Day: 30 January 2010

Recuperação: A experiência da Fazenda da Esperança


Recuperação

Fonte: Dicionário Houaiss

Acepções
■ substantivo feminino
1 ato ou efeito de recuperar(-se); recobramento
1.1 reconquista da saúde, do bem-estar
Ex.: deixou o hospital e está em plena r.
2 volta à vida normal, ao ambiente social ou de trabalho
Ex.: o acompanhamento psiquiátrico foi fundamental para sua r.
3 Rubrica: termo jurídico.
ato por meio do qual alguém é reintegrado na posse de algo que lhe tenha sido retirado
4 Rubrica: pedagogia. Regionalismo: Brasil.
período de estudo (de um reprovado) em que se prepara para prestar uma segunda prova que o capacite a passar para o grau acadêmico seguinte
Ex.: ficou em r. em duas matérias
5 Derivação: por metonímia. Rubrica: pedagogia. Regionalismo: Brasil.
a prova realizada no final desse período de estudo

No meu segundo dia no Seminário Internacional de Educação e Prevenção ao uso de Drogas e à Violência senti a curiosidade de entender o significado da palavra “recuperação”, justamente por estar em um local em que ela faz muito sentido e pela relação direta com a pratica educativa, muito discutida no Seminário.

Entre as acepções apresentadas no Dicionário Houaiss, a que mais me interessou foi o termo jurídico: “ato por meio do qual alguém é reintegrado na posse de algo que lhe tenha sido retirado”.

Seria ingênuo pensar que somente a dignidade dos jovens que se recuperam aqui na Fazenda é algo que lhes foi retirada. Eles também perderam famílias, saúde, mas não são eles os únicos “enfermos”, só eles que necessitam de tratamento.

Estamos todos doentes, porque a sociedade está doente há muitos anos. E essa enfermidade não só nos privou de direitos básicos: saúde, educação, segurança, alimentação, mas principalmente tornou-nos cidadãos esquizofrênicos, ao ponto de olharmos para nossos iguais, TODOS OS DIAS, e sermos capazes de desviar o olhar, fechar o vidro do carro, mudar de canal.

Perdemos a capacidade de nos sensibilizar e aprendemos a fazer da dimensão dessa tragédia social desculpa esfarrapada para o nosso comodismo.

Dois dias entre educadores e desfrutando da atmosfera da Fazenda da Esperança me fizeram chegar a uma simples conclusão: EU TAMBÉM PRECISO ME RECUPERAR!

A vivência aqui entre marginalizados pela sociedade e profissionais que tentam de alguma forma transformar trabalhos “solo” em uma potente orquestra, grito emergencial para a conversão do cenário sociopolítico que nos encontramos, me fez pensar em conceitos, como o que intitula essa minha reflexão.

Se não procuramos “reintegrar” a nossa visão a respeito da dignidade, da sensibilidade e da necessidade de transformar SOCIEDADE e a nós mesmos parecerá hipocrisia consideramo-nos mais capazes do que qualquer pessoa, marginalizada ou não, do convívio social.

Aqui, ontem, no “momento mais importante do dia”, como disse um dos “recuperandos”, pude sentir a potência do que é o “amor ao próximo”, a fraternidade, que aqui adquire outra dimensão, profundidade.

“O Senhor operou maravilhas por nós” era a canção que concluía o momento de adoração daqueles jovens, com as mais inacreditáveis histórias, de todo o país e de outros lugares do mundo. A potência assustadora daquelas vozes entrou pelos meus ouvidos e me transformou.

Sim – pensei. Para mim também o “tal” Senhor operou maravilhas. Deu-me saúde, formação e sensibilidade para perceber que ainda existem profissionais preocupados com a ESPERANÇA, verdadeiro motor das transformações, realidade instigadora, provocadora.

Ter esperança hoje é beirar a loucura, digna de recuperação. Mais devo admitir que, no fundo, depois de entender aqui, “na carne”, o significado dessa palavra, até preferiria ficar mais uns dias para me tratar. Todos deveríamos.

Il sole sorge per tutti

Entrando nella regione in cui si trova la “Fazenda da Esperança, a São Paulo, non è difficile ammirare ciò che la natura presenta ai volontari, quelli in recupero e visitatori del posto.

L’indiscrezione per quanto riguarda le meraviglie della fauna e la flora locali può essere vista in altri svolti e che potevo prenderlo in particolare agli occhi di Monica.

Con forse 20 anni “, Moniquinha”, come viene chiamata dal personale della Fazenda, è una ragazza molto bella. Il volto fino, le labbra delineate, sorriso incredibile, ma niente in confronto al suo sguardo profondo, quasi ipnotico.

Accorgersi di lei tra le 120 ragazze che vivono nel centro femminile di recupero non è così difficile per le ragioni sopra descritte, ma questa è l’unica cosa che la differenzia dalle sue “sorelle”.

Gemella, è stata donata alla sua nonna, perché sua madre non era in grado di crearla. Monica ha vissuto in un ambiente ostile e dopo d’aver testemioniato l’assassinio di un zio è stata immediatamente inviata ad un orfanotrofio, dove ha incontrato la droga quando aveva 9 anni, un fatto che ben presto l’ha portato alla strada.

“Per ottenere la droga ho cominciato a rubare, prostituimi e con 12 anni ero già completamente dominata. Ho cercato il suicidio 2 volte “

Sì … ascoltare le testimonianze sconvolgenti (perché qui non sono descritte in dettaglio tutte le esperienze che Monica ci ha detto) non è raro in una posto di recupero dei pazienti, ma vedere la felicità nei suoi occhi e il sorriso Monica mi ha davvero commosso.

Dopo essere stata complice di un’omicidio, andare alla Fundação Casa (posto per i minorenni infratori) e sottoporsi a un secondo sovradosaggio quasi fatale, Monica si ritrovò in ospedale, dove lavoravano alcune suore, con alcune opzioni davanti a se: Scappare e morire uccisa dal traffico di droghe, tornare alla detenzione, morire a caso di un’altro sovradosaggio o cambiare vita. Intelligentemente ha scelto l’ultima opzione e lì è successo l’incontro con la Fazenda da Esperança.

In questo spazio armonioso, di belle case, edifici che riempono gli occhi, con abbondanza e, soprattutto, bellezza, Monica ha scoperto il valore della sua vita, il significato della parola “dignità” e dopo una forte esperienza, si è recuperata ed è ora una delle coordinatrici della casa che ospita altre ragazze.

Naturalmente, raccontato così, come lo sono le narrazioni romantica, sembra quasi un film. Ma non… lì ci sono state fatte esperienze negative. Gli abusi, le atrocità, rivelando la miseria degli esseri umani.

Fare queste esperienze può essere evitato? Impedito?

Qui ho capito il potere e l’importanza del lavoro sociale, vero “salvatore” di una società che non ha il supporto ed i diritti fondamentali, molto grazie alla indifferenza dei politici.

D’altra parte, ho anche capito che l’educazione ha un ruolo strategico in questo processo! E ‘da lì che si può dare un’altro significato ai “traumi”. Attraverso la conoscenza e le relazioni sociali, ci si conosci “l’altro” affinché sia possibile fare nuove scelte per attenuare la ricerca del senso della vita attraverso le strade sbagliate.

Comunque, avevo l’anima tranquilla soltanto quando mi sono alzato questa mattina e ho visto le nuvole che toccavano i monti dove mi trovo. Lì mi sono ricordato dal bello della vita, della natura, nelle relazioni, negli esseri umani.

Ancora una volta è venuto in testa il sorriso di Monica, la sua felicità di oggi, e la certezza che, come questo fenomeno meraviglioso che ho assistito stamattina, il sole sorge per tutti.

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