Eis-nos finalmente a Genebra…
Depois da longa viagem, dos dias de “Jet lag” e da tentativa de adaptação ao calor absurdo que tem feito na Suíça, encontramo-nos sentados grande parte dos nossos dias. Eu fazendo contatos, procurando trabalho e a Flavia estudando.
Interessante, depois, como algumas respostas da nossa vida aparecem de maneira inesperada. Como cristão muitas vezes as encontro na “Ceia domenical” em que, nos momentos “custosos” de introspecção ou ouvindo as palavras do Evangelho, percebo-me quase pensando e acreditando que encontrarei o “bom caminho” sozinho.
Hoje foi um dia desses… Há algumas semanas tenho sofrido um pouco com a impossibilidade de encontrar algo, um bico, alguma coisa simples pra fazer e ganhar uma grana pra pagar meus estudos do próximo ano.
Ciente que na Europa tanto a cultura como a realidade econômica são outras, sofria mesmo assim pensando que no Brasil as coisas seriam mais fáceis, pelos contatos, pela generosidade e prontidão em ajudar da minha cultura, que coloca as regras, a lei, em segundo lugar.
Mas aqui não. A seriedade e a legalidade são culturais, mesmo se, nesses momentos, penso na ética do sistema financeiro suíço e sinto-me em uma baita contradição. Acredito que a aceitação desse cenário é cultural, mas não penso que se esse sistema existisse no Brasil as coisas seriam muito diferentes.
Enfim… voltando à missa, com todas essas angustias, me deparei com o episódio de Jesus e seus apóstolos em Cesárea de Felipe, onde Ele pergunta a eles Quem é e Pedro, tomando palavra, afirma que é o Filho de Deus, o Messias tanto esperado.
Interessante que, lembrando dos meus estudos teológicos, percebi que desse “reconhecimento” começa também o “martírio”… as dificuldades… que levam à morte e depois a ressurreição de Jesus.
Imediatamente pensei na minha vida, no meu momento atual e pude reconhecer que graças a Deus que cheguei até aqui… Foi sempre Ele quem me ajudou (duramente) a caminhar e superar cada obstáculo. Agora, o que me cabe é continuar acreditando no Amor Dele, vivendo e me doando às pessoas, pois sempre foi nisso que encontrei minha profunda realização pessoal.
O “martírio”, as dificuldades, são parte da “morte” para que depois venha a “ressureição”, a realização plena.
Sempre foi assim, mas tantas vezes eu ainda me esqueço.