«Amar tem uma necessária relação com a humildade. Os limites intrínsecos de cada um ajudam a construir uma gradativa consciência da nossa pequenez, condenando qualquer postura de soberba (acreditar que somos maiores do que realmente somos)».
Essa frase sintetiza a minha compreensão atual da importância em “pedir desculpas”, como experiência cooperativa, fraterna.
Defino “cooperação” como “relação baseada na colaboração entre indivíduos ou organizações, na busca de objetivos comuns e utilizando métodos mais ou menos consensuais”. É um ajuda recíproca, oportunidade providencial de construir relacionamentos.
Aceitando “a priori” nossos limites, podemos convidar o “outro” a nos ajudar no “excursus” de crescimento pessoal, ou melhor: sintonizar o nosso EU com os outros; e na consciência das dificuldades e incapacidades que “os outros” têm de nos aceitarem.
Por um longo momento da minha vida fui privado dessa experiência. Na minha cultura familiar os ressentimentos eram resolvidos com “ações positivas”. Não me lembro de sequer uma oportunidade em que, entre nós, alguém dissesse “literalmente” desculpa.
Descobrir a maravilha dessa experiência foi uma grande riqueza para mim. Foi sobretudo aprender a me aceitar limitado e ajudar os outros a, mesmo assim, me querer bem (e eu aos outros, certamente).
A desculpa é a verdadeira antítese da soberba, fundamento também da fé (perdão) pois é na miséria que existe o espaço para o agir participativo do “outro”, sendo “humano” ou o Outro por excelência.