“Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso servo” (Mc 10,43-44).
Essa frase do evangelho de Marcos, o mais antigo da Bíblia, nunca ressoou tão forte dentro de mim.
Hoje pude viver claramente o quanto a mensagem evangélica é difícil de ser realizada em uma dinâmica de relações hierárquicas.
Parece impossível uma “condescendência” daqueles que de alguma forma exercem um tipo de “poder” ou função que os colocam em um status de autoridade, mas que acaba sendo vivido de forma paternalista, quase sacral.
O filho de Deus veio ao mundo e mostrou que a Sua autoridade (exsousia) é servidão, dom de si. Ele, exercendo o papel de “educador”, lavou os pés dos apóstolos, testemunhando aquilo que dizia ser o Caminho, a Verdade e a Vida.
Pois bem… na universidade em que estudo vivenciei algo que há tempos não experimentava: a humilhação de ser usado de maneira proposital com uma posterior justificativa de “autoridade que está acima da relação”.
A mágoa, claro, procura desesperadamente um sentido para a dor, causa revolta, mas depois do desabafo (e da ajuda do próximo) brota o desejo se ser fiel ao “meu Deus”, que “é” justamente quando “não é”.
Entender que “ontologicamente” o homem que se doa (é servo) é a expressão mais pura desse Deus ainda exige um grande passo cultural, principalmente dentro das instituições, senão corremos o risco de continuar fabricando mentes brilhantes de caráter hipócrita.