Month: August 2012 Page 1 of 2

Louco por Elas. Confusões e diversão da vida em “família”

Tenho uma preferência explícita para séries de tv que retratam o cotidiano da vida em família ou no ambiente de trabalho, pois parece que assistindo a vida de outras famílias, temos sempre a possibilidade de repensar à nossa.

Isso se dá, provavelmente, pela falta de relação comunitária entre as famílias de uma mesma cidade. Vivendo em uma megalópole como São Paulo, percebo que tantas vezes encontro com pessoas que vivem no mesmo ambiente que eu e minha família há anos, mas a relação continua sempre superficial.

Louco por elas, da Globo, não explora esse aspecto, mas parece deixar que o telespectador entre na casa dessa “família” maluca e se divirta com as alegrias e confusões frutos das diferenças, seja elas de gênero, idade, projetos de vida.

A série aparentemente acabou sem um final determinado… mas gostei de assistir por também ter uma edição que lembra bastante outra série que gosto muito: Modern Family.

Sofrejar

Sofrejar

Afável sentimento

Perene

Não de momento

Sofrendo a inoportuna ausencia de ti

Festejando o reencontro que está por vir

 

Sofrejo a dor de quem ama à distância

Festejo a alegria de não perder a esperança

Sofro porque afinal, não estás aqui

Esperando o reencontro que está por vir

 

Sofrejar

Realidade constante

As vezes bonita

As vezes sufocante

Sofrendo pela falta do teu abraço

Festejando o definitivo laço

 

Sofrejo a alegria de um amor que é verdadeiro

Festejo o Deus que nos amou por primeiro

Sofro certo de que é coisa de momento

Feliz porque, no final, vai dar casamento.

[vidaloka] FINAL. No futuro, o que nos espera é sempre o Melhor

15 dias.

2 enterros.

Inúmeros reencontros.

O retorno pra casa depois de dois anos de [Vidaloka] tem sido uma experiência difícil, em alguns momentos quase “dramática”, pelas circunstâncias e situações que exigiam tranquilidade psicológica, mas é, sobretudo, maravilhoso.

Voltar a morar com meus pais não estava nos meus planos, mas essa passagem importante exigiu um “passo” interior e uma disposição nova para continuar vivendo por outras pessoas queridas, oportunidade única nessa fase da vida.

Enquanto os dias passam, entre a procura de trabalhos, free-las, recomeço nos estudos e uma importante adaptação ao clima, ritmo de vida, humor das pessoas… tem sido bom.

Mas, voltar para casa, mais que tudo isso, tem sido reencontrar meus grandes amigos – junto (certamente) com a família . Pessoas pelos quais eu e a Flavia decidimos voltar, enfrentar os sacrifícios para  estarmos próximos.

São nesses momentos que a gente percebe que a vida pode ser resumida às relações e o mundo, o país, à cultura… às PESSOAS. É por cada pessoa, cada relacionamento, que valem à pena os sacrifícios, sejam eles profissionais, pessoais, espirituais…

Contudo… a dimensão da morte, muito presente nesse retorno à casa, também me possibilitou fazer reflexões profundas, sem respostas racionais, só a esperança de que existe finalmente um sentido para vida.

Durante a produção da minha tese no Instituto Sophia me deparei, ajudado pela antropologia filosófica, com questionamentos a respeito da morte e o “excursus” (caminho) para a sua compreensão. Contudo, a inexistente resposta racional permite as mais diferentes interpretações e também convida ao protagonismo da vida.

Tenho que admitir, que no “advento” do tão sonhado casamento, encontar-me com a morte ajudou a relativizar o SEMPRE do “Felizes para sempre”, redescobrindo que o SEMPRE da felicidade é a soma da felicidade buscada cotidianamente.

Agora à [vidaloka] continua de outra forma, com outras perspectivas… e a certeza de que o que nos espera no futuro, quando pegamos o caminho correto, é sempre o melhor.

6 anos de escrevo Logo existo. Auto-Entrevista com Valter Hugo Muniz

Valter Hugo Muniz, 28, jornalista “filho da PUC-SP”, com passagem por diferentes experiências no mundo do jornalismo, com destaque para a produção do documentário “JORNALEIROS” (para assistir na íntegra clique aqui) que mostra as angústias e incertezas dos neo-jornalistas .

Concluída a graduação no Brasil, dois anos de Laurea Magistrale no Instituto Universitário Sophia, projeto acadêmico interdisciplinar de vanguarda, localizado na região do Val d’Arno toscano, aonde ele pôde aprofundar as teses levantadas em “Jornaleiros” e se concentrar em entender a comunicação de massas (e nela o jornalismo) a partir do ser humano, na sua integridade.

Hoje, há quase duas semanas vivendo novamente na sua amada São Paulo, Valter festeja o sexto aniversário do seu blog pessoal escrevo Logo existo, que totaliza mais de 160.000 acessos, 95 seguidores da página do blog no facebook, 100 assinantes diretos do blog e visitas com origem em mais de 70 países, números que podem ser considerados exorbitantes para um blog pessoal sem interesses econômicos  e estratégias de publicidade.

Por quê escrevo logo existo?

Porque escrevendo vejo que as barreiras espaço-temporais são rompidas, transformando a minha existência não só um fato pontual, mais um dom “sem medidas” para quem lê.

Em que sentido as “barreiras espaço-temporais” são rompidas?

Bom, uma coisa que acabo sempre redescobrindo é que alguns textos que escrevi no início do blog, em fases diferentes da minha vida, ainda fazem efeito nos leitores. Muitas vezes sou surpreendido com comentários e críticas de coisas que eu considero “passadas”, mas que têm significado para pessoas que agora vivem coisas que eu vivi antes.

Como surgiu a ideia de fazer um blog pessoal?

Foi no meu primeiro ano de faculdade de jornalismo na PUC-SP, em 2006, durante uma disciplina de produção de texto com a professora Raquel Balsalobre. Ela nos pediu para criar um blog para postar os trabalhos escritos e experimentar essa plataforma de produção de informação.

Mas o seu blog não é jornalístico, verdade?

Não. Tenho muitos escritos, poesias, crônicas, reflexões de muito antes da faculdade. Sempre gostei muito de expressar em palavras – e agora em fotos e vídeos – experiências vividas e meu olhar em relação ao mundo, do presente e do futuro.  Como, na sua maioria, os textos são “literários” e não “informativos” achei que não valeria a pena ter um blog jornalístico.

Então o escrevo Logo existo é pessoal e fala, sobretudo, sobre você?

Sim e não. Poderia dizer que o blog é sobre relacionamentos… comigo mesmo, com os outros e com mistério. Muitas vezes o que eu escrevo  exprime uma experiência feita diretamente por mim como no [VIDALOKA] ou [28 dias no país do Tsunami], mas nem sempre é assim. Uma história, reflexão ou poesia pode “surgir” por conta de algo que vi na rua, um sentimento depois de um filme, uma conversa… estímulos das mais variadas origens que geram comunicação.

Comunicação e não informação?

Isso… no modelo atual o significado de informação se baseia em uma transmissão linear e unidirecional. A Comunicação nasce também de uma transmissão, mas é dom de um emissor para um receptor da mensagem. Dessa forma a comunicação não se realiza somente no ato de escrever, doar-se… mas DEPENDE do leitor, do receptor da mensagem.

Em que sentido depende?

Não adianta escrever as coisas mais bonitas, mais profundas… se ninguém ler. Não basta que a informação seja transmitida. Se o que é escrito não toca e nem transforma as pessoas, não gera o desejo de reciprocidade, a comunicação é incompleta, é só informação.

Hoje o escrevo Logo existo completa 6 anos. É difícil encontrar projetos que sobrevivam tanto tempo e também com uma produção constante. O que te trouxe até aqui?

É verdade… se me lembro que quase todos os meus colegas de jornalismo haviam um blog pessoal em 2006 e hoje praticamente nenhum deles levou para frente a ideia, sinto que esse blog tem sim algo de especial. Mesmo sabendo que o escrevo Logo existo é cada vez mais parte de mim, como eu disse anteriormente, um modo de existir e me doar, tenho certeza que cheguei até aqui graças aos meus leitores, que não são muitos… tenho uma média de 100 acessos por dia… mas que em tantos momentos, quando eu estava desistindo, desanimando, escreviam um comentário, um e-mail, agradecendo por um texto escrito, uma poesia, me ajudando a perceber que os meus talentos foram feitos para serem desenvolvidos em prol dos outros, da humanidade e, por isso, devia continuar.

Como você vê o blog nesse sexto ano que começa hoje?

Igual…  sendo um suporte para as minhas reflexões e experiências. Tenho um sonho de, quem sabe um dia, encontrar pessoas dispostas a colaborar semanalmente com o escrevo Logo existo… alguém que gosta de cinema, música, fotografia, poesia… gente com o mesmo espírito e a mesma consciência de “comunicação” como troca. Seria também ótimo que mais gente conhecesse o blog, mas de maneira espontânea, não por meio de estratégias publicitárias.

Uma última pergunta… pensando no grande dramaturgo, apresentador do programa Provocações da TV Cultura, Antônio Abujamra… O que é a vida?

Para mim a vida é e sempre será os relacionamentos que podemos construir. E a beleza do relacionamento advém sobretudo do OUTRO… que é diferente… um abismo que quanto mais nos aproximamos, mais profundo se apresenta. São os relacionamentos que produzem vida… que nos movem ao novo, ao bonito, à felicidade. Viver é poder descobrir a beleza e os limites no relacionamento com o outro, superar medos, traumas e se deliciar com ele.

 

 

 

[vidaloka] Despedida

Despedida. Difícil explicar a intensidade do sofrimento vivido no segundo enterro em menos de 2 semanas de Brasil.

Nesses dias vejo a morte se aproximando cada vez mais dos «filhos da minha generação»,  mas também o casamento, a paternidade, o sucesso profissional…

Perder, ganhar, riscos, estabilidade, adquirem progressivamente pesos diferentes, as dores se intensificam e, proporcionalmente, também as felicidades.

Eu fui me despedir de uma amiga paraplégica, que viveu 30 anos a mais do que os médicos previam e que mesmo sem poder andar era “Phd” em construir relacionamentos, distribuir sorrisos, risadas e broncas.  Minha amiga Araceli testemunhava com a vida que felicidade não vem da perfeição fisiológica e sim do impulsos do “motor imóvel” aristotélico.

Contudo, despedidas são (e devem ser) sempre tristes. Produzem um vazio material. Mas a felicidade das boas lembranças enxugam as lágrimas, fazem até rir, mesmo se o sofrimento e, com ele, a saudade, permanecem intensos.

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