As Eleições no Brasil finalmente acabaram. O mais interessante é que nunca me senti tão imerso na realidade da CAMPANHA (Fig. Grande esforço para obter um fim) POLÍTICA, mesmo estando há mais de 9500km de distância do meu país.
E esse “finalmente” é bem comemorado, pois “nunca antes nesse país” vi tantos confrontos, não no sentido positivo do diálogo aberto, de escuta, de esclarecimento de posições, de propostas e projetos, mas de disputa primária, que me deixa somente o sentimento de “o que valeu tudo isso?”.
Todas as vezes que escrevi ou coloquei minhas paupérrimas opiniões a respeito de algo que tivesse relação direta com a disputa presidencial, era atacado com veemência e por isso acabei preferindo me pronunciar pouco, ainda mais porque, afinal de contas, não teria nem meu direito ao voto assegurado, já que estou fora do país e não tive tempo de atestar residência no exterior.
Nas inúmeras agressões dialéticas, estupros da consciência, o que importava era, sobretudo, convencer. Por meio de argumento de autoridade (usando fontes pouco seguras como a Imprensa Brasileira e outras instituições aparentemente sérias como ONGs e Institutos de Pesquisas) ou atestando filósofos… Aristóteles, Focault… Puro Sofismo!
Enquanto os pais do pensamento e da política ocidental devem estar se remoendo em suas tumbas, me pego pensando: Como é que os esclarecidos e intelectuais do Estado de S.Paulo elegeram o Tiririca??
Eleições
Durante os últimos dias chegaram até a me perguntar se me coloco acima do debate. Eu, acima do que?
Não estou acima de nada, só quero ter um pouco de paz ao exercer minha liberdade de expressão, sem me remeter ao intelectualismo que fica sentado elaborando propostas, projetos, mas nunca saiu do escritório com ar condicionado e olhou nos olhos de um desempregado, morrendo de fome, vivendo na miséria, nunca pegou um ônibus ou o Metrô as 7h da manhã. Se política é fazer projetos maravilhosos, mas que não resolvem o problema dos necessitados, prefiro continuar ignorante a respeito dela. É, sobretudo, para essas pessoas que a política deve trabalhar. È para dar dignidade àqueles que não tem e não sustentar bancos, multinacionais, que enchem o bolso de poucos e deixa jogado na sarjeta muitos.
Enquanto não tiver comida, educação e saúde seremos um país de hipócritas. Enquanto houver miséria de um lado e “discursismo” do outro, sem trabalho, sem ações concretas (que começam no serviço e no “papel” de cada sujeito político em seus ambientes) vou gritar minha ignorância e vou desejar um respeito “desintelectualizado” e uma escuta verdadeira que está longe de acontecer.
Queria muito que todos aqueles que me interpelaram durante esses últimos meses escrevessem, produzissem, fizessem algo de concreto para ajudar pessoas ignorantes e pouco esclarecidas, como eu, a entender melhor o que é política.
Mas falar é fácil!
Rodrigo Hésed
Grande Valter!!!
Concordo com você em um ponto fundamental: é impossível discutir com quem se fecha no seu olhar, com quem não permite o debate (são os mesmos que te perguntam se você está acima do debate) e com quem se limita a seguir conselhos de um gurus idiotas e fascistas como Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo e Diogo Mainardi, os donos da verdade. É impossível conversar com quem não se abre, impedindo a si mesmo de alargar o próprio olhar para o mundo e procurando enxergá-lo para além do que se quer ver (ou do que é sugerido por outros, alienadamente).
O resultado de um discussão com gente assim é um só: a mesmice.
Para haver diálogo, faz-se necessário um encontro de diferentes que estejam prontos a perder a própria idéia e crescer juntos.
Um grande abraço!
Gisele Brito
Escrever diários e ser solidário também é fácil, Valter. Com todo o respeito ao seu diário e a sua solidariedade.
Valter Silva
Bravo, bravo, Therugo. Me orgulho de você. Bjs.