período de entendimento também me mostrou que, para que o conflito não se torne um distanciamento, são necessárias ou a negociação ou a pericorese.

A negociação permite dar tempo para o amadurecimento pessoal e de uma relação. Permanece o “desencontro” com o Outro, mas exercita-se a tolerância, o respeito, até que se possa, em uma segunda etapa, atingir a pericorese.

A pericorese – conceito cristão  – indica a “compenetração recíproca” necessária na Trindade. É o fundamento da relação trinitária, que define um “encontro de ontologias” (de essências), em que se é no outro e o outro é em nós. O desafio desse tipo de relação imprime um longo caminho, repleto de negociações e do desejo de encontro, cada vez mais profundo, entre duas pessoas.

Para isso, é necessário trabalhar em nós, e com o Outro o conflito. Exercitar a paciência, a tolerância, o cuidado, o amor, para que seja possível esse “divino” encontro ontológico.

Testamento 2013 – A minha vida agora é “nossa”

vida nossa

Todos os anos, no período do meu aniversário, eu paro para refletir sobre a minha vida e escrever aquilo que chamo de “testamento”, nada mais do que um singelo retrato da minha alma, neste determinado momento da vida.

O “testamento” almeja ser um breve resumo do último ano vivido, em que eu procuro partilhar o “cerne” de cada experiência e conquista, para que elas não sejam particulares.

Pois bem… Meu vigésimo oitavo ano exigiria mais do que uma única página, para ser plenamente contemplado neste “testamento”. Conquistas grandes, decisivas, definitivas, fizeram dele, juntamente com o meu décimo quarto, os 730 dias mais importantes da minha vida (até então).

A tese de “láurea magistral” no Instituto Sophia foi o primeiro trabalho intelectual relevante e os resultados foram maravilhosos. Voltar pro Brasil, encontrar amigos queridos, familiares, foi (tem sido) um presente grande de Deus e, certamente, marcou de maneira extraordinária o último ano.

Fundamental, porém, foi o dia 22 de dezembro. Aquele que transformou para sempre a minha vida. Como “homem casado”, agora eu não preciso mais me preocupar com o destino dos meus (pouquíssimos) bens materiais, que, por direito, pertencem também a minha amada Sra. Flavia Ganarin Muniz.

Contudo, permanece a dimensão individual da minha vida, responsabilidade nas escolhas, projetos, obrigações. A diferença é que todos esses aspectos, dos 29 anos em diante, girarão de maneira centrípeta, ao centro da minha “nova vida” que, espero ser, mais do que nunca, convivida, partilhada.

Lembranças três meses depois…

3 mesi

Depois de passar a última noite “solteiro”, acordei animado, pois o dia mais aguardado da minha juventude tinha finalmente chegado.

Enquanto a noiva, no quarto ao lado, não queria sair dos seus aposentos, temendo ficar ainda mais nervosa, eu, não tive tempo de pensar muito. Levantei apressado, tomei banho e fui cuidar dos últimos preparativos do casamento.

Uma preocupação particular era com a decoração. Tínhamos nos arrependido de quem decidimos contratar, mas era tarde demais. Por isso, naquela manhã do dia 22 de dezembro, eu fiz algumas viagens até o local da nossa festa. Em uma delas, algo inesperado aconteceu. Manobrando o carro para retornar para onde estávamos hospedados, um dos pneus estourou.

Com muitas coisas para termina e a cabeça “cheia”, eu quase me desesperei. Mas, a presença solidária do ajudante do “salão” me tranquilizou. Com calma e empenho ele me auxiliou na troca do pneu e assim eu pude voltar “são e salvo”.

Faltava pouco para o início da celebração e tudo estava caminhando direitinho, muito melhor do que esperávamos.

Uma alegria especial tomou conta de mim quando eu entrei na igreja e encontrei minha família (brasileira e suíça) empenhada em fazê-la delicadamente bonita, para o nosso grande dia.

Feli (z) cidade

felizcidade

Tem dia que a gente acorda feliz

Motivo?

Tem…

Pode ser porque a gente ama alguém

Porque disse: amém!

Que dormiu bem.

 

E a felicidade vem de dentro, serena.

Claro que às vezes é intensa!

Mas quase sempre é amena,

Pois é sempre felicidade, gostosa.

De como quem lê poesia

E esquece um pouco a prosa

 

Tem dia que a gente acorda feliz

E sou eu quem diz

Porque entre o ligeiro pedalar na cidade,

Olho pra frente, pro lado, pra dentro.

E vejo só FELI(Z)CIDADE!

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