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Aquele certamente seria o último cumprimento, o adeus entre os dois. Foram alguns meses de saudações, conversas rápidas, mas existia sim um relacionamento profundo, verdadeiro entre eles.

Durante as missas quase cotidianas Remisso encontrava sempre com as prostitutas que se instalavam na grande avenida próxima da sua casa e que era caminho para a igreja mais próxima.

A vagarosidade associada ao seu nome galgou paradoxalmente o espaço entre as vezes que Remisso encontrou Elaine e o seu primeiro cumprimento à moça.

Um relacionamento simples, feito de pequenos gestos de amor, de sorrisos, de um perene escutar diante de uma situação social problemática.

Contudo, Remisso estava doente. Não sabia até quando poderia percorrer a pé aquele caminho até a igreja, quantas saudações poderia ainda dar a Elaine e por isso procurava fazer bem esse singelo gesto.

Com a saúde debilitada não pode mais encontrar sua amiga…

Mas, a convite de seu filho, Elaine teve a oportunidade de visitar Remisso em sua casa. Ali caíram barreiras profundas de preconceito, para que nascesse um olhar mais subjetivo e humano da relação entre marginalizados, alguns socialmente, outros em relação à saúde. Somos todos marginais desta terra.

Após algumas semanas Remisso se foi e Elaine estava lá, presente na missa de 7º dia, para agradecer aqueles muitos gestos de amor de alguém que olhava por dentro da pele e descobria um ser humano onde a maioria das pessoas só vê escória social.

Baseado em fatos reais e uma singela homenagem ao Sr. Remicio L. Gonçalves, pai de um grande amigo, que faleceu há duas semanas.