Todo dia o canarinho percorria o parque, de cabo a rabo, para encontrar o jardim onde poderia encontrar sua refeição cotidiana.
Era um vôo longo para aquele pássaro nascido há só um mês. As asas frágeis tornavam o trajeto bem cansativo e cheio de perigos.
Porém ele nunca desistira. Estava decidido a correr todos os riscos, até mesmo o de morte, para nutrir-se e assim ter força suficiente para projetos maiores, viagens mais longas.
E foi assim.
Passaram anos e logo o canarinho estava pronto para uma grande aventura. Deveria cruzar o Atlântico, planar sobre o frio, mesmo a neve, e assim aninhar-se por um período, até a próxima viagem.
E foi…
Em dez, vinte anos o canarinho, não mais sozinho, havia já bebido da água de quase todos os parques do mundo, havia conhecido outras árvores, outros pássaros, até que decidiu voltar.
O pássaro não encontrou mais o parque aonde havia crescido, até mesmo o jardim havia sido destruído, abandonado.
E se deu conta que o tempo não só devora a sua saúde, mas também as coisas.
A única particularidade que não havia passado era a sua vontade de voar, de conquista.
Por isso, bateu asas novamente.
E vôo.