O tempo vai passando e a experiência no Istituto Universitario Sophia vai ganhando sempre novos aspectos… não, talvez seja melhor dizer que “começa a afunilar uma compreensão mais sensata e sintética de “ciò che vale” (daquilo que importa)”.
Algumas experiências que vivi nos últimos cinco anos me ajudaram a clarear hermeneuticamente aquilo que sempre busquei, mas faltava um amadurecimento intelectual, cultural, que só Sophia poderia me dar. O maior desses processos de “intelectualizar”, por meio de um enfoque fenomenológico, é a respeito conceitual do amor.
Sophia me fez entender culturalmente que este é principio e não condição. É contemporâneamente sujeito e objeto das relações interiores e exteriores de cada individuo.
Não dá pra pensar em amor como um “SE”. Se quero, se sinto, se estou disposto. A lógica do amor (ágape) está no amar e isso não nos faz final e qualitativamente mais felizes, mas primeiramente nos permite SER! É principio.
O processo de busca filosófica que passou da concepção de uma Verdade que é fora, para algo que é dentro de nós, com Decartes, nos ajudou a descobrir justamente a objetividade e subjetividade do amor.
Não basta amar como mecanismo funcional, é necessária uma primária interiorização, uma busca interior da gênese e a conseqüência desse amor. Até aí a filosofia do sujeito acompanhou o mesmo desenvolvimento que a mensagem religiosa propunha, e que se realiza na figura do Cristo.
Mas a incapacidade de ver o aspecto relacional (subjetivo), imprescindível para que seja possível encontrar o sentido da vida, transformou a interiorização em movimento uniforme.
Existem duas vias para viver concretamente o amor, come principio individual e relacional: a via da verdade e da felicidade. (Bendito Aristóteles que mais de dois mil anos atrás já tinha entendido tudo isso!)
O amor, principio profundo de cada coisa, nasce no coração de cada ser humano, mas leva à verdade – “revelação”, quando está em dialogo recíproco. O intelecto, como vimos com o desenvolvimento da ciência moderna, nos permite sim buscar em nós e na natureza, nos fenômenos, a origem da verdade, mas somente em contínua simbiose entre a Criatura é que essa verdade se personaliza, objetivamente e não relativamente como descreve o pensamento filosófico contemporâneo.
Chegando na Verdade, aonde se busca a felicidade? Em nós! Que se materializa na rica multiplicidade que nos faz mais ou menos propensos a desejar-la na presença física ou espiritual “de alguém”. (diminutamente descrevo como: amor mediado «casamento» ou finalizado «consagração», ciente de que existem outras complexidades no que diz respeito ao caminho vocacional)
È possível encontrar a felicidade sozinho, em uma “solidão” física (a monástica, por exemplo), mas é impossível ser feliz espiritualmente sozinho. Fomos feito uns para os outros, para estar em relação, ligados ao menos espiritualmente, pois essa é a única possibilidade de viver imerso naquela Verdade (sentido da vida) almejada por todos.
O amor é sujeito pois essa relação com “o outro” existe enquanto relação de amor, e é objeto porque, não existe amor, sem o ser amado. Amor é relação.
Interessante e difícil explicar uma realidade interior, mas é um exercício cultural que cada estudante de Sophia é convidado à fazer, até que esse princípio “possa ser «matematicalizado»” e finalmente se transformar em cultura, trasnformando a sociedade.