Month: November 2011

[vidaloka] No mudar, conservar nós mesmos

E a vida em Sophia vai pra frente.

O frio do inverno começa a baixar as temperaturas para uma faixa que vai de 0 aos máximos 10 graus. Sentimento bom de continuidade na mudança “cambiare conservando se stesso”.

O que também passou foi a última sessão de provas do mestrado. Período difícil e intenso de doação plena aos estudos e sacrifícios grandes. Mas valeu a pena.

A vida na bela Toscana vem acompanhada não só do calar progressivo das temperaturas, mas também na diminuição do entusiasmo em viver em lugar que já “a priori” não era o mais desejável e que aprendi a me acostumar.

Em uma casa com agora, 16 jovens de diferentes culturas, exigências, concepções do mundo, relacionamentos, prioridades, estudos… a vida as vezes atravessa uma exaustão e um desejo de pegar o primeiro avião e voltar “pra casa”.

Interessante perceber que nesses “baixos” encontram-se escondidos os “autos”. O sucesso expressivo nas provas certamente foi o maior deles, seguido da alegria de poder compartilhar, no grupo de jovens que participo, as dificuldades e alegrias que fazem à vida adquirir outro sentido porque vivida na relação.

Essa espécie de “amizade nousiológica” (roubando o conceito platônico para criar meu neologismo) tem me impulsionado constantemente a dilatar essas relações para que envolvam não somente “queridos”, mas procure “construir pontes” com aqueles que eu considero antipáticos.

Contudo, em exatas três semanas eu viajarei de novo, de volta para a minha segunda nação, para passar o período de festas na Suíça com a Flavia, família e amigos.

Mas, por enquanto, terei tempo para fazer um planejamento para 2012: trabalhos, casamento, tese! E ler muito! Claro!

Espero que o tempo passe depressa.

Concetto d’amarti

Da quel che pensavo esser amor

Mi è rimasto soltanto te!

Fiore raro, sorriso – proiettile

Ma la tua assenza è scombussolante

Nel volerti in ogni istante

Poi, ci sei non essendo

Perché la distanza d’amor tuo

È paradosso e non contraddizione

T’amo sempre,

oltre l’improbabile visione

Insieme, riposo felice

Supero i tanti momenti tristi

Amarti è concetto sensibile.

O pai do meu pai faleceu

08-12-201212-24-35Mariapolis
Mariápolis-SP – Cidade onde morava o Sr. Antônio Berto

O pai do meu pai concluiu sua viagem hermenêutica no mundo do pluralismo de almas.

Não o chamo de avô pelo simples motivo de não ter tido uma convivência familiar próxima. As minhas lembranças do Sr. Antônio Berto se resumem a dois ou três encontros e inúmeras memórias que meu pai sempre guardou com carinho e admiração.

Contudo, um fim contingente (ele tinha 89 anos) pode servir como oportunidade de reflexão, de entendimento sobre o valor do passado e a sua consequência no presente.

Conversando recentemente com a minha Flávia redescobri algo que só o intelecto (no sentido Aristotélico) poderia permitir: que as dores do mundo já foram divinizadas no Cristo que acredito.

Eu sempre abominei qualquer tipo determinismo baseado na experiência religiosa, pois foi justamente dela que entendi o mais profundo e verdadeiro de «livre arbítrio».

Mas, no estudo de teologia feito aqui no Istituto Universitario Sophia entendi que uma coisa não anula a outra. O livre arbítrio não é violado no evento histórico da crucificação, muito pelo contrário, a morte do Cristo aconteceu justamente porque os homens eram livres. O que é difícil de entender é que podemos acolher a dor, vivendo totalmente livres (nós e os outros), como “graça”, participando do mistério vivido pelo tal Filho do Homem.

Aceitando o silêncio, a incompreensão, a solidão, o Cristo transformou algo ontologicamente negativo em possibilidade de protagonismo e “ressurreição” por parte de nós, igualmente filhos de Deus.

Dessa forma a mais (aparentemente) insignificante dor pode ser vivida na Luz (especialmente em comunhão com o próximo). Claro que essa conclusão se desdobra às dores maiores.

Não existe condenação pelo fato de que se sofre. Dessa forma somos convidados a passar de uma visão hermenêutica que considera «vazio ontológico» esse “espaço de ausência de sentido” a um olhar renovado que enxerga na dor «oportunidade de amar sem condicionamentos».

É nessa dimensão que tenho entendido os laços de fraternidade e é nesse encontro pessoal com o “silêncio que falar” que me despeço do sr. Antônio, que pode até não ser considerado (pelos meus limites humanos) avô, mas que, indiscutivelmente, é irmão.

Page 2 of 2

Powered by WordPress & Theme by Anders Norén