Já estou cansado das catástrofes naturais.
Não que isso tenha algum tipo de conseqüência na diminuição delas e muito menos ressonância nas discussões e coberturas midiáticas que se repetem em estilo, abordagem e questionamentos. (perdão para a generalização, mas esse é o sentimento)
Depois de Angra, do Haiti… o que falaremos de diferente do Chile?
Quantos graus na escala richter foi o terremoto? 6, 7?
Quantos mortos 500, 1.000, 50.000?
Quantos brasileiros estão na contagem de vítimas? Quantos se salvaram?
De novo a catástrofe, de novo a dor, as mortes, mas infelizmente ainda falta a tal resposta a minha pergunta: o que eu tenho a ver com isso?
Revendo uma animação muito interessante (http://www.storyofstuff.org/international/ ) novamente pensei no quanto nos distanciamos das realidades.
De forma sintética, essa animação mostra como “hábitos verdes”, como a reciclagem, não resolvem mais o problema do nosso planeta.
Ok! Seria ótimo que todos separassem o lixo, reciclassem tudo, mas os maiores poluidores são as grandes empresas que continuam produzindo freneticamente para acompanhar o ritmo de consumo das pessoas.
E continuamos a falar das conseqüências e não da origem dos problemas!
Talvez letrados, especialistas, consigam despertar para questões mais amplas e até considerem ingênuo esse meu questionamento, mas a juventude (meus amigos) não consegue entender que devemos começar a contar as roupas que temos no armário.
Pode até ser que eu seja louco, mas será que é tão claro para mim e tão obscuro para muita gente que todas essas catástrofes são uma reação da natureza contra os nossos abusos PESSOAIS?
As respostas estão sempre distantes! Políticas públicas, boa vontade política, acordos econômicos. Argumentos assim mostram um alto grau de consciência. Só que o que eu gostaria mesmo era abrir o armário desses “ases da eloqüência”.
Conservamos hábitos insustentáveis e o mais interessante é que as decisões políticas acompanham todos eles.
(Em São Paulo fazem-se obras para ampliar grandes vias como a Marginal em vez de um investimento massivo em transporte público e até mesmo o rodízio, em vez de diminuir a quantidade de carros, incentivou as pessoas a terem dois carros para não perderem a possibilidade de se locomover com conforto)
Duas casas, dois carros, muitas camisetas, três tênis (afinal de contas eles precisam combinar com as roupas) e sapatos? Quantos pares?
Depois do pseudo-comunismo está na moda o pseudo-ambientalismo. Tudo perfeito no discurso, mas a falta de coerência prática gera conseqüências que fazem mal aos olhos, a alma.
Dessa forma, decidi abrir meu armário. Não só o local onde estão minhas roupas, coisas, mas onde está a consciência de que as mudanças nascem de dentro pra fora. Ou será que a gente só vai se sensibilizar quando forem os nossos parentes, amigos, que estarão entre os números da contagem de mortos de algum desastre?